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Mário Viegas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mário Viegas
Nome completo António Mário Lopes Pereira Viegas
Nascimento 10 de novembro de 1948
Santarém, Portugal
Nacionalidade português
Morte 1 de abril de 1996 (47 anos)
Lisboa, Portugal
Ocupação actor, encenador e recitador
Outros prémios
Primeiro prémio de interpretação masculina em O Rei das Berlengas

António Mário Lopes Pereira Viegas (Santarém, 10 de novembro de 1948Lisboa, 1 de abril de 1996) foi um actor, encenador e recitador português. É considerado um dos melhores actores da sua geração e um dos maiores recitadores de poesia de Portugal.

Mário Viegas é considerado um dos melhores actores da sua geração e um dos maiores recitadores de poesia de Portugal. [1][2]

Criado no seio de uma família originária de Santarém, que se dedicava à exploração de farmácias, e de tradição republicana, Mário Viegas despertou para o teatro quando ainda era estudante de história, na Faculdade de Letras de Lisboa. Posteriormente, depois de um período em que viveu no Porto, inscreveu-se na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, tendo a sua estreia profissional ocorrido no Teatro Experimental de Cascais, com Carlos Avilez. [3][1]

A carreira de Mário Viegas como actor centrou-se no teatro — ao longo da sua vida, fundou três companhias teatrais — a última das quais a Companhia Teatral do Chiado. Enquanto encenador e/ou diretor artístico, foi responsável pela adaptação e encenação dos grandes clássicos do teatro, de autores tais como Samuel Beckett, Eduardo De Filippo, Anton Tchekov, August Strindberg, Luigi Pirandello ou Peter Shaffer. [3] O seu último êxito teatral foi a peça Europa Não! Portugal Nunca (1995). [4]

Paralelamente, Mário Viegas deu-se também a conhecer também pela sua admirável forma de dizer poesia, gravando extensa discografia, em que deu a conhecer ao grande público a obra de alguns dos principais poetas portugueses do século XX, como António Gedeão, Fernando Pessoa, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Ruy Belo ou Eugénio de Andrade, mas também Luís de Camões, Bertolt Brecht, Pablo Neruda, entre outros.[5][1][2]

Na televisão, foi o responsável pela conceção, direção e apresentação dos programas Palavras Ditas (1984) e Palavras Vivas (1991), onde além dos poetas clássicos divulgou junto do grande público autores como Pedro Oom ou Mário-Henrique Leiria. [6][7][8]

No cinema, o percurso de Mário Viegas iniciou-se com a longa-metragem O Funeral do Patrão de Eduardo Geada (1975). Participou em seguida em mais de 15 películas, onde sobressai a colaboração regular com José Fonseca e CostaKilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A Mulher do Próximo (1988) e Os Cornos de Cronos (1991). Participou ainda em O Rei das Berlengas de Artur Semedo (1978), Azul, Azul de José de Sá Caetano (1986), Repórter X de José Nascimento (1987), A Divina Comédia de Manoel de Oliveira (1991), Rosa Negra de Margarida Gil (1992), e A Firma Pereira de Roberto Faenza (1996), onde contracenou com Marcello Mastroianni. [9]

Do seu percurso fazem parte também as suas incursões na política. Em 1995, candidatou-se a deputado, como independente, nas listas da União Democrática Popular (UDP). Em 1996, contando também com o apoio da UDP foi candidato à Presidência da República Portuguesa, adotando a palavra de ordem O sonho ao poder, e buscando apoio no meio universitário lisboeta. [10][3]

Também foi colunista do Diário Económico, onde escreveu sobre teatro e humor: Publicou uma autobiografia intitulada Auto-Photo Biografia (1995). [11]

Morreu de SIDA, a 1 de Abril de 1996, no Hospital de Santa Maria.[12][1][5] O seu corpo está em campa rasa, no talhão dos artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. [10][13]

Em Setembro de 1995, Viegas anunciou a sua homossexualidade numa conferência de imprensa, que aconteceu no contexto da sua candidatura à Presidência da República.[14]

Prémios e reconhecimento

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Pela sua atividade teatral, Mário Viegas foi distinguido diversas vezes pela Casa da Imprensa, pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e pela Secretaria de Estado da Cultura, que lhe atribuiu o Prémio Garrett (1987). [4] No estrangeiro, foi premiado no Festival de Teatro de Sitges (1979), com a peça D. João VI de Hélder Costa. [15]

E no Festival Europeu de Cinema Humorístico da Corunha, ganhou o prémio Melhor Interpretação em 1978, pelo seu papel no filme O Rei das Berlengas de Artur Semedo. [16]

Recebeu a Medalha de Mérito do Município de Santarém em 1993, que também deu o seu nome ao Forum Cultural da cidade e o homenageou novamente em 2019, com a visita guidada Santarém em Cena. [17][18]

Foi condecorado pelo governo português com título de comendador da Ordem do Infante D. Henrique (1994), foi entregue pelo então presidente da República Mário Soares.[19]

O Museu Nacional do Teatro e da Dança dedicou-lhe a exposição Um Rapaz Chamado Mário Viegas, em 2001. [20]

O Centro Cultural Regional de Santarém, instituíu em 2003, o Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas em sua homenagem. [21]

Gravações áudio

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  • 1972 - Palavras Ditas, LP Orfeu [22][23]
  • 1975 - O Operário em Construção e 3 Poemas de Brecht, EP Orfeu [24][25]
  • 1974 - País de Abril, poemas de Manuel Alegre, LP, Estúdios Polysom, Lisboa, Edição Orfeu [26]
  • 1976 - 3 Poemas de Amor, Ódio e Alguma Amargura, Edição Arnaldo Trindade Lda., Orfeu [27]
  • 1978 - Pretextos para Dizer..., LP Orfeu [28]
  • 1980 - Humores, 2 LP Orfeu STAT 100 [29]
  • 1973 - O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro - Fernando Pessoa, 2 Vinyl Sassetti [30][31]
  • 1990 - Poemas de Bibe: Grande Poesia Portuguesa Escolhida para os Mais Pequenos, com Manuela de Freitas, UPAV [32][33]
  • 1993 - No Centenário de Almada Negreiros: Manifesto Anti-Dantas, CD Orfeu [34]

Entre os seus filmes encontram-se: [35][36][9]

  • 1979, D. João VI (Série televisiva)
  • 1984, Palavras Ditas [8]
  • 1989, Um Filmezinho de Sam [37]
  • 1989, Rua Sésamo (Série televisiva) [38]
  • 1991, Palavras Vivas [39]
  • 1991, Napoléon et l'Europe (Série televisiva) [40]
  • 1992, Contradições (Série televisiva)
  • 1973, Oh papá, pobre papá, a mamã pendurou-te no armário e eu estou tão triste, de Arthur Kopit, Casa da Comédia

Ligações externas

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Referências
  1. a b c d Infopédia. «Mário Viegas - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  2. a b Silva, José António Geraldo Marques da (2015). REGISTOS SONOROS DE INTERPRETAÇÃO POÉTICA: análise dos modos de dizer poesia em Portugal, a partir das gravações em disco (PDF). Coimbra: Universidade de Coimbra 
  3. a b c Digital, Bismuto Labs-Web Design e Marketing (5 de agosto de 2020). «Mário Viegas, "o actor em estado geral de graça"». Comunidade Cultura e Arte. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  4. a b Martinho, Samanta (2014). Mário Viegas à Conversa com Beckett (Tese) (PDF). Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 
  5. a b Lusa. «Gravações inéditas de Mário Viegas levadas para a guerra vão ser editadas». PÚBLICO. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  6. Portugal, Rádio e Televisão de. «Palavras Vivas (Mário Viegas) - Artes e Cultura - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  7. Portugal, Rádio e Televisão de. «Miguel Rovisco e Pedro Oom - Palavras Vivas (Mário Viegas) - Artes e Cultura - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  8. a b «Os Poetas de Mário Viegas em Palavras Ditas». Ensina RTP. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  9. a b «Mário Viegas - Pessoas Cinema Português». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  10. a b «Mário Viegas morreu num dia 1 de abril». Jornal Expresso. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  11. «BNP - Auto-photo biografia (não autorizada)». bibliografia.bnportugal.gov.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  12. Henriques, Francisca Gorjão (1 de abril de 2006). «Mário Viegas O actor inquieto». Público. Consultado em 26 de março de 2018 
  13. «Mário Viegas morreu há 25 anos». Esquerda. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  14. «Ser homossexual dá votos?». Público. 11 de outubro de 2009. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  15. «Descobrir Mário Viegas como autor». www.jn.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  16. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «O Rei das Berlengas». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  17. «Santarém em Cena evoca Bernardo Santareno e Mário Viegas». Correio do Ribatejo. 22 de setembro de 2019. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  18. «Centro Cultural "Fórum Mário Viegas" - Município de Santarém». www.cm-santarem.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  19. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Mário Lopes Pereira Viegas". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de julho de 2019 
  20. «Exposição - Um rapaz chamado Mário Viegas». Museu Nacional do Teatro 
  21. «Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas | e-cultura». www.e-cultura.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  22. «"A poesia era oxigénio que ele respirava"». PÚBLICO. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  23. «O Covil do Vinil». ocovildovinil.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  24. O Operário em Construção e 3 Poemas de Brecht by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  25. «Capa do disco "O Operário em construção" e 3 poemas de Brecht, com Mário Viegas». Matriz DGCP. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  26. País de Abril by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  27. 3 Poemas de Amor, Ódio e Alguma Amargura by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  28. Pretextos Para Dizer... by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  29. Humores by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  30. O Guardador de Rebanhos by Mário Viegas - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 27 de agosto de 2021 
  31. «Capa do disco "Guardador de Rebanhos", com voz de Mário Viegas». Matriz DGCP. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  32. «Poemas de bibe : grande poesia portuguesa escolhida para os mais pequenos». Fonoteca Municipal - Catálogo. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  33. «Contra-capa do disco "Poemas de Bibe"». Matriz DGCP. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  34. «Mário Viegas no centenário de Almada Negreiros : Manifesto Anti-Dantas». Fonoteca Municipal - Catálogo. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  35. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Mário Viegas». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  36. «Mário Viegas». MUBI. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  37. «Um Filmezinho de Sam». Arquivos RTP. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  38. «Rua Sésamo | Brinca Brincando». 8 de agosto de 2019. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  39. «Palavras Vivas». Consultado em 27 de agosto de 2021 
  40. Grave, Francisco (2012). «Citizen Grave: Mário Viegas como D. João VI». Citizen Grave. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  41. «Mário Viegas». Biblioteca Nacional de Portugal - Catálogo. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  42. «Mário Viegas: actor (1948-1996)». Biblioteca Nacional de Portugal - Catálogo. Camara Municipal de Lisboa. 1999. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  43. «Um Rapaz Chamado Mário Viegas - catálogo da exposição». www.patrimoniocultural.gov.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  44. Esménio, Filipe (2015). «O sonho ao poder». bibliografia.bnportugal.gov.pt. ISBN 978-989-8789-11-2. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  45. «O Sonho ao Poder - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  46. «Mário Viegas: discografia completa». Biblioteca Nacional de Portugal - Catálogo. 2006. Consultado em 27 de agosto de 2021