[go: up one dir, main page]
More Web Proxy on the site http://driver.im/

Mitologia grega

estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas com os mitos dos gregos antigos
(Redirecionado de Deuses gregos)

Mitologia grega é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas com os mitos dos gregos antigos e dos seus significados.[1] Para muitos estudiosos modernos, entender os mitos gregos é o mesmo que lançar luz sobre a compreensão da sociedade grega antiga e seu comportamento, bem como suas práticas ritualísticas.[2] Os mitos gregos ilustram as origens do mundo, os modos de vida, as aventuras e desventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas, heróis, heroínas (deidades) e de outras criaturas mitológicas.

Zeus, Busto em Otricoli (Sala Rotonda, Museu Pio-Clementino, Vaticano). Cópia romana de original grego, século IV
Dioniso e sátiros. Interior de vaso com figuras vermelhas, 480 a.C.

Ao longo dos tempos, esses mitos foram expressos através de uma extensa coleção de narrativas, que constituem a literatura grega, e também na representação de outras artes, como a pintura da Grécia Antiga e a cerâmica de figuras vermelhas.[3] Inicialmente divulgados em tradição oral-poética,[4][5] atualmente esses mitos são tratados apenas como parte da literatura grega.[6] Tal literatura abrange as mais conhecidas fontes literárias da Grécia Antiga: os poemas épicos Ilíada e Odisseia (ambos atribuídos a Homero e que tratam dos acontecimentos em torno da Guerra de Troia, destacando a influência de deuses e de outros seres), e também a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, ambos produzidos por Hesíodo.[7]

Os mitos também estão preservados nos hinos homéricos, em fragmentos de poemas do Ciclo Épico, na poesia lírica, no âmbito dos trabalhos das tragédias do século V a.C., nos escritos de poetas e eruditos do período helenístico e em outros documentos de poetas do Império Romano, como Plutarco e Pausânias. Com o avanço da pesquisa científica no final do século XIX e durante o século XX, a principal fonte de detalhes sobre a mitologia grega são as evidências arqueológicas, que descobrem e descobriram decorações e outros artefatos, como desenhos geométricos em cerâmica, datados do século VIII a.C., que retratam cenas do ciclo troiano e das aventuras de Hércules. Sucedendo os períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras personalidades aparecem para completar as provas dessas existências literárias.[7]

A mitologia grega tem exercido uma grande influência na cultura, nas artes e na literatura da civilização ocidental e permanece como parte da herança e da linguagem do Ocidente.[8] Poetas e artistas desde os tempos antigos até o presente têm se inspirado na mitologia grega e descoberto que os temas mitológicos lhes legam significado e relevância em seu contemporâneo.[9] Seu patrimônio também influi na ciência, como no caso dos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e em estudos teóricos, acadêmicos, psicanalíticos, antropológicos e muitos outros,[10][11][12][13] além de nos dias de hoje tradições neopagãs como a Wicca serem influenciadas por ela, e outras como o dianismo, a Stregheria e principalmente o dodecateísmo (ou neopaganismo helênico) tenham tentado resgatar suas crenças.

Termo e compreensão

editar

Num contexto acadêmico, a palavra "mito" significa basicamente qualquer narrativa sacra e tradicional, seja verdadeira ou falsa.[14][15] O sufixo "-logia", derivado do radical grego "logo",[16][17] representa campo de estudo sobre um assunto em particular.[17] Com a junção de ambos os termos, "mitologia grega" seria, basicamente, o estudo dos mitos gregos, ou seja, os que fazem parte da cultura da Grécia.[1] Sendo assim, o termo não só alude ao estudo dos mitos como também aos próprios mitos. Como escreve o professor e escritor português Carlos Ceia, "termo de dupla significação, indica, por um lado, o conjunto dos mitos ou narrativas míticas relativas a seres sobrenaturais, fantásticos ou de valor super humano e, por outro lado, o estudo ou interpretação dos mitos.".[18]

 
Héracles e Atena
Cerâmica grega antiga, 480–470 a.C.
 
As dafnefórias. Eram um festival dedicado a Apolo celebrado pelos gregos a cada nove anos, em Tebas, Beócia.[19]
Óleo sobre tela de Frederic Leighton, 1876

É um termo crítico moderno e, portanto, os próprios gregos e romanos antigos não se referiam a suas crenças como "mitos" ou "mitologia", mas como religião (ver capítulo Interpretação), o que ainda hoje em dia ocorre com os neopaganistas helênicos, embora estes vivam um acontecimento moderno diferente de resgate e preservação e mesmo certos grupos de adeptos entendam o papel dos mitos como arquétipos ou símbolos (ver seção Neopaganismo e resgate).[1]

Para mais informações sobre o histórico de interpretação dos mitos gregos, dirija-se até as sub-seções: Concepções greco-romanas e Interpretações modernas. É importante ressaltar que, nesse artigo, as palavras "mitologia" e "mito" são usadas para as narrativas tradicionais e sagradas das culturas clássicas, sem qualquer implicação de que esta ou aquela seja verdadeira ou falsa.[1]

Mito e sociedade

editar

A mitologia grega era assunto principal nas aprendizagens das crianças da Grécia Antiga, como meio de orientá-las no entendimento de fenômenos naturais e em outros acontecimentos que ocorriam sem o intermédio dos homens.[20] Os gregos antigos atribuíam a cada fenômeno natural uma criatura ou deus diferente.[21] Certos estudiosos modernos dizem que, quando passaram a inventar meios de calcular o tempo e quando criaram mecanismos de datação como o calendário, seus mitos declinaram (ver seção Declínio logo abaixo).[21] Os poetas atribuíam esses estados térmicos, como também as relações e as características humanas, aos deuses e a outras histórias lendárias, e elas serviram durante um bom tempo como cultos ritualísticos na sociedade da Grécia antiga.[20]

Além das crianças serem educadas através dos mitos, as famílias aristocráticas da Grécia, assim como os reis, e também profissionais, como os médicos, possuíam a tradição de se ligarem genealogicamente a antepassados míticos, geralmente divinos, ou até mesmo heroicos.[20] Os comerciantes também cultuavam deuses, como Hermes, sempre em tentativa de deixá-lo satisfeito e assim conseguir bons resultados em suas vendas.[22] Além de serem habituados aos sacrifícios de animais e às orações, os gregos antigos adotavam um deus particular ou um grupo deles para sua cidade, e os cidadãos construíam templos e o(s) venerava(m). Essas cidades não possuíam qualquer organização religiosa oficial, mas honravam os deuses em lugares determinados, como Apolo exclusivamente em Delfos.[23]

 
Mulher ajoelhada diante de um altar. Cerâmica de figuras vermelhas, ca. 510-500 a.C. Antigo Museu Ágora de Atenas

Muitos festivais religiosos eram realizados na Grécia antiga. Alguns eram especificadamente dedicados a uma deidade particular ou cidade-estado. A Lupercália, por exemplo, era comemorada na Arcádia e dedicada a . Existiam também os jogos que eram realizados anualmente em locais diferentes, e que culminaram nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, realizados a quatro anos e dedicados a Zeus. Os gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos deuses em muitas características da natureza. Os adivinhos, por exemplo, acreditavam haver mensagens divinas contidas no voo das aves e nos sonhos. Nas cidades, os oráculos — locais sagrados — eram usados por um sacerdote que, tomado por êxtase ou loucura divina, servia de intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de adoração.[24]

Nas primeiras eras em que a recente filosofia vivia ao lado da tradicional mitologia, para o povo grego a sabedoria plena e completa pertencia aos deuses, mas os homens poderiam desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos (philo= amizade, amor fraterno, respeito; sophia= sabedoria).[25]

Mito e religião

editar
 Ver artigo principal: Religião na Grécia Antiga
 
Cena de sacrifício grego
Cerâmica de figuras vermelhas do século V a.C. Museu Arqueológico de Espanha

É preciso haver um esclarecimento acerca da diferença entre mito e religião. Hoje, todas as mitologias de todos os povos são entendidas como conjunto de crenças enraizadas em relatos modernamente tidos como fictícios e imaginados pelos poetas, enquanto a religião propõe-se a criar rituais ou práticas com a finalidade de estabelecer vínculos com a espiritualidade.[20] "Mitologia" é um termo indiscutivelmente técnico e moderno e nunca utilizado pelos próprios gregos ou romanos.[24] Este questionamento só começará a aparecer um tempo depois, com o desenvolvimento da filosofia grega e romana. Até então, seus cultos compreendiam uma religião politeísta da qual os especialistas de hoje agrupam no que se chama "mitologia grega", analisando as narrativas poéticas como legados da literatura antiga, ao passo que os próprios gregos, sobretudo antes da fama da filosofia, acreditavam serem reais. Pode-se dizer que "mito" é todo o conjunto que nós compreendemos hoje o que em suas épocas os gregos chamavam "religião".[20]

Para ficar mais claro, podemos dizer que os textos sacros dos gregos são o que chamamos agora de mitologia ou literatura da Grécia antiga. A Teogonia e Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, a Ilíada e a Odisseia de Homero e as Odes de Píndaro estão entre as obras que os gregos consideravam sacros. Estes são os principais textos que foram considerados inspirados pelos deuses e geralmente incluem no prólogo uma invocação às musas para que elas auxiliem o trabalho do poeta.[26]

Os gregos faziam cultos os deuses do Olimpo, realizados em templos comuns ou em altares e, também, culto aos heróis históricos, realizados em suas respectivas tumbas.[24] Dedicados a um deus ou a um herói, os templos, decorados com esculturas (de deuses ou heróis) em relevo entre o teto e o topo das colunas, eram constituídos de pedras nobres como o mármore, usadas no alto da acrópole.[27] Os antigos teatros gregos, também, eram construídos para determinada figura mitológica, deuses ou heróis, como o teatro de Dioniso no Santuário de Apolo em Delfos.[28]

Além da religião ter sido praticada através de festivais, nela se acreditava que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios.[24] Estes rituais de sacrifício desempenharam um papel importante na formação da relação entre o homem e o divino.[29] Um dos conceitos mais importantes quanto a moral para os gregos era o medo de cometer húbris (arrogância), o que constitui muitas coisas, do estupro à profanação de um cadáver.[30][31]

Fontes

editar

A mitologia grega é conhecida nos dias de hoje através da literatura grega e de expressões artísticas visuais como a cerâmica grega, que datam do Período Geométrico[nota 1] em diante. O objetivo deste capítulo é entender como nós, contemporâneos, tivemos a oportunidade de arrecadar hoje em dia informações tão antigas quanto são os mitos gregos.[32]

Fontes literárias

editar

A narração mítica desempenhou um papel importante em quase todos os gêneros da literatura grega. No entanto, o único manual mitográfico que sobreviveu da Grécia Antiga foi a famosa Biblioteca Mitológica, do escritor denominado Pseudo-Apolodoro,[33] que tenta conciliar os contos contraditórios dos poetas e fornece um resumo da mitologia grega e suas lendas históricas.[34] O verdadeiro Apolodoro viveu entre c. 180-120 a.C., escreveu sobre muitos destes temas e seus escritos podem ter formado a base para a coleção dessa obra, porém a Biblioteca aborda eventos que ocorreram muito tempo após sua morte, daí o nome Pseudo-Apolodoro.[34]

 
Ilíada
Livro VIII, linhas 245-53, manuscrito grego, final do século V e começo do VI

Entre as fontes literárias da primeira era, destacam-se os dois poemas épicos de HomeroIlíada e Odisseia. Completando esse ciclo épico, temos escritas de poetas cujos documentos foram perdidos ao longo do tempo. Apesar da sua denominação tradicional, os Hinos homéricos, hinos em coral da primeira fase da então-denominada poesia lírica,[35] não possuem relação alguma com Homero.[36] Hesíodo, possível contemporâneo de Homero, produziu Teogonia, o documento mais recente sobre mitos gregos, que elabora a genealogia dos deuses e explica a origem dos titãs e dos gigantes. Os Trabalhos e os Dias, também de Hesíodo, é um poema didático sobre a vida da agricultura que apresenta os mitos de Pandora e da era dos homens. O poeta dá conselhos sobre a melhor maneira de ter sucesso em um mundo perigoso tornado ainda mais arriscado por esses deuses.[7] Os Trabalhos e os Dias também apresenta o mito de Prometeu, que, mais tarde, constituiu na base de uma trilogia de tragédias, possivelmente iniciada por Ésquilo, que são: Prometeu Acorrentado, Prometeu Desacorrentado e Prometeu, o Condutor do Fogo.[nota 2]

Os poetas líricos direcionaram por vezes seus temas aos mitos, todavia esse tratamento ficou cada vez menor, enquanto que suas alusões à narrativa cresceu. Os poetas líricos gregos, como Píndaro e Simónides de Ceos, e os poetas bucólicos, incluindo Teócrito, forneceram incidentes mitológicos individuais. Além disso, o mito foi tema central no drama Ateniense: os dramaturgos trágicos Eurípides, Sófocles e Ésquilo produziram seus enredos envolvendo a era heroica e a Guerra de Troia. Muitas das grandes históricas trágicas (ou seja, Agamenão e seus filhos, Édipo, Jasão e Medeia, etc.) trouxeram em sua forma clássica estas peças trágicas.[37]

 
O poeta romano Virgílio, aqui retratado no manuscrito do século XV Vergilius Romanus, preservou muitos detalhes da mitologia grega em suas composições

Os historiadores Heródoto e Diodoro Sículo, e os geógrafos Pausânias e Estrabão, que viajaram ao redor do mundo grego e anotaram as histórias que ouviram, forneceram numerosos mitos locais, apresentando diversas vezes versões alternativas pouco conhecidas dos mitos.[37] Heródoto, especialmente, procurou as várias tradições apresentando e encontrando as raízes históricas ou mitológicas no conflito entre a Grécia e o Oriente. Heródoto procurou conciliar as origens e a mistura de diferentes conceitos culturais.[38]

A poesia das eras helenística e romana, que embora tenha sido composta mais como literatura do que um exercício de culto aos mitos, contém muitos detalhes importantes que de outra forma seriam perdidos. Essa categoria inclui: os poetas romanos Ovídio, Sêneca e Virgílio; os poetas gregos da Antiguidade tardia: Antonino Liberal e Quinto de Esmirna; os poetas gregos do período helenístico: Apolónio de Rodes, Calímaco, Eratóstenes e Partênio.[39]

Em contrapartida com o gênero lírico, os escritores em prosa Apuleio, Petrônio, Longo e Heliodoro também fazem referências mitológicas em períodos semelhantes ao dos poetas citados acima.[40] Além disso, a Fábulas e a Astronômica, ambas atribuídas ao escritor romano Higino, são duas composições não-poéticas importantes como fontes literárias.[39] As obras Imagens e Descrições, de Filóstrato e Calístrato (respectivamente), também se mostram úteis para o estudo dos mitos gregos.[41]

Finalmente, vários autores bizantinos, como Arnóbio, João Tzetzes, Hesíquio de Alexandria, Eustácio de Tessalônica e o autor da Suda, providenciaram importantes detalhes dos mitos, derivados em grande parte de fontes gregas completamente perdidas. Importante notar, no entanto, que a atitude bizantina é a de frequentemente abordar os mitos sob uma perspectiva moral cristã.[42]

Fontes arqueológicas

editar
 
Aquiles (esq.) mata um prisioneiro de Troia diante de Caronte
Pintura-vermelha etrusca, realizada no fim do século IV e início do século III a.C.

A descoberta da civilização micênica pelo arqueólogo amador alemão Heinrich Schliemann no século XIX, e a descoberta da Civilização Minoica em Creta pelo arqueólogo britânico sir Arthur Evans no século XX, ajudaram a esclarecer muitas dúvidas a respeito dos épicos de Homero e outras questões da mitologia, como as crenças em deuses e em heróis. A evidência sobre os mitos e os rituais nos sítios arqueológicos das civilizações micênica e minoica é inteiramente monumental, uma vez que a linear B (método de escrita antigo, encontrado em Creta e na Grécia continental) era usada principalmente para o registro de inventários, embora os nomes de deuses e de heróis tenham sido dificilmente revelados.[7]

Schliemann começou seu trabalho em 1870, com o intuito de averiguar se as histórias que ouvia de seu pai quando criança, a respeito dos épicos homéricos, eram verdadeiras; numa madrugada, juntamente com sua esposa, conseguiu encontrar dois diademas de ouro, 4 066 plaquetas, 16 estatuetas, 24 colares de ouro, anéis, agulhas, pérolas (total de 8 700 artefatos) e pesquisas posteriores deixaram certezas de que a mítica cidade de Troia existiu no local há milênios.[43][44][45]

Existem desenhos geométricos em cerâmica datados do século VIII a.C. que retratam o Ciclo de Troia, como também as aventuras de Hércules.[7] Por dois motivos, essas representações visuais dos mitos possuem enorme importância: em primeiro lugar, muitos mitos gregos foram comprovados em desenhos de vaso antes do que na literatura escrita – das doze elaborações sobre Hércules, por exemplo, somente a aventura de Cérbero é apresentada pela primeira vez em um texto literário[46] – e, em segundo lugar, as fontes visuais muitas vezes fornecem cenas míticas que não são apresentadas em quaisquer fontes literárias existentes. Em alguns casos, a primeira representação conhecida de um mito na arte geométrica antecede, em questão de muitos anos e séculos, a sua primeira aparição conhecida na poesia arcaica.[32] Nos períodos arcaico (750–c. 500 a.C.), clássico (480–323 a.C.), e helenístico, Homero e várias outras personalidades surgem para completar as evidências literárias da existência da mitologia grega.[32]

História

editar

Os complexos fenómenos da natureza foram certamente os primeiros a serem explicados de forma fantástica, sendo aí que nasce verdadeiramente o primeiro conjunto de narrativas míticas organizadas em texto escrito, muito depois de terem circulado de geração em geração até ao tempo de Homero e de Hesíodo.

Carlos Ceia"[18]

A origem dos mitos da Grécia não deriva puramente da civilização grega, mas da mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.[39]

Um dos fatores de evolução da mitologia grega foi a grande transformação que ela experimentou através dos tempos, e tal transformação serviu para enriquecer sua própria cultura.[47] Os primeiros habitantes da península Balcânica, em grande parte agricultores, atribuíam a cada aspecto da natureza um espírito.[47] Finalmente, estes espíritos vagos assumiram a forma humana e entraram na mitologia local como deuses e deusas.[47] Quando as tribos do norte invadiram a península Balcânica, trouxeram consigo um novo panteão de deuses e crenças, voltadas à conquista, à força e à valentia, à batalha e ao heroísmo violento.[48] Outras divindades mais antigas que povoavam a mente dos habitantes agrícolas se fundiram com aquelas dos invasores mais poderosos, ou então desvaneceram-se na insignificância.[48]

 
Descrição topográfica da península Balcânica
 
A mais alta montanha da Grécia, o monte Olimpo, em foto de 2005, onde os gregos antigos acreditavam ser a morada dos Doze Deuses.[49]

Após a metade do período arcaico, que possuía mitos sobre as relações entre homens e deuses masculinos, os heróis tornaram-se cada vez mais aclamados, indicando o desenvolvimento paralelo da pederastia pedagógica, que pensa-se ter sido introduzido por volta de 630 a.C. Nos finais do século V a.C., os poetas haviam atribuído pelo menos um eromenos a todos os deuses importantes, exceto Ares e outras figuras lendárias.[50] Outros mitos anteriormente existentes, como o de Aquiles e o de Pátroclo, foram reinterpretadas como mitologia homossexual.[51]

O sentido da poesia épica foi criar ciclos históricos, e resultar num desenvolvimento de senso da cronologia mitológica; assim, a mitologia grega desdobra-se como etapa no desenvolvimento do mundo e do homem.[52] As auto-contradições nas histórias fazem com que seja impossível montar um cronograma absoluto a respeito da mitologia grega, mas podemos elaborar uma cronologia concordável. A história mitológica do mundo pode ser dividida em três ou quatro grandes períodos:

  • Mito da origem ou da era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
  • Era em que os homens e os deuses se mesclam livremente: histórias das primeiras interações entre deuses, semideuses e mortais juntos.
  • Era dos heróis (era heroica): é onde a atividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heroicas são da Guerra de Troia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).[53]

Embora a era dos deuses tenha sido frequentemente alvo de interesse pelos alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam clara preferência pela era dos heróis. As heroicas Ilíada e Odisseia, por exemplo, estavam e ainda se encontram atualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heroico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos.[54] Em O Trabalho e Os Dias, Hesíodo monta um esquema de quatro eras dos homens (ou raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo à era dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes raças criações de Zeus. Hesíodo intercalou a era (ou raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A última idade foi a Idade do Ferro. Em Metamorfoses, Ovídio segue o conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.[54]

Era dos deuses

editar

Cosmogonia e cosmologia

editar
Ἤτοι μὲν πρώτιστα Χάος γένετ'· αὐτὰρ ἔπειτα Γαῖ' εὐρύστερος, πάντων ἕδος ἀσφαλὲς αἰεὶ.
Pois bem, no princípio nasceu Caos; depois, Gaia de amplo seio, a eterna base de tudo

Hesíodo, Teogonia, 116-7.[55]

 
O Amor Conquista Tudo
Representação do deus Eros, pelo pintor do barroco Caravaggio

"Mitos de origem" ou "mitos de criação", na mitologia grega, são termos alusivos à intenção de fazer com que o universo torne-se compreensível e com que a origem do mundo seja explicada.[56] Além de ser o mais famoso, o relato mais coerente e mais bem estruturado sobre o começo das coisas, a Teogonia de Hesíodo também é visto como didático, onde tudo se inicia com o Caos: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência.[55] Dele, surge Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais: Eros (atração amorosa), Tártaro (escuridão primeva) e Érebo.[55] Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os titãs: seis homens e seis mulheres (Oceano, Céos, Crio, Hiperião, Jápeto, Teia e Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Tétis e Cronos); e logo os cíclopes de um só olho e os hecatônquiros (ou centimanos). Contudo, Urano, embora tenha gerado estas divindades poderosas, não as permitiu de sair do interior de Gaia e elas permaneceram obedientes ao pai.[57] Somente Cronos, "o mais jovem, de pensamentos tortuosos e o mais terrível dos filhos",[58] castrou o seu pai – com uma foice produzida das entranhas da mãe Gaia – e lançou seus genitais no mar, libertando, assim, todos os irmãos presos no interior da mãe. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas o esperma que caiu de seus genitais cortados produziu a deusa Afrodite, saída da espuma da água, ao mesmo tempo que o sangue de sua ferida gerou as ninfas melíades, as erínias e os gigantes, quando atingiu a terra.[57] Sem a interferência do pai, Cronos tornou-se o rei dos titãs com sua irmã e esposa Reia como cônjuge e os outros titãs como sua corte.[57]

O pensamento antigo grego considerava a teogonia – que engloba a cosmogonia e a cosmologia, temas dessa subseção – como o protótipo do gênero poético e lhe atribuía poderes quase mágicos. Por exemplo: Orfeu, o poeta e músico da mitologia grega, proclamava e cantava as teogonias com o intuito de acalmar ondas e tormentas–como consta no poema épico Os Argonautas, de Apolónio de Rodes – e também para acalmar os corações frios dos deuses do mundo inferior, quando descia a Hades. A importância da teogonia encontra-se também no Hino Homérico a Hermes, quando Hermes inventa a lira e a primeira coisa que faz com o instrumento em mãos é cantar o nascimento dos deuses.[59]

 
Cronos Mutilando Urano
por Giorgio Vasari e Gherardi Christofano (século XVI). Palácio Velho, Florença

Contudo, a Teogonia não é somente o único e mais completo tratado da mitologia grega que se conservou até nossos dias, mas também o relato mais completo no que diz respeito a função arcaica dos poetas, com sua larga invocação preliminar das musas. Foi também tema de muitos poemas perdidos, incluindo os atribuídos a Orfeu, Museu, Epimênides, Ábaris e outros profetas legendários, cujos versos costumavam ser usados em rituais privados de purificação e em religião de mistérios. Inclusive, há indícios de que Platão se familiarizou com alguma versão da teogonia órfica.[60] Poucos fragmentos dessas obras sobreviveram em citações de filósofos neoplatonistas e em fragmentos recentemente desenterrados, escritos em papiro. Um desses documentos, o papiro de Derveni, demonstra atualmente que pelo menos no século V a.C. existiu um poema teogônico-cosmogônico de Orfeu. Este poema tentou superar a Teogonia de Hesíodo e a genealogia dos deuses se ampliou com o surgimento de Nix (a Noite), marcando um começo definitivo que havia surgido antes dos seres Urano, Cronos e Zeus.[61][62]

Deuses gregos

editar
 Ver artigos principais: Deuses olímpicos e Monte Olimpo
ἐμοὶ δὲ θαυμάσαι θεῶν τελεσάντων οὐδέν ποτε φαίνεται ἔμμεν ἄπιστον.
Para mim, quando os deuses realizam maravilhas, nada parece inacreditável.

Píndaro, Pi, P. 10.48-50.[63]

 
Os Doze Deuses Gregos (Zeus no trono), por Nicolas-André Monsiau (1754- 1837), finais do século XVIII

Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posidão e Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar do destino. A mãe, pegou uma pedra, enrolou-a em um tecido e deu a Cronos, que comeu-a, pensando que fosse Zeus. O filho travou uma guerra contra seu progenitor, cujo vencedor ganharia o trono dos deuses.[57] Ao final, com a força dos cíclopes – a quem libertou do Tártaro – Zeus venceu e condenou Cronos e os outros titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos.[57] Para a mitologia clássica, depois dessa destituição dos titãs, um novo panteão de deuses e deusas surgiu. Entre os principais deuses gregos estavam os olímpicos, cuja limitação de seu número para doze parece ter sido ideia moderna e não antiga,[64] que residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam: existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-bode , o deus da natureza e florestas, as ninfasnáiades (que moravam nas nascentes), dríades (espíritos das árvores) e as nereidas (que habitavam o mar) —, deuses de rios, sátiros, meio homem, meio bode, e outras divindades que residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as erínias (ou fúrias) (que habitavam o submundo), cuja função era perseguir os culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.[65]

 
Olimpo
de Giovanni Battista Tiepolo, século XVIII, Museu do Prado

Para honrar o antigo panteão grego, compôs-se os famosos hinos homéricos (conjunto de 33 canções).[36] Alguns estudiosos, como Gregory Nagy, consideram que os hinos homéricos são simples prelúdios, se comparado com a Teogonia, onde cada hino invoca um deus.[66] No entanto, os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagens como as presentes nestes hinos, eram essencialmente humanos (praticavam violência, possuíam ciúme, coléra, ódio e inveja, tinham grandezas e fraquezas humanas), embora fossem donos de corpos físicos ideais.[67] De acordo com o estudioso Walter Burkert, a definição para essa característica do antropomorfismo grego é que "os deuses da Grécia são pessoas, e não abstrações, ideias ou conceitos".[68] Independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades fantásticas, sendo as mais importantes: ter a condição de ser imune a doenças, feridas e ao tempo; ter a capacidade de se tornar invisível; viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem. Os gregos consideravam a imortalidade — que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia e pela ingestão de néctar — como a característica distintiva dos deuses.[67][69]

Cada deus descende de uma genealogia própria, prossegue interesses próprios, tem certa área de especialização, e é regido por uma personalidade singular; no entanto, essas descrições surgem a partir da infinidade de locais arcaicos variantes que não coincidem sempre com elas. Quando esses deuses eram aludidos na poesia, na oração ou em cultos, essas práticas eram realizadas mediante combinação de seus nomes e epítetos que os identificavam por essas distinções do resto de suas próprias manifestações (e.x. Apolo Musageta era "Apolo, [como] chefe das musas").[70]

A maioria dos deuses foram associados a aspectos específicos de suas vidas: Afrodite, por exemplo, era deusa do amor e da beleza, Ares era deus da guerra, Hades o deus da morte e do inferno, e Atena a deusa da sabedoria, guerra e da coragem.[70] Certos deuses, como Apolo (deus do sol) e Dioníso (deus da festa e do vinho), apresentam personalidades complexas e mais de uma função, enquanto outros, como Héstia e Hélio, revelam pequenas personificações. Os templos gregos mais impressionantes tendiam a estar dedicados a um número limitado de deuses, que foram o centro de grandes cultos panhelênicos.[70] De maneira interessante, muitas regiões dedicavam seus cultos a deuses menos conhecidos e muitas cidades também honravam os deuses mais conhecidos com ritos locais característicos e lhes associavam mitos desconhecidos em outros lugares.[70] Durante a era heroica — que ver-se-á na próxima sub-seção — o culto dos heróis (ou semideuses) complementou a dos deuses e ambas as criaturas se fundiram no imaginário da Grécia.[70]

Era dos deuses e dos mortais

editar
 Ver artigo principal: Eras do homem
 
Afrodite e Anquises, por Annibale Carracci: o relacionamento entre a deusa da beleza e um homem mortal demonstra como ficou frequente as relações entre deuses e humanos no imaginário grego
 
O Casamento de Peleu e Tétis
Hans Rottenhammer, 1600, Museu Hermitage

Unindo a idade em que os deuses viviam sós e a idade em que a interferência divina nos assuntos humanos era limitada, havia uma era de transição em que os deuses e os homens (mortais) se misturaram livremente. Estes foram os primeiros dias do mundo, quando os grupos se misturavam com mais liberdade do que fizeram depois. A maior parte das crenças dessas histórias foram reveladas posteriormente na obra Metamorfoses de Ovídio, e frequentemente são divididas em dois grupos temáticos: histórias de amor e histórias de castigo.[71] Ambas histórias tratam do envolvimento dos deuses com os humanos, seja de uma forma ou de outra:

  • Os contos de amor muitas vezes envolvem incesto, sedução ou violação de uma mulher mortal por parte de um deus, resultando em descendência histórica. Essas histórias sugerem geralmente que as relações entre deuses e mortais precisam ser evitadas, sendo que raramente esses envolvimentos possuem finais felizes.[72] Em poucos casos, uma divindade feminina procura um homem mortal e vive com ele, como no Hino Homérico a Afrodite, onde a deusa se relaciona com o príncipe Anquises e acaba concebendo o chefe troiano Eneias.[73]
  • Os contos de castigo envolvem a apropriação ou invenção de algum artefato cultural importante, como quando Prometeu roubou o fogo dos deuses e quando ele ou Licaão inventou o sacrifício, quando Tântalo roubou o néctar e a ambrósia da mesa de Zeus e de seus súditos, revelando-lhes o segredo dos deuses, ou quando Deméter ensinou agricultura e os Mistérios de Elêusis a Triptólemo, ou quando Mársias inventou os aulos e, com ela, ingressou num concurso musical ao lado de Apolo. As aventuras de Prometeu marcam um ponto entre a história dos deuses e a dos homens.[74] Um fragmento de papiro anônimo, datado do século III a.C., retrata vividamente o castigo que Dionísio aplicou a Licurgo, rei de Trácia, cujo reconhecimento de novos deuses chegou demasiado tarde, ocasionando horríveis penalidades que se estenderam por toda vida.[75] A história da chegada de Dionísio para estabelecer seu culto em Trácia foi também o tema de uma trilogia de peças dramáticas do poeta antigo Ésquilo: como em As Bacantes, onde o rei de Tebas, Penteu, é castigo por Dionísio por ter sido desrespeitoso com as ménades, suas adoradoras.[76][77]

Ainda no assunto de relação entre deuses e mortais, há um conto antigo baseado em tema folclórico,[78] onde Deméter está procurando por sua filha Perséfone depois de ter tomado a forma de uma anciã chamada Doso e recebido hospitalidade de Celeu, o rei de Elêusis em Ática. Por causa de sua hospitalidade, Deméter planejou fazer imortal seu filho Demofonte como ato de agradecimento, mas não pôde completar o ritual porque a mãe de Demofonte, Metanira, entrou e viu seu filho rodeado de fogo, visão essa que lhe provocou, instantaneamente, um grito agudo, que enfureceu Deméter, cuja lamentação veio depois, ao refletir o fato de que os "estúpidos mortais não entendem práticas divinas".[79]

Era heroica

editar
O fato de entre os homens e os deuses existir ainda uma terceira classe especial de heróis, que são denominados também "semideuses", é particularidade da mitologia e da religião gregas para a qual quase não existem paralelos.

Walter Burkert, 1993.[80]

A idade em que os heróis viveram na mitologia grega é conhecida como era (ou idade) heroica.[81] A era heroica surgiu no Período Arcaico, quando os gregos imaginavam "heróis" (gr. ἥρωες; sg. ἥρως) como certos personagens de lendas épicas. Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semideuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos da relação entre um mortal e um deus.[80]

Após a ascensão do culto heroico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles.[82] Em contraste com a era dos deuses, durante a heroica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.[83]

Os eventos monumentais de Herácles , mais conhecido como o correspondente romano Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Troia, como também a Guerra de Tebas.[84]

Héracles e os heráclidas

editar
 Ver artigos principais: Héracles e Invasões dóricas
   
Héracles golpeando Geras, filho de Nix e personificação da velhice. Figura em cerâmica vermelha da Ática, ca. 480-470 a.C.
Héracles com coroa de louros, vestindo pele de leão e segurando um arco.
Cerâmica grega antiga, 460–450 a.C.

Certos estudiosos acreditam que, por de trás das complexas histórias que envolvem o mito de Héracles, que existiu um homem verdadeiro, talvez um senhor de vassalos em Argos.[85] Outros sugerem que o mito de Héracles é uma alegoria da passagem anual do sol pelas doze constelações do zodíaco.[85] Existe um terceiro grupo que acredita que o mito deriva de outras culturas, revelando que a história de Héracles é uma adaptação regional de mitos heroicos já estabelecidos anteriormente. Embora a existência de todas essas e muitas outras especulações, a tradição afirma que Héracles foi filho de Zeus com a mortal Alcmena, neta de Perseu.[86] Suas fantásticas façanhas, que envolvem diversos temas folclóricos, proporcionaram muito material às lendas populares. É retratado como um sacrificador, guerreiro dotado de imenso vigor físico, com força e proezas maravilhosas, protegido por armaduras e itens das quais utilizava com destreza, demonstrando superioridade às habilidades do homem mortal comum.[86] Quanto à iconografia, nas artes visuais — pelo menos no período arcaico — Héracles sempre fora apresentado com barba, pele de leão e clava nas mãos, com grandes músculos expostos nas pernas e nos braços.[87] Já no século IV, a popularidade do herói decresceu e, talvez um pouco por isso, suas características humanas foram reforçadas mais do que as heroicas, e passou a ser representado sem barba e frequentemente sem armas de combate.[86]

Na literatura, Eurípedes escreveu a peça trágica Héracles (ou Héracles Enlouquecido, Héracles Furioso), onde explora o mito do herói, revelando sua conturbada existência, e sua vontade de cometer suicídio, mas que logo é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu.[88] Na peça As Traquinianas, Héracles aparece aqui através da escrita de Sófocles.[89] Esses dois textos da Grécia Antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.[86]

   
Hércules, escultura de artista desconhecido. Arte romana datada do século II a.C., Museus Capitolinos, Roma.
Hércules e seu bebê Télefo. Os heráclidas eram os descendentes de Herácles.
Museu do Louvre

Héracles atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestral oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em "heráclida" (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules,[90] especialmente os descendentes de Hilo — outros heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes heráclidas conquistaram os reinos peloponésios de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido à sua ascendência. A ascensão dos heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica" (ver artigo). Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedônios — como governantes do mesmo reino — também passaram a ser heráclidas.[91]

Embora Héracles tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus"[92] — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus.[86] Sua figura lendária, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis, ao homem mortal, mas também ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao ideal.[86] Essa figura mista que Héracles apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios duplos, primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.[93]

Além das façanhas heroicas de Héracles, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu, Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes a ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram a contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobre-humana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é tema frequente nesta primeira tradição heroica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.[94]

Argonautas

editar
 
Captura dos Argonautas, cerâmica ática, 460–450 a.C., Louvre

Único épico helenístico conservado até os dias atuais, Argonáutica, de Apolônio de Rodes, narra o mito da jornada de Jasão e os Argonautas para recuperarem o Velo de Ouro da mítica terra de Cólquida. Em Argonáutica, Jasão é impelido à sua busca pelo rei Pélias, que havia recebido uma profecia onde um homem de sandálias se tornaria seu nêmesis. Jasão perde uma sandália em um rio da região, chegando na corte de Pélias e iniciando, assim, a epopeia. Quase todos os membros da seguinte geração de heróis, assim como Hércules, partiram com Jasão ao Argo para buscar o velo de ouro. Essa geração de heróis também inclui: o mito de Teseu, que partiu à Creta para enfrentar o Minotauro; Atalanta, a heroína feminina, Meleagro, que por sua vez tinha um ciclo épico que rivalizava com a Ilíada e a Odisseia, Idas, que lutou contra Apolo por Marpessa, os filhos de Boreas: Zeto e Calais, que desempenharam importante papel na ilha de Fineu e na luta contra os Cinocéfalos, Laerte, pai de Ulisses e também Peleu, pai de Aquiles.[95]

Píndaro, Apolônio e Apolodoro se esforçaram em dar listas detalhadas sobre os Argonautas.[96] Embora Apolônio tenha escrito seu poema no século III a.C., a composição da história dos argonautas é anterior à Odisseia, que demonstra familiaridades com os enredos de Jasão.[97][98] Em épocas antigas, a expedição mítica era considerada como fato histórico, um incidente na abertura do mar Negro ao comércio e à colonização grega.[97] Também tornou-se muito popular, cuja função vai desde a criação de novas lendas locais à inspiração de diversas tragédias gregas.[98]

Casa de Atreu e Ciclo Tebano

editar
 Ver artigo principal: Sete Contra Tebas
 
Cadmo Semeando Dentes do Dragão, por Maxfield Parrish, 1908

Entre o Argo (capítulo anterior) e a Guerra de Troia (capítulo seguinte), houve uma geração conhecida por seus crimes. Isto inclui os feitos de Atreu e Tiestes em Argos. Atrás do mito da casa de Atreu (uma das principais dinastias heroicas juntamente com a Casa de Lábdaco), está o problema da devolução do poder e a forma de ascensão do trono. Os gêmeos Atreu e Tiéstes com seus descendentes desempenharam o papel de protagonistas na tragédia acerca da devolução de poder em Micenas.[99]

O Ciclo Tebano trata dos sucessos associados especialmente a Cadmo, o fundador da cidade de Tebas, e, posteriormente, com os feitos de Laio e Édipo na mesma região; uma série de histórias que levaram ao saqueio final da cidade a mando dos Epígonis e d'Os Sete Contra Tebas (não se sabe se estes figuraram no épico original).[100] Acerca de Édipo, os antigos relatos épicos têm seguido um padrão diferente (no qual ele continuou governando Tebas depois da revelação de que Jocasta era sua mãe e também posteriormente ao seu casamento com uma mulher que se converteu em mãe de seus filhos) do que conhecemos graças às tragédias — especialmente a mais famosa do assunto, Édipo Rei, de Sófocles — e aos relatos mitológicos posteriores a este texto antigo.[101]

Guerra de Troia e consequências

editar
 Ver artigos principais: Guerra de Troia e Ciclo Épico
 
Em A Fúria de Aquiles, de Tiepolo (1757, afresco, Villa Valmarana, Vicenza), Aquiles está enfurecido pela ameaça de Agamenão tirar seu despojo da guerra, Briseis, e desembainha sua espada para acertá-lo. A súbita aparição de Minerva, que no afresco segura os cabelos de Aquiles, evita o assassinato

A mitologia grega culmina na Guerra de Troia, a famosa luta entre os gregos e os troianos, incluindo suas causas e consequências. Nos trabalhos homéricos, as principais histórias já haviam tomado forma e substância, e os temas individuais foram elaborados mais tarde, especialmente dentro dos enredos dos dramas gregos. A Guerra de Troia adquiriu também grande interesse para a cultura romana por conta das histórias de Eneias, herói troiano, cuja jornada a Troia levou a fundação da cidade que um dia se converteria em Roma e é recontada por Virgílio em Eneida (cujo Livro II contém o relato mais famoso do saqueio de Troia).[102][103]

O Ciclo da Guerra de Troia, coleção de poemas épicos, começa com os sucessos que levaram a guerra: Éris e a maçã de ouro, o julgamento de Páris, o rapto de Helena, e o sacrifício de Ifigénia em Áulis. Para resgatar Helena, os gregos organizaram grande expedição abaixo do mando do irmão de Menelau, Agamenão, rei de Argos ou de Micenas, mas os troianos não quiseram libertá-la. A Ilíada, que se desenrola no décimo ano da guerra, narra em uma de suas páginas o combate entre Agamenão com Aquiles, que era até então o melhor guerreiro da Grécia, e também narra as consequências da morte de Pátroclo (amigo de Aquiles) e de Heitor, filho mais velho de Príamo. Antes da morte, se uniram aos troianos dois exóticos aliados: Pentesileia e Memnon.[103]

Aquiles matou ambos, até Páris atingir seu calcanhar mortalmente com uma flecha (daí a expressão Calcanhar de Aquiles; para mais informações, veja o artigo do guerreiro).[103] Antes de tomar Troia, os gregos tiveram que roubar da cidadela a imagem de madeira de Palas Atenas. Finalmente, com a ajuda de Atenas, eles construíram o Cavalo de Troia. Apesar das advertências de Cassandra (filha de Príamo), os gregos foram convencidos por Sinon — grego que, fingindo sua argumentação, conseguiu levar o gigantesco cavalo para dentro das muralhas de Atenas. O sacerdote Laocoonte tentou destruir o cavalo, mas acabou sendo impedido por serpentes marinhas que, com suas forças, o mataram. Ao anoitecer, a frota grega regressou e os guerreiros do cavalo abriram as portas da cidade.[103]

O Ciclo Troiano proporcionou uma variedade de temas e se converteu em fonte principal de inspiração para os antigos artistas gregos (por exemplo, as métopas de Partenon representando o saqueio de Troia). Essa preferência artística pelos temas procedentes do ciclo troiano nos indica sua importância para a antiga civilização grega.[102] O mesmo ciclo mitológico, posteriormente, também inspirou uma série de obras literárias da Europa. Os escritores europeus medievais troianos, desconhecedores da obra de Homero, encontraram na lenda de Troia rica fonte de histórias heroicas e românticas e um marco que encorajou seus próprios ideais cortesãos e cavalarescos. Alguns autores do século XII, como Benoît de Sainte-Maure (em seu Poema de Troia) e José Iscano (em seu De bello troiano), descrevem a guerra simplesmente reescrevendo a versão padrão que encontraram em Dictis e Dares, seguindo o conselho de Horácio e o exemplo de Virgílio: reescrever um poema de Troia com veracidade, em lugar de contar algo completamente novo.[104]

Declínio

editar
 
Concepção de um trirreme da Grécia Antiga: as explorações marítimas dos gregos, uma das primeiras do homem antigo, contribuíram para a decadência do mito

A mitologia estava no coração da vida quotidiana na Grécia Antiga.[105] Os gregos consideravam toda a gama de enredos e personagens que hoje denominamos "mitologia grega" parte de sua história. Usavam o mito para explicar fenômenos naturais, variações de cultura, inimizades e amizades. Além disso, a mitologia serviu como fonte de orgulho para se traçar ascendência de grandes líderes e heróis mitológicos ou até mesmo deuses. Poucos eram os gregos que não criam nos relatos acerca da Guerra de Troia, da Ilíada e da Odisseia. De acordo com estudiosos como Victor Davis Hanson e John Heath, o conhecimento profundo da obra homérica era considerada pelos gregos a base de sua aculturação. Homero era a "educação da Grécia" (Ἑλλάδος παίδευσις) e sua poesia, "O Livro".[106] Nas seções a seguir, ver-se-á como gregos e romanos começaram a dar novas interpretações acerca das coisas, e como começaram a desacreditar dos poetas e dos dramaturgos. A figura do poeta era, sobretudo nos primeiros anos da era alfabetizada, a autoridade máxima, embora já nos tempos clássicos a sua posição tivesse mudado:[106]

Não acredito que os deuses se induljam em relações profanas; e para pôr vínculos nas mãos, eu nunca pensei ser digno de crença, nem serei agora tão persuadido, não mais acreditarei que um só deus seja dono e senhor de outro. Para a divindade, se realmente ela é uma divindade, não há desejos; isso não passa de miseráveis contos escritos por poetas.(Hércules para Teseu. Eurípides, Héracles 1340).[106]

Embora o primeiro exemplo acima tenha sido dito pelo personagem sobre-humano Hércules, ao tentar aprofundar sua compreensão sobre os mitos gregos o próprio cidadão da Grécia antiga encontrou certas limitações e contradições nessas histórias, o que desencadeou em uma série de processos filosóficos. A filosofia surge justamente para compreender a verdade, mas de forma diferente. Para a intelectual brasileira Marilena Chaui,[107] uma dessas contradições foi o fato de que os gregos começaram a realizar certas viagens marítimas e explorar algumas regiões das quais acreditavam serem habitadas por deuses, sendo que, quando a visitaram, puderam constatar que era povoada por outros seres humanos.[107]

Outros estudiosos acreditam que os gregos, ao inventarem o calendário, conseguiram calcular o tempo como forma de prever e entender os estados térmicos e também o Sol, a chuva e outros fatores climáticos (vistos, anteriormente, como feitos divinos e incompreensíveis) e, assim, proporcionaram grande mudança na crença dos mitos.[21] De forma semelhante, a invenção da moeda como forma de trocas abstratas e a escrita alfabética como forma de materialização de textos outrora propagados somente pela oratória, além da invenção da política para a exposição das opiniões sociais, seriam marcos da sociedade grega que, com o início dessa vida urbana e um tanto mais moderna, começaram a tecer bases para o artesanato, o comércio e outras criações que desprezariam o estatuto absoluto dos mitos.[21]

Com essas mudanças, o homem veria em si mesmo a necessidade de entendê-las e de desenvolvê-las, no que se criou a filosofia para suprir tal incompreensão.[21] Pierre Grimal compartilha dessa ideia ao escrever:

O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra. Logos e mito são as duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à 'lógica'; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma). Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante um ato de fé, caso pareça 'belo' ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações.[108]
 
O Triunfo da Civilização
Pintura por Jacques Réattu, 1793

Há boa parcela de estudiosos modernos que crê, portanto, que as habilidades poderosas de mudança saíram das mãos dos deuses imaginários e foram assumidas pelos homens antigos (e se estendem até nossos dias atuais, onde, por exemplo, acreditamos que uma administração política adequada — realizada e levada em frente pelos homens e não pelos deuses — pode resultar numa influência positiva nas sociedades, assim como uma administração inadequada resulta em influências negativas).[21] Outros pensadores também atribuem à vinda do cristianismo o declínio do mito grego. Antonio Salatino escreveu:

O cristianismo também representou o fim da mitologia, um processo que conduziu ao desenvolvimento do pensamento racional, favorecendo assim o desenvolvimento da ciência. Por seu turno, as conquistas científicas dos séculos XVII e XVIII reforçaram a confiança na superioridade do ser humano e fortaleceram o suposto direito do homem, baseado em fundamentos religiosos, de domínio sobre a natureza. A sobrevalorização dos conhecimentos derivados da ciência e do mundo civilizado e a negação dos valores dos povos selvagens conquistados levaram à extinção das tradições e línguas de muitas nações nativas.[109]

A astrologia, que, após a morte de Alexandre, o Grande, foi introduzida pela Mesopotâmia e pelo Antigo Egito no mundo grego, chegou a um período de ouro na Roma imperial e contribuiu para a preservação dos mitos durante a Idade Média.[110] Contudo, na própria Grécia clássica, o surgimento e a popularidade do racionalismo e da filosofia criaram até mesmo um debate entre a ideia de que os corpos celestes eram mesmo divindades em oposição à ideia de que eram meras pedras vagando pelo céu:

A posição no presente é, como eu já disse, exatamente o oposto daquilo que foi quando aqueles que examinavam esses objetos os consideravam sem alma. Entretanto, mesmo então constituíam objetos de admiração, e a convicção que é agora realmente sustentada já era motivo de suspeita de todos que os estudavam acuradamente, a saber, que se fossem sem alma, e por conseguinte destituídos de intelecto, jamais obedeceriam a cálculos de precisão tão maravilhosos. E até naquela época havia quem ousava arriscar-se a afirmar que a razão é a ordenadora de tudo que está no céu. Mas os mesmos pensadores, num equívoco quanto à natureza da alma e concebendo-a como posterior e não anterior ao corpo, transtornaram, por assim dizer, todo o universo e, acima de tudo, eles próprios. (Platão. Leis 967b et seq.).

Concepções greco-romanas

editar

Filosofia e mito

editar

A filosofia nasce através do mito, mas a ele acaba se opondo.[111] Ela surge no início do século VI a.C. em Mileto, e estudiosos escrevem que vários fatores favoreceram este nascimento: "efervescência comercial, prosperidade material, contato com outras culturas avançadas, sistema de governo democrático e, finalmente, cidadãos com tempo livre para o estudo e a reflexão.".[112] De fato, ao passo que a filosofia nascia, a preocupação de seus primeiros homens (Tales, Anaximandro e Anaxímenes, os filósofos pré-socráticos), além daquelas de ordem astronômica, era descobrir ou meramente indagar qual seria o elemento primordial do universo e da natureza, aquele que deu origem ao mundo—célebre exemplo de quanto as concepções cosmológicas da mitologia grega estavam sendo postas de lado para serem substituídas por novos estudos acerca do assunto, dessa vez racionais.[112] Nos finais do século V a.C., depois do auge da filosofia, da oratória, e da prosa, o destino e a veracidade dos mitos se tornaram incertos e as genealogias mitológicas deram lugar a uma nova concepção da origem das coisas, sendo que essa concepção tinha como prioridade a exclusão do supernatural (isto se mostra claro nas histórias tacidianas).[113] Enquanto os poetas e dramaturgos elaboravam os mitos, os historiadores e os filósofos por vezes desprezavam-os e criticavam-os.[114]

 
O Platão de Rafael em A Escola de Atenas (provavelmente à semelhança de Leonardo da Vinci). O filósofo expulsou o estudo de Homero, das tragédias e das tradições relacionados aos mitos gregos de sua utópica A República

Certos filósofos radicais, como Xenófanes, começaram no século VI a.C. a rotular os textos dos poetas como blasfêmias. Queixava-se de que Homero e Hesíodo atribuíam aos deuses "tudo o que é vergonhoso e escandaloso entre os homens, pois os deuses roubam, matam, cometem adultério, e enganam uns aos outros".[115] Essa linha de pensamento encontrou sua expressão mais dramática em A República (acerca da justiça, do universo e dos diversos tipos de governo) e em Leis (que trata da lei divina e natural, da educação e da relação entre filosofia, política e religião) de Platão. Platão criou os seus próprios mitos alegóricos (como o mito da caverna e o mito de Er em A República), atacando os contos tradicionais dos trucos, e tratando os furtos e os adultérios como imorais, opondo-se ao papel central que vinham tomando na literatura grega. A crítica de Platão - que rotulava os mitos de "palavrões antigos" -[116] foi o primeiro exercício e desafio sério à tradição mitológica homérica.[117] Aristóteles, por sua vez, criticou o enfoque filosófico pré-socrático quase-mitológico e destacou que "Hesíodo e os escritores teológicos estavam preocupados unicamente com o que lhes parecia plausível e não tinham respeito pelos outros [...] Mas não merece a pena tomar a sério os escritores que alardeiam o estilo mitológico; aqueles que procedem a demonstrar suas afirmações devem ser re-examinados".[113] Mesmo no início do Império Romano, o livro Metamorfoses, do romano Ovídio, possui nos finais do poema um pseudo-discurso do filósofo e matemático grego Pitágoras que, reivindicando a vida após a morte, o vegetarianismo e a esperança, diz Porque temeis o Estige, as trevas e os nomes inexistentes, matéria para poetas [...],[118] embora o discurso de Pitágoras escrito por Ovídio seja permeado por alusões a criaturas e deuses romanos como Juno, Lúcifer, Palante, Febo, Tíndaro, entre outros.[119]

As explicações filosóficas gregas que pretendiam revisar as mitológicas criaram consequências drásticas para os seus autores: Anaxágoras, por exemplo, partiu para um auto-exílio fora de Atenas por duvidar que a lua fosse uma deusa (explicação mitológica) e afirmar que, pelo contrário, vislumbrava em sua superfície mares e montanhas.[111] Aristóteles, que não aceitava a explicação de que o titã Atlas carregava a terra e o céu nas costas (afirmação que rotulou de "ignorância e superstição do povo grego"),[120] exilou-se por temer que terminasse como Sócrates, que obteve acusação de impiedade e morreu.[111] Sócrates foi condenado com 71 anos, acusado, entre outras coisas, de ateísmo e de corromper os jovens gregos com seus ensinamentos.[121] Meleto, poeta e um de seus acusadores, havia argumentado que "[...]Sócrates é culpado do crime de não reconhecer os deuses reconhecidos pelo Estado e de introduzir divindades novas; ele é ainda culpado de corromper a juventude. Castigo pedido: a morte".[122] Sócrates, após ficar preso a ferros durante 30 dias, morreu num método de auto-envenenamento da prisão da época,[123] ingerindo cicuta mas, antes de falecer, segundo Platão, incutiu uma dúvida em seus acusadores: "E agora chegou a hora de nós irmos, eu para morrer, vós para viver; quem de nós fica com a melhor parte ninguém sabe, exceto o Deus."[121]

Tais perseguições se estenderam épocas depois, atingindo seu auge na Idade Média (onde o cristianismo substituiu a filosofia) e declinando durante o Renascimento e principalmente no iluminismo (onde a filosofia grega começava a ser retomada e revisada).[111] Todavia, Platão não cuidou de separar si mesmo e sua sociedade da influência dos mitos: os estudiosos notam que sua própria caracterização de Sócrates baseia-se nos patronos tradicionais trágicos e homéricos, usados pelo filósofo para louvar o curso de vida e morte do seu mestre.[117] Em Apologia de Sócrates, Platão prescreve o discurso dado supostamente por Sócrates em seu julgamento:

Victor Davis Hanson e John Heath estimam que a rejeição de Platão acerca da tradição homérica não obteve boa recepção pela base da civilização grega.[117] Nesta etapa, os mitos mais antigos se mantiveram em cultos locais e seguiram influenciando a poesia e constituindo o tema principal da pintura da Grécia antiga e da escultura da Grécia antiga.[113] No teatro, de forma mais esportiva, Eurípedes elaborava intertextualidades com as antigas tradições e, embora suas personagens zombassem dos mitos tradicionais e duvidassem de boa parte deles, o foco dessas peças são completamente voltados aos mitos. A obra deste dramaturgo impugna principalmente os mitos sobre os deuses e inicia sua crítica à mitologia com um argumento similar ao previamente expresso por Xenófanes: "os deuses, como são tradicionalmente representados, são grosseiramente antropomórficos".[115]

Racionalismo helenístico e romano

editar

No helenismo, a mitologia adquire o prestígio do conhecimento da elite que encontrava nos feitos de seus possessores algo pertencente a determinada classe. Ao mesmo tempo, o giro cético da idade clássica tornou-se ainda mais defendida e pronunciada.[125] O mitógrafo grego Evêmero, por exemplo, estabeleceu uma tradição cuja prioridade era buscar base histórica real para seres e eventos míticos.[126] Embora sua obra original (Sagradas Escrituras) esteja perdida, muito do que ele escreveu sobre o assunto foi preservado por Diodoro Sículo e Lactâncio.[127]

 
Cícero via-se como o defensor da ordem estabelecida, apesar de seu ceticismo em relação aos mitos e sua preferência por concepções mais filosóficas sobre as divindades

O racionalismo hermenêutico (relativo a Hermes) acerca do mito tornou-se ainda mais popular sob o Império Romano, graças às teorias fisicalistas do estoicismo e graças à filosofia epicurista. Os estoicos apresentavam explicações dos deuses e dos heróis como fenômenos físicos, enquanto que os evêmeristas compreendiam-os como figuras históricas. Contudo, os estoicos — assim como os neoplatonistas — promoviam os significados morais da tradição mitológica, frequentemente baseando-se nas etimologias gregas.[128] Mediante sua mensagem epicuriana, Lucrécio buscava expulsar os temores supersticiosos das mentes de seus vizinhos e cidadãos.[129] Lívio, igualmente, é cético acerca da tradição mitológica e clama que não tinha como intenção ajuizar tais lendas.[125] O desafio dos romanos com um forte sentido apologético da tradição religiosa era defendê-la enquanto concediam que isto era frequentemente um terreno fértil para a superstição. O antiquário Varrão, que considerava a religião uma instituição romana de grande importância para a preservação do bem social, dedicou rigorosos anos de sua vida a estudar as origens dos cultos religiosos. Em sua Antiquitates Rerum Divinarum (que não sobreviveu aos nossos dias, embora De Civitate Dei, de Agostinho, conserve seu foco geral), Varrão argumenta que, enquanto o homem supersticioso teme os deuses, a autêntica persona religiosa os venera como parentes de uma mesma família.[129]

Em sua obra, existiam três tipos de deuses: Os deuses da natureza: personificações de fenômenos como a chuva e o fogo;[129] Os deuses dos poetas: inventados pelos bardos sem escrúpulos para incitar as paixões;[129] Os deuses da cidade: inventados pelos sábios legisladores para iluminar e acalmar a população.[129]

O acadêmico romano Cott ridicularizou tanto a acepção literal dos mitos como a alegórica, declarando rotundamente que ambas não teriam lugar na filosofia.[125] Cícero, por sua vez, desprezava os mitos, mas, como Varrão, era enfático em seu apoio para a religião e suas consecutivas instituições estatais.[125] É difícil saber quão baixo se estendia esse racionalismo na escala social.[125] Cícero afirma que ninguém (nem mesmo velhos, mulheres ou crianças, ou qualquer outro tipo de coisa) é tolo a ponto de crer nos terrores de Hades ou na existência de Cila, de centauros e de outras criaturas compósitas,[130] todavia o orador queixa-se constantemente do caráter supersticioso e crédulo das pessoas.[131] De natura deorum é o resumo mais exaustivo dessa linha de pensamento fixada por ele.[125]

Tendências sincronatórias

editar
 Ver artigo principal: Sincretismo
 
Na religião romana, o culto do deus grego Apolo (na imagem estátua romana de um original grego, nos Museus Capitolinos, Roma) foi sincronizado com o culto de Sol Invicto. A adoração do sol como protetor do império permaneceu como principal culto imperial até ser substituído pelo cristianismo

Durante a época do auge romano, surgiu a tendência popular de sincronizar os múltiplos deuses gregos e estrangeiros em novos cultos estranhos e quase irreconhecíveis. A sincronização ocorreu principalmente pelo fato dos romanos terem um conjunto/panteão de mitos muito precário, fazendo com que a tradição de mitos gregos fossem misturadas com os principais deuses romanos (interligando equivalentes das duas tradições).[125] Os deuses Zeus e Júpiter são exemplos desse envolvimento mitológico. Ainda nessa etapa de combinação entre duas tradições mitológicas, tudo indica que a associação dos romanos com a religião oriental resultou em mais sincronizações.[132] Um exemplo é o culto do sol, introduzido em Roma depois das campanhas de Aureliano na Síria. As divindades Mitra e Baal, ambas asiáticas, foram sincronizadas com o deus grego Apolo e com Hélio numa só figura, o Deus Sol Invicto — que possuía (segundo a crença dos povos) atributos somados e, nas práticas de cultos, ritos conglomerados. Apolo podia ser cada vez mais identificado na religião com Hélio ou incluso com Dionísio, mas os textos que recapitulavam seus mitos raramente refletiam essas metamorfoses. A literatura mitológica tradicional estava cada vez mais desassociada das práticas religiosas reais.[133]

A coleção de Hinos Órficos e da Saturnália de Macróbio, conservadas desde o século II, também estão influídas pelas teorias racionalistas e pelas tendências sincronatórias. Os hinos órficos são um conjunto de composições poéticas pré-clássicas, atribuídas a Orfeu. Na realidade, estes poemas foram provavelmente compostos por vários poetas, e contém um rico conjunto de pistas sobre a mitologia pré-históricas da Europa. O objetivo da Saturnália é a de transmitir a cultura helênica que havia obtido de suas leituras, apesar de seu tratamento dos deuses ser contaminado pela mitologia e pela teologia egípcia e norte-africana (que também acabam afetando as interpretações de Virgílio). Na Saturnália, reaparecem os comentários mitográficos influídos pelos evemeristas, estoicos e pelos neoplatônicos.[128]

Interpretações modernas

editar
 
O alemão Johann Joachim Winckelmann, através dos trabalhos de estudiosos como Gesner e Heyne, estabeleceu as primeiras distinções entre arte grega, greco-romana e romana

A gênesis da moderna compreensão da mitologia grega é considerada por certos escolares como dupla reação dos finais do século VIII contra a "tradicional atitude da animosidade do cristianismo", onde a reinterpretação cristã dos mitos como "mentira" ou "fábula" havia se conservado.[134] Na Alemanha, em cerca de 1795, houve crescente interesse por Homero e pela mitologia grega. Em Gotinga, Johann Matthias Gesner começou a dar alma aos estudos gregos, enquanto seu sucessor, Christian Gottlob Heyne, trabalhou com Johann Joachim Winckelmann, e desenvolveu as bases para a pesquisa e investigação mitológica tanto na Alemanha como em outros lugares.[135] Heyne abordou o mito como filólogo e moldou os alemães educados na concepção da antiguidade ao longo de quase meio século, durante o qual a Grécia antiga exerceu intensa influência na vida intelectual da Alemanha.[136]

A mitologia comparativa é a comparação dos mitos de diferentes culturas que possui a intenção de identificar os temas e as características compartilhadas.[137] Ela tem servido a uma variedade de fins acadêmicos. Por exemplo: os estudiosos têm utilizado as relações entre os diversos mitos para rastrear a evolução das religiões e das culturas, para propor origens comuns de diferentes culturas, e para apoiar várias teorias psicológicas. Falando em psicologia, as modernas interpretações do mito grego abriram espaço para abrangente compreensão psicológica acerca deles. Alguns estudiosos propõem que mitos de diferentes culturas revelam a mesma, ou semelhante, força psicológica no trabalho dessas culturas. Assim, alguns pensadores freudianos têm identificado histórias semelhantes à história grega de Édipo em culturas diferentes. Eles argumentam que estas histórias refletem as diferentes expressões do Complexo de Édipo nessas culturas.[138] De mesmo modo, pensadores junguianos têm identificado imagens, temas e padrões que aparecem, do mesmo modo, nos mitos de muitas culturas diferentes. Eles acreditam que essas semelhanças são resultados de arquétipos presentes no inconsciente coletivo dos níveis mentais de cada pessoa.[139]

Enfoques comparativos e psicanalíticos

editar
 
Max Müller é considerado um dos fundadores da mitologia comparativa. Em seu Mitologia Comparativa (1867), Müller analisa a "perturbadora" similaridade entre as mitologias de "raças selvagens" com as das primeiras europeias

O desenrolar da filologia comparativa no século XIX — junto com os descobrimentos etnológicos do século XX — fundou a "ciência da mitologia".[140] Desde o romantismo, todo o estudo dos mitos era comparativo: Wilhelm Mannhardt, James Frazer e Stith Thompson ampliaram o foco comparativo para recoletar e classificar os temas do folclore e da mitologia.[140] Em 1871, Edward Burnett Tylor publicou seu Primitive Culture, onde aplicou o método comparativo com a intenção de explicar a origem e a evolução da religião.[141][142] O procedimento de Taylor de agrupar o material mítico, ritualístico e cultural de culturas ampliamente separadas influenciou tanto Carl Gustav Jung como Joseph Campbell.[141] Max Müller aplicou a nova ciência da mitologia comparativa ao estudo dos mitos, no qual se detectou os restos distorcionados do culto à natureza ariana.[140] Bronisław Malinowski enfatizou as formas nas quais os mitos cumpriam funções sociais comuns.[140] Claude Lévi-Strauss e outros estruturalistas compararam as relações formais e paternas em mitos de todo o mundo.[140]

Sigmund Freud, com a psicanálise, introduziu a concepção transhistórica e biológica do homem na visão do mito como expressão de ideias reprimidas.[143] Através de mitos como o de Édipo,[144] Freud estabeleceu concepções inovadoras a respeito da mente humana, criando teorias diferentes de tudo o que se tinha pensado até então,[145] como o Complexo de Édipo[144] e, fundamentalmente, a ideia de inconsciente.[144] Essa sugestão encontraria um importante ponto de acercamento entre as visões estruturalistas e psicoanalísticas dos mitos no pensamento de Freud. Carl Gustav Jung estendeu o enfoque transhistórico e psicológico com sua teoria do inconsciente coletivo e os arquétipos (patronos arcaicos herdados), às vezes codificados nos mitos, que são derivados da mesma.[7] Segundo Jung, "os elementos estruturais que formam os mitos devem ser apresentados na psique inconsciente".[146] Comparando a metodologia de Jung com a teoria de Joseph Campbell, Robert A. Segal conclui que "para interpretar um mito, Campbell simplesmente identifica os arquétipos nele. Uma interpretação de A Odisseia, p. ex., mostraria como a vida de Odisseu se ajusta a um patrono heroico. Jung, pelo contrário, considera a identificação de arquétipos meramente no primeiro passo da interpretação de um mito".[147] Károly Kerényi, um dos fundadores dos estudos modernos do mito grego, e um dos maiores estudiosos de tal folclore, abandonou seus primeiros pontos de vista sobre os mitos para aplicar as teorias de arquétipos de Jung à mitologia grega.[148] Segundo Kerényi, a mitologia grega é "um conjunto de contos sobre deuses, deusas, batalhas heroicas e jornadas ao mundo subterrâneo, sendo contos famosos, mas já não tão propícios a possíveis reformulações."[149]

Teorias da origem

editar
 
Júpiter e Tétis quadro do francês neoclássico Dominique Ingres, 1811

Existem diversas teorias sobre a origem da mitologia grega. De acordo com a Teoria Escritural, todas as lendas mitológicas procedem de relatos dos textos sagrados, no qual os feitos reais foram disfarçados e, posteriormente, alterados. A Teoria Histórica, por sua vez, defende a tese de que todas as personas mencionadas na mitologia foram uma vez seres humanos reais, e as lendas sobre elas são meras adições de épocas posteriores (assim, supõem-se que a história de Éolo surgiu do fato de que este era governante de algumas ilhas do mar Tirreno). Já a Teoria Alegórica supõe que todos os mitos antigos eram alegóricos e simbólicos,[150] embora tivessem em seu contexto determinada verdade moral, religiosa ou filosófica ou um fato histórico que, com o passar do tempo, passaram a ser aceitas como verdade.[151] Finalmente, a Teoria Física se adere à ideia de que os elementos como ar, fogo e água foram originalmente objetos de adoração religiosa, sendo que as principais deidades passaram a ser personificações desses poderes da natureza.[150] Max Müller tentou compreender uma forma religiosa indo-europeia determinando sua manifestação "original": em 1891, ele afirmou que "o descobrimento mais importante que se tem feito no século XIX a respeito da história antiga da humanidade [...] foi essa simples equação: Dyeus-pitar sânscrito = Zeus grego = Júpiter latino = Tyr nórdico."[141] Em outros casos, perto dos paralelos, o caráter e a função sugerem uma herança comum, mas a ausência de evidências linguísticas faz com que seja difícil prová-la, como na comparação entre Urano e o Varuna sânscrito, ou entre as Moiras e as Nornas.[152][153]

 
Afrodite e Adônis
Cerâmica com figuras vermelhas em forma de aríbalo, ca. 410 a.C., Louvre

A arqueologia e a mitografia, numa outra consideração, tem revelado que os gregos foram inspirados por algumas civilizações da Ásia Menor e do Oriente Próximo. Adônis parece ser o equivalente grego — mais claramente nos cultos do que em suas histórias míticas — de um "deus moribundo" do Oriente Próximo.[154] Tudo indica que Cíbele, por sua vez, tem suas raízes na cultura anatólica, enquanto grande parte da iconografia de Afrodite surge das deusas semíticas.[154] Existem possíveis paralelismos entre as gerações divinas mais antigas (Caos e seus filhos) e Tiamat em Enuma Elish.[155] Segundo o estudioso Meyer Reinhold, "os conceitos teogônicos do Oriente Próximo, incluindo a sucessão divina mediante a violência e os conflitos gerados pelo poder, encontraram seu caminho [...] na mitologia grega."[156] Seguindo as origens indo-europeias e do Oriente Próximo, alguns investigadores especulam sobre as obrigações da mitologia grega com as sociedades pré-helênicas: Creta, Micenas, Pilos, Tebas e Orcómeno.[157] Os historiadores da religião estavam fascinados por várias configurações de mitos, aparentemente antigos, relacionados com Creta (o deus como toro, Zeus e Europa, Pasífae que produz toro e dá a luz ao Minotauro; etc.).[158] O professor Martin P. Nilsson concluiu que todos os grandes mitos da Grécia antiga estavam atados aos centros micênicos e âncorados em épocas pré-históricas.[158] Todavia, de acordo com Walter Burkert, a iconografia do período do palácio cretense praticamente não tem dado confirmação alguma sobre a veracidade de todas estas teorias.[157]

Legado e importância

editar

O mito é o nada que é tudo.[...]

Fernando Pessoa[159]

Localizada na juntura da Europa, Ásia e África, a Grécia é o berço de nascimento da democracia,[160] da filosofia ocidental,[161] dos Jogos Olímpicos, da Literatura ocidental e da historiografia, bem como da Ciência política, dos mais importantes princípios matemáticos, e também o berço de nascimento do teatro ocidental, incluindo os gêneros do drama, tragédia e o da comédia.[162] Apaixonados pelo debate e pela controvérsia,[163] os gregos criaram os primeiros ordenamentos políticos com cunho democrático, onde compartilhavam e defendiam argumentações.[163] Esses princípios fundamentais definiram o curso do mundo ocidental, e também divulgaram a mitologia grega, que ainda se torna eficiente, segundo muitos autores, para a educação acadêmica nas escolas de ensino fundamental e superior, como também para um entendimento mais profundo e filosófico do ser humano.[163]

Educação e literatura

editar

Em Como e por que ler os clássicos universais desde cedo (2002), livro que dá dicas de como impor de forma criativa e prazerosa os grandes clássicos da cultura ocidental para as crianças,[164] Ana Maria Machado considera a cultura grega antiga como tesouro da humanidade que desperta entusiasmo a muitos leitores de diferentes épocas.[165] Machado ainda complementa: "[a cultura grega antiga] são uma fonte inesgotável, onde sempre podemos beber. Para muita gente, eles são os mais fascinantes de todos os clássicos. Provavelmente são os que mais marcaram toda a cultura ocidental."[165]

Os jovens que têm cultura clássica estão menos sujeitos a se deixarem escravizar por seitas limitadoras, por religiões aprisionadoras. Eles têm uma liberdade espiritual trazida pela consciência de que a cultura tem sua história, seu desenvolvimento, sua diversidade.

José Antonio Alves Torrano, um dos mais prolíficos tradutores de textos gregos para a língua portuguesa, em 2005.[166]

Hoje em dia, a preocupação escolar acerca da criação de um "aluno leitor" bem formado busca caminhos na literatura grega que aproximem esse aluno das histórias míticas enraizadas em temas como amor, ódio, felicidade e morte, para que esses alunos sintam-se seduzidos pelo bom livro, a fim de se interessarem por literatura.[167] Para o estudioso Roland Barthes,[168] se todas as disciplinas desaparecessem dos currículos universitários, bastaria que permanecesse a literatura porque essa contém todas as outras.[168] A literatura grega, segundo Barthes, contribuiria para a formação de leitores críticos e sensíveis com sua realidade, porque "[são] um logro magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução permanente da linguagem.".[168]

Para alguns estudiosos e pesquisadores em educação, restou aos cargos da pedagogia compartilhar e criar interesse na leitura de bibliografia competente e agradável ao aluno.[167] Se, por um lado, a utilização da mitologia grega nas salas das faculdades ou das escolas possa parecer atividade sem originalidade, a professora Kênia Maria de Almeida Pereira, em ensaio da Universidade Federal de Uberlândia, defende que estudá-la seria "[...] uma atividade complexa e atual, rica em detalhes, prazerosa e surpreendente."[169] Ela cita Julia Kristeva, que afirmava que todo texto se converte num mosaico de citações, de absorção e transformação de outros textos,[170] e também cita Umberto Eco, para quem os livros sempre falam de outros livros e qualquer história conta uma história já contada,[171] além de dizer: "[...]todo texto devora outro, numa espécie de antropofagia infinita, em que o artista digere as linhas alheias para recompor seu próprio texto: eis aí uma das facetas da originalidade.".[172]

A professora sugere que os pedagogos trabalhem com textos gregos clássicos que tratem da mitologia, e com textos prosaicos ou poéticos da literatura brasileira (e outras) que façam intertextualidade com esses primeiros.[173] Tal método estaria estabelecendo uma maior aproximação da literatura nacional e os temas que ela aborda,[173] como também aguçando a leitura dos alunos para observarem casos em que o poeta cita outros.[173] Kênia encerra seu ensaio citando o livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, em que ele diz que "o educador é aquele profissional que desencadeia o exercício da curiosidade, da intuição e da imaginação em seus educandos.".[174] O professor cumpriria seu papel ao destacar a curiosidade no estudante, que seria capaz de conjecturar, comparar, e provocar, e essas inquietações iriam ser a base para a formação de seu espírito crítico, que também pesquisa e devota a leitura, numa forma de usá-la como ferramenta auxiliadora de segurança, competência e generosidade em seu caminho acadêmico e profissional posterior ao universitário.[174]

Cultura: língua e atividade

editar

Profissionais envolvidos com filosofia, história, letras, teatro e religião são frequentemente solicitados a conhecerem a língua grega, uma vez que esse conhecimento possibilita a leitura dos textos de referência na forma original.[175] Conhecer a língua grega implica ter a possibilidade de ler os mitos gregos com a riqueza de detalhes em que foram originalmente escritos.[176] Seguindo esse pensamento, profissionais envolvidos com psicologia e psicanálise, ou com sociologia, se beneficiariam na atividade da leitura original, uma vez que Sigmund Freud abriu uma série de estudos acerca do mito de Édipo, enquanto que Marx se debruçou sobre Prometeu.[176] O domínio do grego clássico propicia vantagem prática na elaboração de textos em língua portuguesa, já que esta traz em sua estrutura palavras derivadas de equivalentes gregos,[177] e o aprendizado de sua etimologia auxiliaria na dedução e dissecação de muitos significados de palavras e expressões em outras línguas.[178] Através do domínio de sua linguagem, a cultura grega se aproxima de tal forma que é possível desvendar as origens de muitas características da própria origem de quem a estuda, além do estudioso ser capaz de fazer contrastes necessários entre as duas, como também investigar sua visão e sua ação no mundo, pois cultura e língua andam juntas.[179]

Por meio de todo esse aspecto cultural e linguístico, os mitos tornam-se alternativa ou caminho do mundo e dos seres humanos, talvez um modo de conhecer as questões fundamentais da existência humana,[180] como ver-se-á na próxima subseção.

Preservação, humanismo, psicologia, antropologia

editar

Através dos mitos, e de outros aspectos de sua cultura, aos gregos antigos são creditadas muitas contribuições ao mundo Ocidental de hoje, dentre as quais:

• o desenvolvimento harmonioso do corpo e da mente humana;[181]
• a cidade autônoma;[181]
• a concepção da arte;[181]
• a especulação filosófica.[181]
 
Prometeu Carregando Fogo, por Jan Cossiers: preservado pelo século XVII, o mito de Prometeu é considerado humanista a partir do momento que ele rouba fogo divino e compartilha com os humanos, sua própria criação, numa tentativa comum de tornar-se o dono do mundo.[182][183]

A mitologia grega foi retomada e revista nas artes e nos campos intelectuais dos séculos posteriores àqueles em que tinha se originado, e a preservação de seus mitos contribuiu fundamentalmente na compreensão do ser humano enquanto figura do humanismo.[184][185] Em Linguagem e Mito, o filósofo Ernst Cassirer afirma que "[...]a mitologia irrompeu com mais força nos tempos mais antigos da história do pensamento humano, mas nunca desapareceu por inteiro".[186] Sendo assim, os mitos gregos influíram, indiscutivelmente, na filosofia, na parapsicologia, e nas consciências educacionais, ecológicas e sobre nós mesmos.[187][188][189][190] Na psicologia, especificamente, os simbolismos da mitologia grega representam um papel fundamental: os psicólogos associam a borboleta à estreita relação entre a mente do homem e a sua natureza espiritual, bem como a transformação, alma, libertação, sorte, sensualidade, e psiquê[191] (cuja origem vem do grego psyché).[192] Muito antes, contudo, os gregos representavam a alma humana como uma borboleta para dar-lhe o significado simbólico de transformação e da passagem da vida corpórea para a vida espiritual.[192][193] Portanto, muitos dos conceitos atuais se apoiaram em heranças que a mitologia da Grécia nos legou. Para Mircea Eliade, "os mitos gregos, efetivamente, narram não apenas a origem do Mundo, dos animais, das plantas e do homem, mas também de todos os acontecimentos primordiais em consequência dos quais o homem se converteu no que é hoje um ser mortal, sexuado, organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, e trabalhando de acordo com determinadas regras."[194]

Maria Lucia Gili Massi,[195] chefe da área de desenvolvimento de recursos humanos, apontou numa entrevista de maio de 2005, que os "mitos ajudam a entender relações humanas."[195] Para o professor de Literatura e História da Arte Fábio Brazil,[196] conhecer os mitos, "sejam eles polinésios, tupinambás, maias, sumérios ou gregos não é o estudo de um fenômeno local e temporal, é o estudo e conhecimento da resposta simbólica do homem diante da natureza interna e externa à sua psique [...]", e reforça que os mitos gregos "[são] para nós um ato de autoconhecimento."[196] Segundo Brazil, através dessa convenção olhar o mito pela face da religião fará com que olhemos também seus desdobramentos na história e na arte; se olharmos o mito pela face da arte, olharemos, inevitavelmente, seus desdobramentos na religião e na história e, por último, se o olharmos através da história, inevitavelmente seremos obrigados a olhá-lo também na arte e na religião.[196] Para o francês Lévi-Strauss, fundador da antropologia estruturalista,[197] as narrativas míticas, com seu poder de fascinar por meio de heróis audaciosos, ainda são fontes de vigor, resistência, e de referência para os ocidentais.[198] No livro O Cru e o Cozido (2004), Strauss afirma que os mitos gregos são vantajosos por serem capazes de configurarem-se em "analogias universais que, independentes da língua materna de cada um, podem ser familiares a todos nós.".[198]

Influência

editar

Europa e América do Norte

editar
 
O Nascimento de Vênus, de Botticelli (c. 1485–1486, Uffizi, Florença) é uma Venus Pudica revivida para um novo ponto de vista da antiguidade pagã: muitos a compreendem como o resumo do espírito renascentista.[7]

A ampla adoção do cristianismo no Ocidente não freou a popularidade dos mitos greco-romanos. Com o redescobrimento da antiguidade clássico no Renascimento, a poesia de Ovídio se converteu em influência importante para a imaginação dos poetas, dramaturgos, músicos e artistas ocidentais.[199] Desde os primeiros anos do Renascimento, personalidades como Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael retrataram os temas pagãs da mitologia grega adicionando temas cristianos mais convencionais.[199] Mediante o latim e as obras de Ovídio, os mitos gregos influenciaram poetas medievais e renascentistas como Petrarca, Boccaccio e Dante, na Itália.[7]

No Norte da Europa, a mitologia grega nunca alcançou a mesma importância nas artes visuais, mas sua influência na literatura foi colossal. Os mitos gregos produziram efeitos na imaginação inglesa de nomes como Chaucer e John Milton e seguiu em destaque de Shakespeare à Robert Bridges, no século XX. Racine da França e Goethe da Alemanha reviveram os dramas do teatro grego antigo, re-interpretando os mitos mais antigos.[7][199]

Embora o iluminismo tenha estendido por toda a Europa uma reação contra os mitos gregos, estes continuaram sendo importante fonte de material para os dramaturgos, incluindo os autores de libretos de muitas óperas, como Händel e Mozart.[199] Em finais do século XVIII, o romantismo proporcionou aumento no entusiasmo da cultura grega, incluindo a mitologia. Na Grã-Bretanha, novas traduções em cima das tragédias gregas e das obras de Homero inspiraram poetas (como Alfred Tennyson, Keats, Byron e Shelley) e pintores contemporâneos (como Lord Leighton e Lawrence Alma-Tadema).[199] Em épocas mais recentes, os temas clássicos foram re-interpretados pelos dramaturgos Jean Anouilh, Jean Cocteau e Jean Giraudoux na França, Eugene O'Neill nos Estados Unidos e T.S. Eliot na Grã-Bretanha, e por novelistas como James Joyce e André Gide.[7]

Brasil e Portugal

editar
 
Em Camões, a mitologia serve como "oficina de imagens; corpo poético para a revelação de forças hostis ou benéficas da natureza, das relações sociais e do coração humano; e veículo da fé do poeta num Deus único, eterno e superior aos homens".[200]

A mitologia grega foi utilizada pelos lusófonos de forma expressiva e ampla, sendo aproveitada em campos como a música, a literatura e notavelmente o teatro, refletindo as características de seus mitos com os aspectos sociais condizentes com seu tempo. Em sua magnum opus Os Lusíadas, Luís de Camões modelou sua linguagem adotando a mitologia grega com o intuito de ordenar e enfatizar seu poema.[200] Camões acreditava que poetizar a mitologia era dar "uma unidade de ação e um enredo dinâmico ao seu poema e usufruir do sentido autônomo de beleza que as imagens possuem".[201] Sua obra é vista como tentativa de converter os mitos em termos de realidade histórica, servindo-se do estilo clássico para elevar os ideais do cristianismo.[202] Certos críticos observam que Camões atribui a Vênus características harmoniosas e de organização para representar o espírito do Ocidente, enquanto que Baco é a corporização do espírito do Oriente, com características vaidosas e desorganizadas.[200] Seu estilo é visto como espécie sem definições definitivas.[203]

Monteiro Lobato — apaixonado pela influência que a cultura grega sobrepôs na língua portuguesa[204] — explorou a tradição da mitologia grega cumprindo seus projetos ligados ao público infanto-juvenil (dessa forma, a obra de Lobato foi norteada através de sua compreensão de que o mito grego era o alimento do espírito, algo que ele especifica no mito nacional do Saci).[205] Lobato, cuja intertextualidade dá-se por meio de linguagem simples (às vezes incluindo definições de vocábulos),[204] retomou temas mitológicos em obras como O Minotauro e Os Doze Trabalhos de Hércules, adotando uma linguagem infantil em ambas as obras. Suas intenções eram transmitir mensagens sobre família, educação e imaginação, ao mesmo tempo que mostrava "o maravilhoso [do mundo mitológico]" como a "pueril mágica do cotidiano". Antes de Lobato, a intertextualidade já se dava por meio do Padre Antonio Vieira, que escrevia seus sermões em território brasileiro, utilizando muitas vezes as figuras de Narciso, de Midas e das Parcas para referir-se à vaidade, a avareza e a morte, explicando: "Só uma coisa há que não pode passar, porque o que nunca foi, não pode deixar de ser, e tais parece que foram as fábulas que neste mesmo tempo se inventaram e fingiram."[206] Inspirado pelas Metamorfoses de Ovídio, Cruz e Silva produziu doze metamorfoses, inteiramente influenciado pelo mito grego.[207]

 
Em Vinicius, a mitologia aparece como um meio de dizer sobre amor, paixão e música

Na poesia, destacam-se: Prosopoéia, de Bento Teixeira (poeta fascinado por Camões),[169] cuja estrofe XV faz referência à Proteu;[208] Marília de Dirceu, escrito por Tomás Antônio Gonzaga no século XVIII, época em que o Arcadismo retomava o costume de citar textos da Grécia clássica, onde Gonzaga diz, "[...] O terno corpo despido/ E de Amor, ou de Cupido…";[209] Vozes D'África, poema do baiano Castro Alves, em que ele cita Prometeu,[210] incluindo hipérboles e comparações ao seu estilo romântico; o poema Helena, de Luiz Delfino, onde há alusões a Helena de Troia, Paros e à Grécia antiga;[211] Augusto dos Anjos, adepto do Simbolismo e com seu pessimismo típico, evoca a figura da Quimera no poema Versos Íntimos,[212] onde há uma espécie de angústia perante o século novo e a ameaça da Primeira Guerra Mundial;[173] o poema do Modernismo Bacanal, de Manuel Bandeira, onde Bandeira cita o nascimento do vinho e do teatro, com a figura de Dionísio, além de saudar: "Evoé Baco!",[213] e — finalmente — Carlos Drummond de Andrade com o poema Rapto, onde o evoca a cena bizarra de Ganimedes sendo raptado pelo Deus Júpiter na porta de uma boate carioca.[214][215]

Vinicius de Moraes escreveu Orfeu da Conceição originalmente em 1942, reescreveu seu texto em 1955, e a peça só foi montada em 1956 no Rio de Janeiro.[216] A peça baseia-se no mito de Orfeu, que descia até Hades com Eurídice cantando docemente para que os mortos deixassem os dois passarem.[217] Aproveitando os dotes musicais que os gregos antigos atribuíam a Orfeu, cantor e instrumentista da lira, Moraes fez de seu Orfeu um condutor de bonde e sambista que mora num morro do Rio de Janeiro.[216] A obra de Vinicius, que é vista como uma tentativa de unir o drama com a poesia lírica,[216] rendeu o álbum musical Orfeu da Conceição com as músicas da peça, uma adaptação ítalo-franco-brasileira famosa e premiada para o cinema intitulada Orfeu Negro, sob a direção de Marcel Camus, e também um de seus grandes sucessos com Tom Jobim: a canção "Se Todos Fossem Iguais a Você".[216][218] Aliás, a peça marcou o início da amizade e da produção artística dos dois,[219][220] sendo esse acontecimento, para Vinicius, o ponto principal dos resultados obtidos por ele em sua composição da obra.[218]

 
A obra de Saramago, como a de Chico Buarque, adota a mitologia para falar de política e situações contemporâneas

Oduvaldo Viana Filho adaptou para a televisão brasileira o texto de Medeia, do grego Eurípedes, e, a partir dessa produção, Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes recuperaram o mito de Medeia ao escreverem um musical intitulado Gota d'água (1975),[221] retratando o abandono que Joana, a personagem principal, sofre pelo marido, e as consequências trágicas que a levam a assassinar os próprios filhos numa favela do Rio de Janeiro, à semelhança de Medeia, que os assassinou após ser deixada por Jasão.[217] Ambientada numa área urbana do Rio de Janeiro, a tragédia incorporava em seu texto mais de quatro mil versos,[221] e sua primeira encenação teve Bibi Ferreira no papel principal.[221] Gota d'água, de Buarque e Pontes, é vista como drama que tenta focalizar a realidade brasileira da década de 1970 e sua desigualdade social, a resistência de sua democracia durante sua ditadura militar,[222] e sua política autoritarista,[223] bem como os temas mais universais como a traição, moralidade e o amor (presentes no original grego). José Saramago, em território português, publicou O Homem Duplicado em 2002, revestindo o mito de Anfitrião a um estilo pós-moderno ao narrar as consequências que o personagem Tertuliano vem a sofrer por ter perdido sua individualidade após se envolver com uma cultura alienante e massificadora.[217] Através desse enredo, Saramago propõe uma reflexão sobre política e cidadania e estabelece uma intertextualidade moderna e criativa da mitologia grega.[217]

Neopaganismo e resgate

editar
 Ver artigo principal: Religião na Grécia Antiga
 
Neopaganistas helênicos do Supremo Conselho dos Gentios Helenos no festival anual Prometheia, Grécia, junho de 2006

Com o advento do neopaganismo, surgiram grupos de homens da Grécia moderna interessados em resgatar os mitos gregos e adorá-los como religião e verdade. De fato, esse grupo neopagão não os vê como mitos e não veneram o que hoje conhece-se como "mitologia grega", e sim são resgatadores da religião da Grécia Antiga. O dodecateísmo (também chamado de neopaganismo helênico) desde a década de 1990 tenta reviver as práticas religiosas da Grécia Antiga. Este movimento, por vezes englobado dentro de um mais amplo chamado reconstrucionismo politeístico helênico, prega o politeísmo, a ortopraxia, e reconhece os doze deuses olímpicos (Zeus, Hera, Posidão, Apolo, Ártemis, Afrodite, Ares, Hefesto, Atena, Hermes, Deméter, Héstia e Dionísio), embora dentro do dodecateísmo tenham surgido grupos e/ou organizações menores que preferem focar seus rituais em um deus ou deuses específicos. O Supremo Conselho dos Gentios Helenos (em grego, Ύπατο Συμβούλιο των Ελλήνων Εθνικών ou YSEE) se estabeleceu em 1997 e está rapidamente se tornando a organização preeminente que representa a religião em todo o mundo helênico. Não se sabe ao certo quantos adeptos existem dentro do neopaganismo helênico, contudo sabe-se que há uma comunidade significativa nos Estados Unidos e que cerca de 2 500 pessoas participaram do festival anual chamado Prometheia de 2005, promovido pelo YSEE. Mesmo tradições que não sofram influência direta do mundo grego se interessam pela mitologia grega. É o caso da Wicca que, embora foque na religião celta e no culto bruxo, possui adeptos ecléticos que simpatizam com antigos conceitos de mente, corpo e espírito legado da filosofia grega.[224] Com a primeira evidência de uma prática pagã de bruxaria nos anos 30 (hoje reconhecida como Wicca),[225][226] na Inglaterra, diversos grupos pelo país, em Norfolk,[227] Cheshire[228] e outros, estavam abertos a influências de diversas outras fontes como o romantismo, as religiões asiáticas e também a mitologia grega.[229]

Ver também

editar
Notas
  1. Período Geométrico: trata-se de uma fase da arte grega, que data de 900 a 800 a.C., caracterizada por pinturas em vasos.
  2. Prometeu Acorrentado: o texto da peça está em domínio público e pode ser lido em pdf ou em html através das seguinte ligações: Prometeu Acorrentado (html); Prometeu Acorrentado (pdf). Ligação externa: Ebooks Brasil.org.
Referências
  1. a b c d Sacconi, Antonio. Minidicionário Sacconi. Verbete: mitologia 1-2 (sobre mitologia grega), p. 462.
  2. "Volume: Hellas, Article: Greek Mythology". Encyclritualopaedia The Helios. (1952).
  3. Sem nome, "Arte grega" Arquivado em 8 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine.. Acesso: 1 de fevereiro de 2009
  4. Elisa Goldman, "A importância da tradição oral para a civilização grega". Revista Educação Pública. Acesso: 15 de agosto de 2015.
  5. Santos, 2010, p.246.
  6. Vilarinho, Sabrina. «Literatura Grega». Brasil Escola. Consultado em 25 de março de 2021 
  7. a b c d e f g h i j "Greek Mythology". Encyclopædia Britannica. (2002).
  8. Sem nome. "Os mitos gregos e sua influência na cultura ocidental". História Geral: Uol Educação. Acesso: 30 de agosto de 2008.
  9. J.M. Foley, Homer's Traditional Art, 43
  10. Dundes, "Madness", p. 147
  11. Doty, p. 11-12
  12. Segal, p. 5
  13. "Guia Geográfico Grécia". Acessado em 18 de julho de 2010.
  14. (em inglês) termo "mito", Dicionário OED. Acesso: 27 de janeiro de 2009
  15. (em inglês) termo "mito"[ligação inativa], Princeton Wordnet. Acesso: 27 de janeiro de 2009
  16. Aninha Duarte, Introdução à Crítica de Arte (2004), p.18. Acesso: 27 de janeiro de 2009
  17. a b Terra, Ernani. De Nícola, José. Português: De olho no mundo do trabalho. Editora Scipione (1ª Edição, 2006). pág.209, cap.4.
  18. a b Carlos Ceia. "Mitologia". E-Dicionário de Termos Literários. Acesso: 16 de novembro de 2010.
  19. RIBEIRO JR., W.A. As dafnefórias. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/img/index.asp?num=0534. Consulta: 1 de fevereiro de 2009.
  20. a b c d e Ribeiro Jr, Wilson A. "Introdução à mitologia grega". Grecia Antiga.Org. Acesso: 30 de agosto de 2008.
  21. a b c d e f Chaui, Marilena: Convite à Filosofia (2005), p. 37
  22. Sem nome, "Mitologia Grega", em Sua Pesquisa. Acesso: 31 de janeiro de 2009
  23. Nome do autor não-definido, "Adorações e crenças". Acesso: 31 de janeiro de 2009
  24. a b c d Ribeiro Jr, Wilson A. "Mitologia e religião para iniciantes". Grecia Antiga.Org. Acesso: 1 de fevereiro de 2009.
  25. Terra, Ernani. De Nícola, José. Português: De olho no mundo do trabalho. Editora Scipione (1ª Edição, 2006). pág.98, cap.16.
  26. Religions of the ancient world: a guide
  27. RIBEIRO JR., W.A. Arte grega para iniciantes. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0313. Consulta: 1 de fevereiro de 2009.
  28. RIBEIRO JR., W.A. O teatro de Dioniso em Delfos. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0432. Consulta: 1 de fevereiro de 2009.
  29. Meuli 1946
  30. Omitowoju, P.36
  31. Cartledge, Millet & Todd, P.126
  32. a b c F. Graf, Greek Mythology, 200
  33. Breve dicionário mito-labirintiano. Guia: Letra A, segundo verbete. Acesso: 30 de agosto de 2008.
  34. a b R. Hard, The Routledge Handbook of Greek Mythology, 1
  35. Miles, Classical Mythology in English Literature, 7
  36. a b Ribeiro Jr, Wilson A. "Hinos homéricos" Arquivado em 11 de maio de 2008, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 21 de setembro de 2008.
  37. a b Klatt-Brazouski, Ancient Greek and Roman Mythology, xii
  38. P. Cartledge, Os espartanos, 60, e Os gregos, 22
  39. a b c Ribeiro Jr, Wilson A. "Os Mitógrafos" Arquivado em 9 de maio de 2008, no Wayback Machine.. Grecia Antiga.Org. Acesso: 30 de agosto de 2008.
  40. Ferrera (editor), 2007, p.21.
  41. RIBEIRO JR., W.A. As éguas de Diomedes. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0037. Consulta: 19 de agosto de 2015.
  42. Pasiphae, Encyclopedia: Greek Gods, Spirits, Monsters. Acesso: 19 de agosto, 2015.
  43. Max Altman, "Hoje na História: 1873 – Heinrich Schliemann descobre a legendária cidade de Troia". Opera Mundi, 14 de março de 2013. Acesso: 15 de agosto, 2015.
  44. Sem nome, "Troia - sim, a lendária cidade existe!" (6 de fevereiro, 2011). Acesso: 15 de agosto, 2015.
  45. Voltaire Schilling, "Schliemann na procura de Troia (parte III)". Acesso: 15 de agosto, 2015.
  46. Homero, Iliad, 8. Poema épico sobre a Guerra de Troia.
  47. a b c Johnson, C. D. (2003), Entendendo a Odisseia, 17–18, Greenwood Press. ISBN 0-313-30881-0.
  48. a b Albala-Johnson-Johnson, Understanding the Odyssey, 18
  49. Sem nome, "Grécia" Arquivado em 26 de novembro de 2010, no Wayback Machine., em Mingau Digital Arquivado em 5 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine.. Acesso: 31 de janeiro de 2009
  50. A. Calimach, Lovers' Legends: The Gay Greek Myths, 12–109
  51. W.A. Percy, Pederastia e Pedagogia na Grécia Arcaica, 54
  52. K. Dowden, Os usos da Mitologia grega, 11
  53. G. Miles, Mitologia Clássica na Literatura Inglesa, 35
  54. a b W. Burkert, Religião Grega, 205
  55. a b c Ribeiro Jr, Wilson A. "Gênese" Arquivado em 11 de maio de 2008, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 5 de setembro de 2008.
  56. Colégio Rainha da Paz Arquivado em 17 de setembro de 2008, no Wayback Machine.. "Mitos de origem" Arquivado em 5 de maio de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 5 de setembro de 2008.
  57. a b c d e Ribeiro Jr, Wilson A. "O titã Cronos" Arquivado em 9 de maio de 2008, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 6 de setembro de 2008.
  58. Hesíodo, Teogonia, versos 116-138.
  59. Hino Homérico a Hermes, 414–435
  60. G. Betegh, The Derveni Papyrus, p. 147
  61. W. Burkert, Religião Grega, p. 236
  62. G. Betegh, O Papiro de Derveni, p. 147
  63. Ribeiro Jr, Wilson A. "Introdução aos deuses olímpicos" Arquivado em 21 de agosto de 2008, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 21 de setembro de 2008.
  64. H.W. Stoll, Religião e Mitologia dos Gregos, p. 8
  65. Brito, Rafael.Alguns Deuses, Coribantes, Dáctilos e Erínias. Templo do Conhecimento. Acesso: 21 de setembro de 2008.
  66. G. Nagy, Greek Mythology and Poetics, p. 54
  67. a b Vara Branco, Alberto Manuel. A Mitologia Grega, uma concepção genial produzida pela humanidade: os condicionalismos religiosos e históricos na Civilização Helénica, p.6
  68. W. Burkert, Religião grega, 182
  69. Cláudio Moreno,"mitologia e linguagem (4): hermético, néctar e sirene" Arquivado em 6 de dezembro de 2008, no Wayback Machine., SuaLingua. Acesso: 22 de setembro de 2008.
  70. a b c d e H.W. Stoll, Religion and Mythology of the Greeks, p. 20
  71. G. Mile, Classical Mythology in English Literature, p. 38
  72. G. Mile, Classical Mythology in English Literature, p. 39
  73. Ribeiro Jr, Wilson A. "Afrodite" Arquivado em 12 de maio de 2007, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 21 de setembro de 2008
  74. Morris, I. (1999), Archaeology As Cultural History: Words and Things in Iron Age Greece, p.291, Blackwell Publishing. ISBN 0-631-19602-1.
  75. J. Weaver, Plots of Epiphany, 50
  76. R. Bushnell, A Companion to Tragedy, p. 28
  77. K. Trobe, Invoke the Gods, p. 195
  78. Flávia Silvia, Deméter, deusa da fertilidade - Mitologia Grega, 2ª parte: O mitologema de Deméter e Perséfone, WordPress, 1 de junho de 2008
  79. Hino Homérico a Deméter, versos 255–274
  80. a b Ribeiro Jr, Wilson A."Introdução aos mitos heróicos" Arquivado em 14 de maio de 2008, no Wayback Machine.. greciaantiga.org. Acesso: 21 de setembro de 2008.
  81. F.W. Kelsey, An Outline of Greek and Roman Mythology, p. 30
  82. W. Burkert, Greek Religion, 205
  83. Burkert, W. (2002), Greek Religion: Archaic And Classical, 205–206, Blackwell Publishing. ISBN 0-631-15624-0
  84. F.W. Kelsey, An Outline of Greek and Roman Mythology, 30
    * H.J. Rose, A Handbook of Greek Mythology, 340
  85. a b C. F. Dupuis, The Origin of All Religious Worship, p. 86
  86. a b c d e f Ribeiro Jr, Wilson A. "Heracles" Arquivado em 23 de maio de 2007, no Wayback Machine.. Grecia Antiga.Org. Acesso: 27 de agosto de 2008.
  87. Ribeiro Jr, Wilson A. "Heracles" Arquivado em 23 de maio de 2007, no Wayback Machine., Iconografia. Acesso: 27 de agosto de 2008.
  88. Para mais detalhes da peça de Eurípedes, ver: Ribeiro Jr, Wilson A. "Héracles, de Erípedes" Arquivado em 14 de maio de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 27 de setembro de 2008
  89. Para mais detalhes da peça de Sófocles, ver: Ribeiro Jr, Wilson A. "As traquinianas" Arquivado em 13 de maio de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 27 de setembro de 2008
  90. Ribeiro Jr, Wilson A. "Os Heráclidas" Arquivado em 9 de maio de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 27 de setembro de 2008
  91. Heródoto, As histórias, i.6–7
  92. Pi. N. versos 3.22
  93. BURKERT, W. Religião Grega na Época Clássica e Arcaica, pag. 405
  94. Kirk, G. S. (1973), Myth: Its Meaning and Functions in Ancient and Other Cultures, pag. 183, University of California Press. ISBN 0-520-02389-7.
  95. Paula Cristina Ferreira da Costa Carreira, As Argonáuticas de Apolónio de Rodes: a arquitectura de um poema helenístico. academia.edu. Universidade de Lisboa, 2007. Consulta: 19 de agosto, 2015.
  96. Apolodoro, Biblioteca e Epítome, i.9.16;
    Apolonio, Argonáuticas, i.20 y sig.;
    Píndaro, Odes Píticas iv.1
  97. a b Verbete "Argonaut". Encyclopædia Britannica. (2002).
  98. a b P. Grimmal, The Dictionary of Classical Mythology, pág.58
  99. Y. Bonnefoy, Greek and Egyptian Mythologies, p. 103
  100. R. Hard, The Routledge Handbook of Greek Mythology, p. 317
  101. Hard, R. (2003), The Routledge Handbook of Greek Mythology: Based on H.J. Rose's “Handbook of Greek Mythology”, p. 311–317, Routledge. ISBN 0-415-18636-6.
  102. a b Verbete "Trojan War". Encyclopaedia The Helios. (1952).
  103. a b c d Verbete "Troy". Encyclopædia Britannica. (2002).
  104. D. Kelly, The Conspiracy of Allusion, p. 121
  105. Albala-Johnson-Johnson, Understanding the Odyssey, 15
  106. a b c Hanson-Heath, Who Killed Homer, 37
  107. a b Benito S. Pepe. "Do Mito à Filosofia, O caso da Astronomia. Acesso: 28 de setembro de 2008
  108. GRIMAL, Pierre. A mitologia grega, p. 8 – 9.
  109. Antonio Salatino, "Nós e as plantas". Revista Brasil. Bot., São Paulo, V.24, n.4 (suplemento), p.483-490, dez. 2001.
  110. Carlos Parada, "Brief history of the Greek myths: From the beginnings to the end of the Middle Ages" Arquivado em 3 de julho de 2010, no Wayback Machine.. Acessado em 16 de julho de 2010.
  111. a b c d Wellington de Lucena Moura. "Filosofia e mito" Arquivado em 7 de março de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 28 de setembro de 2008
  112. a b RIBEIRO JR., W.A. "Os milesianos". Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0151. Consulta: 30 de março de 2011.
  113. a b c Griffin, J. (1986), «Greek Myth and Hesiod» The Oxford Illustrated History of Greece and the Hellenistic World, p. 80, Oxford University Press. ISBN 0-19-285438-0.
  114. Miles, G. (1999), Classical mythology in English literature: a critical anthology, p. 7–8, Londres, Nueva York: Routledge. ISBN 978-0-415-14755-2.
  115. a b Fritz, G. (1996 reimpr.), Greek Mythology: An Introduction, p. 169–170, Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-5395-8.
  116. Platón, Teeteto, 176b
  117. a b c Hanson-Heath,Who Killed Homer, p. 37 ISBN 0-684-84453-2.
  118. Met. Livro XV. Versos 154-55.
  119. Met. Livro XV. Versos 164, 189, 191, e 232, respectivamente.
  120. MARX, K. Diferença da Filosofia da Natureza de Demócrito e de Epicuro. Tradução: Conceição Jardim e Eduardo Lúcio Nogueira. Lisboa, Editorial Presença. 1972, pág. 204.
  121. a b Guia do Estudante - Atualidades Vestibular + Enem 2011, edição 12, p.93. Editora Abril.
  122. Jean Brun, pág. 37
  123. Sem nome. "Sócrates". educ.pt Acesso: 30 de setembro de 2008
  124. Platão, Apologia de Sócrates. Retirado de: Apologia de Sócrates, Trad. Maria Lacerda de Souza, p.13 (em domínio público)
  125. a b c d e f g Gale, M. (1994), Myth and Poetry in Lucretius, p.87–89, Cambridge University Press. ISBN 0-521-45135-3.
  126. Verbete "Euhemerus". Em Encyclopædia Britannica, 2002
  127. R. Hard, The Routledge Handbook of Greek Mythology, p.7.
  128. a b Chance, J. (1994), Medieval Mythography: From Roman North Africa to the School of Chartres, A.D. 433–1177, 69, University Press of Florida. ISBN 0-8130-1256-2.
  129. a b c d e Walsh, P. G. (1998), The Nature of the Gods, xxvi–xxvii, Oxford University Press. ISBN 0-19-282511-9.
  130. Cicero, Tusculanae disputationes, i.11
  131. Cicero, De divinatione, ii.81
  132. Beard, M.; North, J. A., Simon, R. F. P. (1998), Religions of Rome: A History, p. 259, Cambridge University Press. ISBN 0-521-31682-0.
  133. Hackin, J. (1932), Mitologia asiática, p. 38. ISBN 1-4179-7695-0.
  134. Ackerman, R. (1991 reimpr.), «Introdução» Prolegomena to the Study of Greek Religion, xv, Princeton University Press. ISBN 0-691-01514-7.
  135. Fritz, G. (1996 reimpr.), Greek Mythology: An Introduction, p. 9, Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-5395-8.
  136. F. Graf, Mitologia grega, p.9
  137. Littleton, p. 32
  138. Johnson e Price-Williams, passim
  139. Graves, p. 251
  140. a b c d e Verbete "myth": Encyclopædia Britannica, 2002.
  141. a b c Allen, D. (1978), Structure and creativity in religion: hermeneutics in Mircea Eliade's phenomenology and new directions, p.9–12, Walter de Gruyter. ISBN 90-279-7594-9.
  142. Segal, R. A. (1999), Theorizing About Myth, p.16, University of Massachusetts Press. ISBN 1-55849-191-0.
  143. Caldwell, R. S. (1995), The Origin of the Gods: A Psychoanalytic Study of Greek Theogonic Myth, p.344, Oxford University Press. ISBN 0-19-507266-9
  144. a b c Alex Vaz, O mundo dos mitos Arquivado em 16 de outubro de 2014, no Wayback Machine., p.2
  145. ÉDIPO, APOLO E DIONISO: Mitologia grega e a Psicanálise Arquivado em 6 de março de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 2 de fevereiro de 2009
  146. Jung, C. G.; Kerényi, K. (2001 reimpr.), The Psychology of the Child Archetype Essays on a Science of Mythology, p.85, Princeton University Press. ISBN 0-691-01756-5.
  147. Segal, R. A. (4 de abril de 1990). The Romantic Appeal of Joseph Campbell. Christian Century: p.332–335.
  148. Fritz, G. (1996 reimpr.), Greek Mythology: An Introduction, p.38, Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-5395-8.
  149. Jung-Kerényi, Essays on a Science of Mythology, p.1–2
  150. a b Bulfinch, T. (2000), Bulfinch's Greek and Roman Mythology: The Age of Fable, p.241–242, Dover Publications. ISBN 0-486-41107-9.
  151. Medeiros, Manoela. Afrodite e a Mitologia, p. 1
  152. Poleman, H. I. (marzo de 1943). Review of “Ouranos-Varuna. Etude de mythologie comparee indo-europeenne by Georges Dumezil”. Journal of the American Oriental Society 63 (1): p.78–79.
  153. Winterbourne, A. (2004), When the Norns Have Spoken: Time and Fate in Germanic Paganism, p.87, Fairleigh Dickinson University Press. ISBN 0-8386-4048-6.
  154. a b Edmunds, L. (1990), Approaches to Greek Myth, p.184, Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-3864-9.
  155. Segal, R. A. (1991), Adonis: A Greek Eternal Child Myth and the polis, Cornell University Press. ISBN 0-8014-2473-9.
  156. Reinhold, M. (20 de outubro de 1970). The Generation Gap in Antiquity. Proceedings of the American Philosophical Society 114 (5): 347–365.
  157. a b Burkert, W. (2002), Greek Religion: Archaic And Classical, p.23–24, Blackwell Publishing. ISBN 0-631-15624-0.
  158. a b Wood, M. (1998), In Search of the Trojan War, p.112, University of California Press. ISBN 0-520-21599-0.
  159. Sem nome, "O Enigma em Pessoa: Introdução à Obra de Fernando Pessoa". Acesso: 29 de janeiro de 2008
  160. Finley, M. I. Democracy Ancient and Modern. 2d ed., 1985. London: Hogarth.
  161. History of Philosophy, Volume 1 by Frederick Copleston
  162. Brockett, Oscar G. History of the Theatre. sixth ed., 1991. Boston; London: Allyn and Bacon.
  163. a b c Sem nome, "Grego Clássico: Apresentação" Arquivado em 24 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine. (2005), NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  164. Editora Objetiva, Sinopse: Como e Por que Ler os Clássicos Universais Desde Cedo. Acesso: 1 de fevereiro de 2009
  165. a b MACHADO, 2002, p. 26
  166. Dialética trágica marca obra de Ésquilo. Folha de S.Paulo, caderno MAIS!, edição de 16 de janeiro de 2005.
  167. a b Almeida Pereira, Kênia Maria de; A universidade e a formação do aluno leitor[ligação inativa], Universidade Federal de Uberlândia, p. 1.
  168. a b c BARTHES (1978, p.16)
  169. a b Almeida Pereira, Kênia Maria de; A universidade e a formação do aluno leitor[ligação inativa], Universidade Federal de Uberlândia, p. 3.
  170. KRISTEVA, 1974
  171. ECO (1984, p.20-1).
  172. PEREIRA (1998, p.196).
  173. a b c d Almeida Pereira, Kênia Maria de; A universidade e a formação do aluno leitor[ligação inativa], Universidade Federal de Uberlândia, p. 5.
  174. a b Almeida Pereira, Kênia Maria de; A universidade e a formação do aluno leitor[ligação inativa], Universidade Federal de Uberlândia, p. 8.
  175. Sem nome, "Grego Clássico :: Por que estudar Grego?::Interesse profissional"[ligação inativa], NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  176. a b Sem nome, "Grego Clássico :: Por que estudar Grego?::Conhecimento dos mitos"[ligação inativa], NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  177. Sem nome, "Grego Clássico :: Por que estudar Grego?::Habilidades_lingüísticas"[ligação inativa], NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  178. Sem nome, "Grego Clássico :: Por que estudar Grego?::Etimologia"[ligação inativa], NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  179. Sem nome, "Grego Clássico :: Por que estudar Grego?::Distanciamento entre culturas"[ligação inativa], NELE. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  180. «Por que estudar grego? — nele». UFRGS. Consultado em 25 de março de 2021 
  181. a b c d RIBEIRO JR., W.A. A influência dos gregos. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0024. Consulta: 1 de fevereiro de 2009.
  182. LACROIX (1997, p.25)
  183. Ana Paula Quíntela Ferreira Sottomayor, "A Esperança de Prometeu" (1995), Revista da Faculdade de Letras, Língua e Literatura, Porto, XII, pp. 221-231.
  184. Martins Melo, António Maria; A mitologia clássica no humanismo do renascimento português, Universidade Católica Portuguesa, Braga.
  185. Dircenéa De Lázzari Corrêa, "Arteterapia Humanista e Desenvolvimento Espiritual" (2000). Acesso: 29 de janeiro de 2008
  186. CASSIRER (1992, p.19).
  187. Sem Nome, "Introdução à Parapsicologia". Acesso: 29 de janeiro de 2009
  188. Daniely Gonçalves Lopes Vieira, A importância da Mitologia para o Atual Estado de Consciência. Acesso: 29 de janeiro de 2009
  189. Leonardo Daniel Ribeiro Borges, Mitologia Grega e a Consciência Ecológica[ligação inativa], Universidade Federal de Goiás.
  190. Sem nome, "Filosofia, Mito e Pré-Socráticos"[ligação inativa] (pdf)
  191. Mr.Tlaloc, "Borboleta: Símbolo da Alma" Arquivado em 7 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine. (2007). Acesso: 29 de janeiro de 2008
  192. a b Arroyo, 1975, p.27
  193. Guimarães, 1996, p.267-268
  194. ELIADE (1994, p.16).
  195. a b Vitorino Marcello. "Entrevista: Mitos ajudam a entender relações". Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Acesso: 30 de agosto de 2008.
  196. a b c Brazil, Fábio. Mitologia grega: um convite à curiosidade.doc (documento do microsoft word). Documento presente em Lendo e Aprendendo.gov Arquivado em 30 de abril de 2008, no Wayback Machine.. Acesso: 29 de agosto de 2008.
  197. "Antropologia estruturalista", em Babylon. Acesso: 29 de janeiro de 2008
  198. a b STRAUSS (2004, p.8).
  199. a b c d e Burn, L. (1992), Mitos gregos, p.75–76, Madrid: Ediciones Akal. ISBN 84-460-0117-9.
  200. a b c De acordo com Gabriel Perissé, apud Luiz Roberto Wagner in "Como argumentar um texto expositivo?" Arquivado em 2 de abril de 2015, no Wayback Machine.. Reportagem de Língua Portuguesa UOL Arquivado em 8 de junho de 2013, no Wayback Machine.. Acesso: 16 de novembro de 2010.
  201. António José Saraiva e Óscar Lopes. História da Literatura Portuguesa. 6a ed., Porto, Porto Editora, s/d., p. 355.
  202. Hernâni Cidade. Luís de Camões. 2a ed., Lisboa, Revista da Faculdade de Letras, 1953, vol. II – O Épico, 113.
  203. Álvaro Lins. Discurso sobre Camões e Portugal. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura, 1956, p. 52-3.
  204. a b Ericka Sophie Bratsiotis, A mitologia grega na obra do minotauro de Monteiro Lobato, in: http://biblioteca.universia.net Arquivado em 1 de julho de 2010, no Wayback Machine.. Acesso: 13 de maio de 2009.
  205. Ângela Maria de Oliveira Lignani, "Monteiro Lobato e Isabel Allende: apropriações míticas e mitológicas"[ligação inativa], Conclusão p. 11,
  206. “Sermão da Primeira Dominga do Advento”. Em: Os sermões. São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1968, p. 139.
  207. Helena Costa Toipa, "A Presença das Metamorfoses de Ovídio nas Metamorfoses de Cruz e Silva". Acesso: 5 de outubro de 2008
  208. TEIXEIRA, 1977, p.20
  209. GONZAGA (1977), p.19
  210. ALVES (1986, p.290)
  211. DELFINO (1998, p.38)
  212. ANJOS: 1995, p.280
  213. BANDEIRA, 1996, p.157
  214. ANDRADE, 1998, p.230
  215. Almeida Pereira, Kênia Maria de; A universidade e a formação do aluno leitor[ligação inativa], Universidade Federal de Uberlândia, p. 6.
  216. a b c d Maria Lúcia Candeias, "Análise crítica do texto Orfeu da Conceição" Arquivado em 14 de março de 2007, no Wayback Machine. (4 de fevereiro de 2002). Acesso: 28 de janeiro de 2008
  217. a b c d Pachane, Graziela G. A Literatura e suas Interlocuções na Sala de Aula da Educação Superior. Uberlândia, MG: Edibrás, 2005.
  218. a b "Orfeu da Conceição, o início da parceria Tom e Vinicius", JB, 1956
  219. "Canção do Amor Demais CD "em Apresentação" Arquivado em 2 de março de 2009, no Wayback Machine.. Biscoito Fino. Acesso: 28 de janeiro de 2008
  220. Sem nome, "Sobre Orfeu da Conceição". Acesso: 20 de janeiro de 2008
  221. a b c Fortuna Crítica: Gota d'água, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Chico Buarque Sítio Oficial. Acesso:28 de janeiro de 2008
  222. Souza; Dolores Puga Alves de, "Tradições e Apropriações da Tragédia: Gota D'água Nos Caminhos da Medeia Clássica e da Medeia Popular" (2005), Universidade Federal de Uberlândia, Revista Fênix, Resumo, p.1.
  223. Souza; Dolores Puga Alves de, "Tradições e Apropriações da Tragédia: Gota D'água Nos Caminhos da Medeia Clássica e da Medeia Popular" (2005), Universidade Federal de Uberlândia, Revista Fênix, p.14 e seguintes.
  224. Hine, Phil, citado em Evans, Dave (2007). The History of British Magick after Crowley. Hidden Publishing. Página 204.
  225. Heselton, Philip (novembro de 2001). Wiccan Roots: Gerald Gardner and the Modern Witchcraft Revival. Freshfields, Chieveley, Berkshire: Capall Bann Pub. ISBN 1861631103. OCLC 46955899 
  226. Nevill Drury. "Why Does Aleister Crowley Still Matter?" Richard Metzger, ed. Book of Lies: The Disinformation Guide to Magick and the Occult. Disinformation Books, 2003.
  227. Bourne, Lois (1998). Dancing With Witches. Hale. Página 51.
  228. Heselton, Philip (2003). Gerald Gardner and the Cauldron of Inspiration. Capall Bann. Página 254.
  229. D. Hudson Frew (Morgann) (1991). «Crafting The Art Of Magic: A Critical Review». Wildideas.net. Consultado em 14 de novembro de 2010 

Bibliografia

editar
Literária (gregas, romanas, e brasileiras)

Trata-se da bibliografia literária citada no corpo do presente artigo:

Principal (em português, inglês e espanhol)

Bibliografia principal acerca de estudos, ensaios e concepções sobre mitologia grega, usada nas notas de rodapé da seção "Referências":

  • ARROYO , S. Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. 2. ed. Trad. de Maio Miranda. São Paulo: Editora Pensamento, 1985.
  • BRANDÃO, J. S. Mitologia Grega. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986-1987. 3 v.
  • CARPENTER, T. H. Art and Myth in Ancient Greece. London: Thames and Hudson, 1991.
  • COMMELIN, P. Mitologia Grega e Romana. Trad. E. Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
  • DOWDEN, K. Os Usos da Mitologia Grega. Trad. C. K. Moreira. Campinas: Papirus, 1994.
  • GRIMAL, P. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. 2ª ed. Trad. V. Jabouille. Lisboa: DIFEL, 1993.
  • GUIMARÃES , R. Dicionário da Mitologia Grega. São Paulo: Cultrix, 1996.
  • HAMILTON, E. A Mitologia. Trad. M. L. Pinheiro. Lisboa: Dom Quixote, 3ª ed., 1983.
  • LACROIX, Michel. Princípio de Noé ou a Ética da Salvaguarda, Lisboa: Instituto Piaget, 1997.
  • MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Objetiva: Rio de Janeiro, 2002.
  • MALHADAS, D.; MOURA NEVES, M. H. Antologia dos Poetas Gregos de Homero a Píndaro. Araraquara: FFCLAr-UNESP, 1976.
  • HUMBERT, J. Mitologia griega y romana. Trad. B. O. O. Barcelona: Gustavo Gili, 1997.
  • FERREIRA, Eder (editor). Revista Drummond Número 1. Clube de Autores, 17 de jan de 2007.
  • KERÉNYI, C. Os Heróis Gregos. Trad. O. M. Cajado. São Paulo: Cultrix, 1993.
  • BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1978.
  • KERÉNYI, C. Os Deuses Gregos. Trad. O. M. Cajado. São Paulo: Cultrix, 1993.
  • KIRK, G. S. La Naturaleza de los Mitos Griegos. Trad. B. M. Maragall y P. Carranza. Barcelona: Labor, 1992.
  • MAVROMATAKI, M. Mythologie Grecque et Culte. Trad. M. Grobéty. Athènes: Haïtalis, 1997.
  • RADICE, B. Who's who in the Ancient World. London: Penguin, 1973.
  • SANTOS, Sandra Ferreira dos. "Oralidade e religião: estudo comparado entre religião da Grécia antiga e o Cristianismo". Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano III, n. 8, Set. 2010 - ISSN 1983-2850
  • SERBH, K. Greek Mythology. Athens: Ekdotike, 1998.
  • SISSA, G.; DETIENNE, M. Os deuses gregos. Trad. R. M. Boaventura. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
  • SOUSA, E. História e Mito. Brasília: Ed. UnB, 1981.
  • BRANDÃO, Junito de Sousa. Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 2002.
  • BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia grega: história de deuses e heróis. São Paulo: Ediouro, 2000.
  • CASSIRER, Ernst. Linguagem e mito. São Paulo: Perspectiva, 1992.
  • DELFINO, Luiz. Melhores poemas. São Paulo: Global, 1988.
  • ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
  • ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1994.
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
  • HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
  • KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1984.
  • MELETÍNSKI, E. M. Os arquétipos literários. São Paulo: Ateliê, 1988.
  • MINDLIN, Dulce Maria V. Ficção e mito. Goiânia: CEGRAF, 1992.
  • PEREIRA, Kênia Maria de Almeida. A poética da resistência em Bento Teixeira e Antônio José da Silva, o Judeu. São Paulo: Annablume, 1988.
  • SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
  • SPALDING, Tassilo. O Dicionário de Mitologia Greco-Latina. Belo. Horizonte: Itatiaia, 1965.
  • TEIXEIRA, Bento. Prosopopéia. São Paulo: Melhoramentos, 1977.
Adicional

Bibliografia adicional acerca da Grécia antiga e sua cultura, como também de seus mitos:

  • CARTLEDGE, P. (Org.). História Ilustrada da Grécia Antiga. Trad. L. Alves e A. Rebello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
  • CONTI, F. Como Reconhecer a Arte Grega. Trad. M. Torres. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
  • FUNARI, P. P. A. Grécia e Roma. Campinas: Contexto, 2001.
  • HAMILTON, E. A Mitologia. 3. ed. Trad. M. L. Pinheiro. Lisboa: Dom Quixote, 1983.
  • SOUZA E SILVA, Maria de Fátima. Ensaios sobre Eurípides. Lisboa: Cotovia, 2005. 406 p.
  • RUBESTEIN, Richard E. Herdeiros de Aristóteles. Trad. V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2005
  • MAFFRE, J. J. A Vida na Grécia Clássica. Trad. L. Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
  • MONTEIRO LOBATO, J. B. O Minotauro. São Paulo: Brasiliense, 1958.
  • MONTEIRO LOBATO, J. B. Os Doze Trabalhos de Hércules. São Paulo: Brasiliense, 1958. 2 v.
  • LLOYD-JONES, H. (Coord.). O Mundo Grego. Trad. W. Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
  • ROBERT, F. A Literatura Grega. Trad. G. C. Cardoso de Souza. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
  • PRIETO, M. H. U. Dicionário de Literatura Grega. Lisboa: Verbo, 2001.

Ligações externas

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mitologia grega