Líbero Badaró
Líbero Badaró | |
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Nascimento | 1798 Laigueglia |
Morte | 21 de novembro de 1830 (31–32 anos) São Paulo, Império do Brasil |
Sepultamento | Cemitério da Consolação |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | botânico, jornalista |
Giovanni Battista Libero Badarò (Laigueglia, 1798 — São Paulo, 21 de novembro de 1830) foi jornalista, político e médico italiano radicado no Brasil.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Líbero Badaró nasceu na Itália e mudou-se para o Brasil no ano de 1826. No Brasil, naturalizou-se, radicou-se e veio a tornar-se um liberal. Na Itália, ele havia frequentado as universidades de Turim e Pavia, onde se formou em medicina. Ainda na Europa, publicou algumas obras técnicas, versando sobre fisiologia, zoologia e botânica.
Junto a outros médicos italianos, dentre os quais Cesare Zama de Faenza (pai do futuro tribuno César Zama, e que também teve um fim trágico), veio para o Brasil, em 1826. Em 1828, se radicou na cidade de São Paulo, onde clinicava e dava aulas gratuitas de matemática.
Defensor do liberalismo, fundou e redigia o jornal O Observador Constitucional, surgido em 1829, impresso na tipografia d'O Farol Paulistano, a princípio sob a direção de Badarò e de Luís Monteiro d'Ornelas e, depois de meados de 1830, sob a direção exclusiva do primeiro. O jornal liberal tinha feição moderada, como o que Evaristo da Veiga imprimia no Rio de Janeiro: o Aurora Fluminense. Como esse, granjeara em pouco tempo grande divulgação, que lhe garantia a malquerença dos absolutistas.
Comentou os acontecimentos da revolução de 1830, em Paris, notícia chegada ao Rio de Janeiro em 14 de setembro; a Revolução dos Três Dias – em que Carlos X fora destronado em julho passado – exortando os brasileiros a seguirem o exemplo dos franceses. Em sua obra, Armitage diz:
O choque foi elétrico. Muitos indivíduos no Rio, Bahia, Pernambuco e São Paulo iluminaram suas casas por esse motivo. Excitaram-se as esperanças dos liberais e o temor dos corcundas, e estas sensações se espalharam por todo o Império por meio dos periódicos.
Em São Paulo, os estudantes do Curso Jurídico tomaram a iniciativa. «Luminárias, bandas de música e mais demonstrações de alegria praticadas pelos habitantes de São Paulo pelo derrubamento do governo tirano e anticonstitucional da França», conforme parecer da Comissão de Constituição da Câmara (como consta de seus Anais, 1830, tomo II), assumiram para o ouvidor Cândido Ladislau Japiassú feição de atos criminosos e o levaram a processar alguns manifestantes, de preferência jovens estudantes. O O Observador Constitucional abriu campanha em favor dos acusados e atacou Japiassú, chamando-o Caligulazinho. A linguagem era viva e enérgica, mas não justificaria o desfecho violento.
Assassinato
[editar | editar código-fonte]Em 20 de novembro de 1830, às 10 horas da noite, quando voltava para sua casa, na rua de São José (mais tarde rua Líbero Badaró), sem perceber que era uma cilada, o jornalista foi interpelado por quatro alemães, a pretexto de lhe entregarem uma correspondência contra o ouvidor Japiassú, porém recebeu deles, traiçoeiramente, uma carga de bacamarte, caindo mortalmente ferido.
Supõe-se que, ao morrer, pronunciou uma frase que celebrizou-se como símbolo da defesa da liberdade de imprensa:
"Morro defendendo a liberdade", ou ainda: "Morre um liberal, mas não morre a liberdade".
O Observador Constitucional dedicou o seu número de 26 de novembro à morte de seu criador: Morro defendendo a liberdade, disse ele em seus minutos finais.[1] A repercussão em São Paulo foi imediata. A seu enterro compareceram 5 mil pessoas e mais de 800 tochas foram acesas, na sua tumba foram gravadas suas últimas palavras.
O principal responsável pelo ataque fora Henrique (ou Simão) Stock, alemão que se escondeu na casa do ouvidor. O povo, que queria justiça sumária, exigia a prisão de ambos. O alemão Stock foi preso, Japiassú continuou ameaçado e pediu asilo a um coronel, entraram autoridades a concertar providências. A exaltação do povo continuou e o Conselho de Governo da Província mandou para o Rio o ouvidor que fora denunciado, sob escolta. O padre Diogo Antônio Feijó, como membro do Conselho, teve parte ativa nas deliberações e de sua iniciativa foram as principais medidas para a busca de punição para os culpados. O alemão Stock foi condenado pelo assassinato, mas Japiassú, o "Caligulazinho", foi inocentado.
Reação da opinião pública
[editar | editar código-fonte]D. Pedro I perdia prestígio com fatos como esse, que demonstravam sua postura autoritária, uma vez que a burguesia que o apoiou no processo de independência ansiava por se livrar do controle de Portugal.
No ano seguinte, 1831, com seu poder já fragilizado, Dom Pedro I abdicou da coroa, abandonando-a sobre a cama de seu filho e legítimo herdeiro, Pedro de Alcântara, a partir daí Pedro II. Retornou para Portugal na companhia da madrasta do novo imperador, que de imediato assumiu a Coroa de jure, sendo posteriormente coroado o segundo imperador do Brasil, com apenas 14 anos de idade, devido ao Golpe da Maioridade.
O assassinato de Libero Badarò tornou o ambiente mais propício aos liberais mais exaltados.[2]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]É homenageado em São Paulo com um logradouro que leva seu nome, rua Líbero Badaró.
- ↑ O Observador Constitucional n. 104
- ↑ SECCO, Lincoln; DEAECTO, Marisa M, “A São Paulo de Libero Badaró”. Notícia Bibliográfica e Histórica. Campinas, abril-junho de 2003
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- SILVA, Joaquim. PENNA, J. B. Damasco, 1967, "História do Brasil", Cia. Editora Nacional, São Paulo.
- AMARAL, Tancredo do, 1895, A História de São Paulo ensinada pela biographia dos seus vultos mais notáveis, Alves & Cia. Editores, 353 pp.
- GAETA, Augusto, 1944, "Libero Badaró", Estabelecimento Grafico E. Cupolo ,São Paulo.
- PREVE, Giulio Cesare, 1983, " Laigueglia, storia e cronache di um paese lígure" Ed. Associazione Vecchi Laigueglia
Ligações externas
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