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Salutogénese

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Salutogênese (português brasileiro) ou salutogénese (português europeu) (do latim: salus = saúde; e do grego: genesis= origem) é um termo cunhado por Aaron Antonovsky para designar a busca das razões que levam alguém a estar saudável. Esse conceito representou uma mudança de paradigma nas ciências da saúde, que até então buscavam uma explicação apenas para a razão de alguém estar doente (patogênese)[1]. Ainda não possui amparo científico e é considerada, por ora, uma pseudociência pela comunidade médica[carece de fontes?].

O ser humano, para Antonovsky, encontra-se num estado de desequilibro dinâmico hetero-estático [2]. Salienta então o autor a predominância da condição patológica da humanidade ao acentuar, com base num quadro de estatísticas, que um terço ou a maioria da população de uma sociedade industrial é caracterizada por uma condição mórbida, e por isso definida clinicamente ou epidemiologicamente como normal [3]. A. Antonovsky coloca cada indivíduo num contínuo, a partir de uma estrutura cognitivo-emocional-social, que ele designa por the "sense of coherence" (o sentido de coerência). Este conceito deu origem a uma das teorias mais bem desenvolvidas na promoção da saúde a respeito da importância de fatores que estão na origem da saúde humana[4].

O Modelo de Antonovsky concentra sua atenção nos recursos pessoais (ing. resources) protetivos, ou seja, aqueles elementos internos que auxiliam a pessoa na superação das dificuldades que surgem na sua vida. Dentre esses recursos recebe o sentido de coerência (ing. sense of coherence) uma atenção especial devido ao seu papel na manutenção da saúde individual. Para A. Antonovsky, o sentido de coerência é uma orientação global que define a capacidade com a qual um indivíduo, com um persistente e dinâmico sentimento de confiança, encara os (1) estímulos emanados dos meios interno ou externo de uma existência como estruturados, preditíveis e explicáveis (capacidade de compreensão - comprehensibility); (2) que o indivíduo tem ao seu alcance recursos para satisfazer as exigências colocadas por esses estímulos - (capacidade de gestão - manageability); e (3) que essas exigências são desafios, capazes de catalisar o investimento e o empenho do indivíduo - (capacidade de investimento - meaningfulness)[5]. Sentido de coerência designa uma postura de vida que consiste na medida em que o indivíduo possui uma sensação duradoura de confiança que se manifesta através da sua[1]

  1. Capacidade de Compreensão - comprehensibility - resume a maneira como o indivíduo apreende os estímulos intrínsecos ou extrínsecos como informação ordenada, consistente, clara e estruturada [6]. (capacidade de Compreensão);
  2. Capacidade de Gestão - manageability - consiste na percepção que o indivíduo desenvolve dos recursos pessoais ou sociais que estão ao seu alcance para satisfazer as exigências requeridas pela situação de estímulo. Quanto mais alto o sentido de gestão do indivíduo, menos este se sente atingido negativamente pelos acontecimentos, e, menos considera a vida como antagónica [7]. (capacidade de gestão) e
  3. Capacidade de Investimento - meaningfulness - refere a capacidade de sentido que o sujeito retira dos acontecimentos de vida, e por isso encontra razão para neles investir a sua energia e interesse. Não se trata de encontrar satisfação em tudo o que acontece na vida, mas de investir recursos para superar as situações com dignidade [8].(capacidade de investimento).

O sentido de coerência, que identifica o núcleo central constituído por estas três componentes, assume um carácter cognitivo-afectivo e informacional, permitindo ao indivíduo negar a aparente desordem da sua vida (ou do acontecimento de vida que a implica) recuperando ordem e coerência, ao integrar esse acontecimento na sua experiência de vida. A importância do sentido de coerência como fator de proteção da saúde pôde ser confirmado pela pesquisa empírica[4].

Os estudos sobre a relevância do sentido de coerência[9] têm vindo a revelar a sua crescente importância para a qualidade de vida e bem estar na criação do homo salus. O homo salus, ou o homem na busca das origens da saúde (salutogénese), é o homem que para além da sapiência (homo sapiens) atinge um novo patamar da sua compreensão intrínseca sobre o valor da saúde, da sua origem e a sua implicação sobre a sustentabilidade da espécie humana. Só deste modo os grandes desafios que se colocam perante a humanidade podem receber a atenção devida na procura da concretização dos Millennium Development Goals.

Referências
  1. a b Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. ISBN 1-55542-028-1
  2. Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. p.130 ISBN 1-55542-028-1
  3. Antonovsky, Aaron (1979). Health, stress, and coping ; new perspectives on mental and physical well-being. San Francisco : Jossey-Bass, 1979. San Francisco: Jossey-Bass. p.16
  4. a b Weis, Joachim B. (2002). Leben nach Krebs. Bern: Hans Huber
  5. Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. p.19 ISBN 1-55542-028-1
  6. Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. p.16 ISBN 1-55542-028-1
  7. Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. p.17 ISBN 1-55542-028-1
  8. Antonovsky, Aaron (1987). Unraveling the mystery of health: how people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass. p.18 ISBN 1-55542-028-1
  9. Mittelmark, Maurice (2016). The handbook of salutogenesis: Perspectives on salutogenesis of scholars writing in Portuguese. Geneva: Springer International Publishing. pp. 415–422. ISBN 978-3-319-04599-3. doi:10.1007/978-3-319-04600-6_46 
  • L. Saboga Nunes, Compreender o Cidadão e Fortalecê-lo na Gestão do Stress, in Revista da Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, 1998