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Rio de Mouro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Portugal Portugal Rio de Mouro 
  Freguesia  
Adro da Igreja de Nossa Senhora de Belém e cruzeiro, em Rio de Mouro Velho.
Adro da Igreja de Nossa Senhora de Belém e cruzeiro, em Rio de Mouro Velho.
Adro da Igreja de Nossa Senhora de Belém e cruzeiro, em Rio de Mouro Velho.
Símbolos
Brasão de armas de Rio de Mouro
Brasão de armas
Localização
Rio de Mouro está localizado em: Portugal Continental
Rio de Mouro
Localização de Rio de Mouro em Portugal
Coordenadas 38° 47′ 00″ N, 9° 20′ 00″ O
Região Área Metropolitana de Lisboa
Sub-região Área Metropolitana de Lisboa
Distrito Lisboa
Município Sintra
Código 111108
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 16,43 km²
População total (2021) 49 489 hab.
Densidade 3 012,1 hab./km²
Código postal 2635 Rio de Mouro
Outras informações
Orago Nossa Senhora de Belém
Sítio Junta de freguesia de Rio de Mouro

Rio de Mouro é uma vila portuguesa sede da Freguesia de Rio de Mouro do Município de Sintra, freguesia com 16,43 km² de área[1] e 49 489 habitantes (censo de 2021),[2] tendo, assim, uma densidade populacional de 3 012,1 hab./km².

A povoação de Rio de Mouro foi elevada à categoria de vila em 2 de julho de 1993.[3]

Encontra-se a 6 km da sede do município e a 15 km da cidade de Lisboa. Tem como freguesias limítrofes Agualva e Mira-Sintra, Algueirão-Mem Martins, Cacém e São Marcos, Queluz e Belas e Sintra, no município de Sintra, São Domingos de Rana, no município de Cascais e, Porto Salvo, no município de Oeiras.

Tem por orago Nossa Senhora de Belém.

A origem de Rio de Mouro não pode ser localizada com precisão no tempo. Surge em documentos na Idade Média, mas por não ter albergado nenhuma instituição eclesiástica nesta época, os registos e descrições do seu território e população são escassos. Uma das primeiras referências surge em 1275 no Livro dos Bens de D. João de Portel. A tradição mantém que foi nesta zona da ribeira que o alcaide de Sintra terá perdido a vida, no decurso da sua fuga pela Tomada de Lisboa aos Mouros, em 1147.[4] A presença de água foi preponderante nas lendas fundacionais desta e doutras terras próximas (como é o caso de Agualva) e foi este elemento o principal fator de fixação da população. Inserida num espaço pouco fértil, a população dependia de rios e ribeiras para o aproveitamento agrícola dos solos e, consequentemente, para a sua subsistência.[4]

Pertenceu ao alfoz de Sintra até à criação do município de Cascais em 8 de abril de 1370, quando a zona sofreu uma divisão artificial. Nessa altura, o próprio lugar de Rio de Mouro juntamente com os restantes a sul passam para a jurisdição de Gomes Lourenço de Avelar, enquanto que a zona a norte da ponte de Rio de Mouro se manteve parte de Sintra.[4] A dependência de Sintra refletia-se também no eclesiástico, pois formou parte da paróquia de São Pedro de Canaferrim até à construção da Igreja de Nossa Senhora de Belém, no século XVI.[4]

O seu espaço seria por então tipicamente rural, com a população dispersa por lugares bastante reduzidos e pelas courelas, casais, quintãs e azenhas que ocupavam as zonas mais férteis nas margens da ribeira. As quintãs, pela grande dimensão e inúmeras estruturas de apoio, tornavam-se em verdadeiros centros administrativos, e eram detidas por elementos próximos à realeza ou homens abastados. Estruturados pela ribeira, são então descritos na zona de Rio de Mouro os núcleos de Asfamil, Covas e Cabra Figa. A atividade económica destes lugares baseava-se na produção de cereais, vinhas, legumes e fruta, esta última de grande importância na região de Sintra. Muitos dos proprietários da zona, leigos ou eclesiásticos, tinham a sua residência em Lisboa, o que afirma a dependência económica e importância de Rio de Mouro face à capital, para onde se produziam e abasteciam frutas e legumes. Estava diretamente ligada à cidade através da Estrada de Sintra, cuja presença significava um escoamento rápido e eficaz dessa produção, e lhe atribuía uma dinâmica própria.[4][5]

As áreas mais afastadas da zona designada por «ribeira de Rio de Mouro» seriam essencialmente florestais sem grande aproveitamento, úteis sobretudo para a extração de combustíveis e material de construção, como a toponímia destas e outras zonas próximas parece atestar (Quinta do Pinheiro, Alto do Ulmeiro, Zambujal, Carrascal, Lourel ou A-da-Tojeira).[4]

Desenvolvimento

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A ruralidade da zona manteve-se vincada ao longo do tempo, mas altera-se a partir do século XIX. Em 1870 inicia-se a exploração da Fábrica de Tintuaria e Estamparia, considerada a primeira indústria fabril de Sintra,[6][7] e que seria mais tarde adquirida por José Cupertino Ribeiro Júnior,[8] de grande influência e importância a nível local. Cupertino Ribeiro instala-se na aldeia após a compra da Quinta da Ponte, para onde convida elementos da alta sociedade lisbonense. Sob os seus auspícios constrói-se o cemitério local[8] e elege-se o Partido Republicano para a Junta de Paróquia em 1909.[8][9] Fruto da nova dinâmica local, instalam-se na zona personalidades ilustres como Adães Bermudes, Francisco dos Santos ou Leal da Câmara[5] (responsável pela primeira escola, casino e urbanização da Rinchoa[6]) e surgem coletividades (a primeira sendo a Sociedade União 1º de Dezembro[5]).

A centralidade de Rio de Mouro em relação aos restantes núcleos da zona concorrem para a instalação de uma estação do Larmanjat perto da aldeia. De modo a servir os seus habitantes e a permitir a construção desta estação, a linha (normalmente assente nos leitos das estradas reais) sofrera um desvio no seu percurso.[10] Pouco mais tarde deu-se a construção da nova estação do Ramal de Sintra, no qual a estação ferroviária foi transferida para norte (onde se mantém até à atualidade), o que viria a repercutir-se na dinâmica de ocupação do território da freguesia.[5]

Os fenómenos sociais, económicos e espaciais da região de Lisboa alteraram significativamente o território da freguesia, e a sua ocupação, no século XX.[11] A Linha de Sintra fora duplicada no troço que atravessava Rio de Mouro em 1948, levando a um aumento e melhoria das frequências com reflexos significativos na sua utilização.[12] Muitas das melhorias foram levadas a cabo tendo em vista, entre outros fatores, uma maior facilidade de urbanização das zonas que a linha atravessava[13] e pela altura da sua eletrificação em 1956 a procura verificada era superior ao previsto, revelador do seu papel no desenvolvimento e estruturação dos espaços urbanos em seu redor.[5] Na década de 1960 dá-se uma migração para as cidades e suas periferias, levando a uma grande procura de habitação e, por isso, a um crescimento urbano e demográfico exponencial.[9][14] Se em 1960 a freguesia contava com 3745 habitantes, em 1990 estes estimavam-se em 30 000.[9]

Em Rio de Mouro, como em grande parte da região, estes fenómenos significam a ocupação do espaço a partir das zonas mais próximas às infraestruturas de transportes que estabeleciam ligação com Lisboa. Surgem novas zonas habitacionais, com algum comércio e serviços de proximidade, e verifica-se também a instalação de algumas indústrias na área, num total de vinte à data da sua elevação a vila em 1993. A mais importante delas é a Tabaqueira Nacional,[14] uma das maiores empresas em volume de negócios e trabalhadores no concelho de Sintra que deu origem ao Bairro da Tabaqueira.[15]

Este desenvolvimento urbano e demográfico teve como resultado um fracionamento do território entre norte e sul, e uma crescente dicotomia entre as zonas urbanas e as zonas históricas e rurais. Assim, o eixo entre Mercês, Serra das Minas e Rinchoa torna-se no espaço mais densamente povoado do concelho,[4] motivando a elevação de Rio de Mouro a vila em 1993.[9] Simultaneamente, a zona de Rio de Mouro Velho e núcleos envolventes (Covas, Serradas, Moncorvo, Várzea e Paiões) sofre uma progressiva estagnação.[5] Este fracionamento viria a ser reforçado com a construção do IC19, tornando-os definitivamente em lugares secundários, evidenciado pela deslocalização da sede da junta de freguesia para Rio de Mouro Novo (onde seria também construída a nova Igreja de Nossa Senhora da Paz[16]), ou pelo abandono e degradação de imóveis e do espaço público.[5]

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Rio de Mouro[17]
AnoPop.±%
1864 1 301—    
1878 1 322+1.6%
1890 1 380+4.4%
1900 1 620+17.4%
1911 1 832+13.1%
1920 1 771−3.3%
1930 2 843+60.5%
1940 3 790+33.3%
1950 6 218+64.1%
1960 5 219−16.1%
1970 10 410+99.5%
1981 22 597+117.1%
1991 29 672+31.3%
2001 46 022+55.1%
2011 47 311+2.8%
2021 49 489+4.6%

Nota: Com lugares desta freguesia foi criada em 1953 a freguesia de Agualva-Cacém e em 1962 a freguesia de Algueirão-Mem Martins.

Distribuição da População por Grupos Etários[2][18]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 9137 6458 26504 3923
2011 8987 5813 27204 5307
2021 7728 6211 27984 7566
  • Brasão: Escudo burelado ondeado de prata e azul e brocante uma banda de vermelho carregada de três crescentes de ouro no sentido da banda. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “ RIO DE MOURO “
  • Bandeira: Esquartelada de azul e amarelo, cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro

Personalidades

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Referências
  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 5 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b c Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. «Lei n.º 42/93, de 2 de julho». diariodarepublica.pt. Consultado em 4 de novembro de 2023 
  4. a b c d e f g Farelo, Mário (2009). «Rio de Mouro na Idade Média: a paisagem e as suas gentes». In: Amélia Aguiar, Andrade; Fernandes, Hermenegildo; João Luís Inglês, Fontes. Olhares sobre a História. Estudos oferecidos a Iria Gonçalves. Col: FCSH: IEM - Capítulos de livros nacionais. Lisboa: Caleidoscópio. ISBN 978-989-8129--97-0 
  5. a b c d e f g Área de Reabilitação Urbana de Rio de Mouro Velho: Memória Descritiva e Justificativa. [S.l.]: Gabinete de Reabilitação Urbana. Câmara Municipal de Sintra. 2017 
  6. a b «História». Junta de Freguesia de Rio de Mouro. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  7. «História e Lenda». paroquia-rio-de-mouro.pt. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  8. a b c «Museu Leal da Câmara lembra Cupertino Ribeiro - "Um Amigo de Rio de Mouro"». Sintra Notícias. 4 de maio de 2017. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  9. a b c d «Debates Parlamentares - Diário 014, p. 275 (1990-12-14)». debates.parlamento.pt. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  10. Vd. Trajetos e estações do Larmanjat
  11. «História e Lenda». paroquia-rio-de-mouro.pt. Consultado em 3 de agosto de 2020. Na primeira metade do século XX, Rio de Mouro caracterizava-se por uma freguesia rural, conhecida pelas suas frutas, vinhos e boas águas onde os Lisboetas vinham descansar. 
  12. «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1461). 1 de Novembro de 1948. p. 616. Consultado em 4 de Novembro de 2017 
  13. «Os comboios ligeiros e rápidos multiplicam-se em toda a parte» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1128). 16 de Dezembro de 1934. p. 609-610. Consultado em 4 de Novembro de 2017 
  14. a b «História». Junta de Freguesia de Rio de Mouro. Consultado em 3 de agosto de 2020. É a partir dos anos 60 que se dá a grande mudança. A crise económica leva à busca de um salário certo das cidades. Acorrem às Freguesias da Linha trabalhadores vindos de Norte a Sul do País. Instalam-se também na Freguesia algumas indústrias nomeadamente a Tabaqueira entre outras. A procura de habitação faz disparar a construção que consome quintas e matas dando origem a esta imensa área urbana. 
  15. «Visita de Américo Tomás ao Bairro da Tabaqueira». Consultado em 8 de agosto de 2020 
  16. «Nova igreja de Rio de Mouro». Consultado em 8 de agosto de 2020 
  17. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  18. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
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Ligações externas

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