Batalha de Mutá
Batalha de Mutá | |||
---|---|---|---|
Mausoléu de Abedalá, Jafar e Zaíde em Mutá | |||
Data | Setembro de 629 | ||
Local | Mutá, na Jordânia | ||
Desfecho | Vitória bizantina | ||
Beligerantes | |||
| |||
Comandantes | |||
| |||
Forças | |||
|
A batalha de Mutá (em árabe: مَعْرَكَة مُؤْتَة ou غَزْوَة مُؤْتَة, Maʿrakah Muʿtah ou Ghazwah Muʿtah) foi travada em setembro de 629, [5] perto de Mutá, na atual Jordânia, entre as forças do profeta islâmico Maomé (571–632) e tropas do Império Bizantino e seus vassalos árabes cristãos do Reino Gassânida.
Em fontes históricas islâmicas, é geralmente descrita como a tentativa dos muçulmanos de retaliar um chefe gassânida por tirar a vida de um emissário. De acordo com fontes bizantinas, os muçulmanos planejavam lançar seu ataque em um dia de festa. O vigário bizantino local soube de seus planos e reuniu as guarnições das fortalezas. Vendo o grande número de forças inimigas, os muçulmanos retiraram-se para o sul, onde os combates começaram na aldeia de Mutá e foram derrotados.[6] De acordo com fontes islâmicas, após três dos líderes serem mortos, o comando foi dado a Calide ibne Ualide, que salvou os sobreviventes.[7]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Os bizantinos estavam em processo de reocupação da região após o acordo de paz entre o imperador Heráclio (r. 610–641) e o general sassânida Sarbaro em julho de 629.[8] O sacelário Teodoro Tritírio[9] foi colocado no comando das tropas, enquanto que na área de Balca as tribos árabes foram empregadas.[8] No interim, Maomé enviou seu emissário ao governante de Bostra. Em sua ida, foi executado na vila de Mutá por ordem do oficial gassânida Xurabil ibne Anre. Então, Maomé enviou 3 000 tropas em setembro para uma expedição rápida para atacar e punir as tribos pelo assassinato de seu emissário.[10][11]
Batalha e rescaldo
[editar | editar código-fonte]Os muçulmanos enfrentaram os bizantinos em seu acampamento em Balca, perto da vila de Muxarife, e então se retiraram para Mutá. Durante a batalha, todos os três líderes muçulmanos (Zaíde, Jafar e Abedalá) caíram um após o outro. Os soldados queriam então nomear Tabite ibne Alarcã comandante, mas este passou a função a Calide ibne Ualide, que conseguiu salvar o restante das tropas.[12]
É relatado que quando a força muçulmana chegou a Medina, foram repreendidos por se retirarem e acusados de fugir. Salama ibne Hixame, irmão de Anre ibne Hixame, teria orado em casa em vez de ir à mesquita para evitar ter que se explicar. Maomé então ordenou que parassem, dizendo que voltariam para lutar contra os bizantinos novamente.[13] Aos mortos, que são vistos como mártires, um mausoléu foi erigido em Mutá.[14]
Historiografia
[editar | editar código-fonte]De acordo com Uaquidi e ibne Ixaque, os muçulmanos foram informados de que 100 000[2] ou 200 000[3] tropas inimigas estavam acampadas em Balca.[2] Consequentemente, os historiadores modernos refutam esta afirmação ao assumirem que se trata de um exagero.[7][15][16] Segundo Walter Emil Kaegi, professor de história bizantina na Universidade de Chicago, o tamanho de todo o exército bizantino durante o século VII pode ter totalizado 100 000, possivelmente até metade deste número.[17] Enquanto isso, as forças bizantinas em Mutá provavelmente não somavam mais de 10 000.[4]
Os relatos muçulmanos da batalha diferem quanto ao resultado. Nas primeiras fontes muçulmanas, a batalha é registrada como uma derrota humilhante. (hazīma). Mais tarde, os historiadores retrabalharam as primeiras fontes de material para refletir a visão islâmica do plano de Deus. Fontes subsequentes apresentam a batalha como uma vitória muçulmana, visto que a maioria dos soldados muçulmanos voltou com segurança.[18]
- ↑ Powers 2009, p. 86.
- ↑ a b c Gil 1997, p. 23.
- ↑ a b ibne Ixaque 2004, p. 532.
- ↑ a b Kaegi 1992, p. 79.
- ↑ Kaegi 1992, p. 72.
- ↑ Kaegi 1992, p. 67.
- ↑ a b Buhl 1993, p. 756-757.
- ↑ a b Kaegi 1992, p. 72-73.
- ↑ Kaegi 1992, p. 35.
- ↑ El Hareir 2011, p. 142.
- ↑ Canivet 1992, p. 113.
- ↑ Buhl 1993, p. 756.
- ↑ Powers 2009, p. 81.
- ↑ Buhl 1993, p. 757.
- ↑ Haldon 2010, p. 188.
- ↑ Peters 1994, p. 231.
- ↑ Kaegi 2010, p. 99.
- ↑ Powers 2009, p. 80.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Buhl, F. (1993). «Muʾta». In: Bosworth, C. E.; van Donzel, E.; Heinrichs, W. P. & Pellat, Ch. The Encyclopaedia of Islam, New Edition, Volume VII: Mif–Naz. Leida: E. J. Brill. 396 páginas. ISBN 978-90-04-09419-2
- Canivet, Pierre; Rey-Coquais, Jean-Paul (1992). La Syrie de Byzance à l'Islam: VIIe-VIIIe siècles : actes du colloque international Lyon - Maison de l'Orient méditerranéen, Paris - Institut du monde arabe, 11-15 Septembre 1990. Paris: Instituto Francês de Damas
- El Hareir, Idris; M'Baye, El Hadji Ravane (2011). The Different Aspects of Islam Culture: Volume 3, The Spread of Islam throughout the World. Paris: UNESCO
- Gil, Moshe (1997). A History of Palestine, 634–1099. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-59984-9
- Haldon, John (2010). Money, Power and Politics in Early Islamic Syria. Farnham: Ashgate
- ibne Ixaque (2004). The Life of Muhammad. Traduzido por Guillaume, A. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 0-19-636033-1
- Kaegi, Walter E. (1992). Byzantium and the Early Islamic Conquests. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia
- Kaegi, Walter E. (2010). Muslim Expansion and Byzantine Collapse in North Africa. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0521196779
- Peters, Francis E. (1994). Muhammad and the Origins of Islam. Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque
- Peterson, Daniel C. (2007). Muhammad, Prophet of God. Grand Rapids, Michigão: Wm. B. Eerdmans Publishing Co
- Powers, David S. (2009). Muhammad Is Not the Father of Any of Your Men: The Making of the Last Prophet. Filadélfia, Pensilvânia: Imprensa da Universidade da Pensilvânia
- Tucker, Spencer (2010). A Global Chronology of Conflict. Vol. I. Santa Bárbara, Califórnia: ABC-CLIO