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Familicídio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Familicídio é um tipo de homicídio ou assassinato-suicídio em que pelo menos um cônjuge e um ou mais filhos são mortos,[1] ou em que um pai ou pais e possivelmente outros parentes como irmãos e avós são mortos. Em alguns casos, todas as vidas dos membros da família são tomadas. Se apenas os pais são mortos, o caso também pode ser referido como um parricídio. Quando todos os membros de uma família são mortos, inclusive quando o assassinato toma a forma de assassinato-suicídio, o crime pode ser referido como aniquilação familiar.

Estudo da Howard Journal of Criminal Justice

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Um estudo feito por criminalistas britânicos e publicado na revista acadêmica Howard Journal of Criminal Justice em agosto de 2013 analisou 71 casos de familicídios noticiados em jornais entre 1980 e 2012 e traçou um perfil dos assassinos.[2][3][4]

Em 80% dos 71 crimes analisados, a autoria do crime foi de homens, sendo que, 96% desses homens eram os pais biológicos das crianças mortas. Um total de 60% dos crimes ocorreram a partir do ano 2000, o que expressa uma tendência de aumento desse tipo de crime. Em 55% dos casos, o assassino estava na faixa dos 30 anos e, em 81% dos casos, eles se suicidaram ou tentaram se matar.[2][3] Divórcios e conflitos sobre a guarda das crianças foram apontados como a motivação mais comum, responsáveis por 66% dos casos. Seguido por dificuldades financeiras, crimes de honra e doenças mentais. Esfaqueamentos e intoxicação por monóxido de carbono foram os métodos mais comuns, de acordo com as estatísticas.[2][3][4]

A pesquisa derrubou o argumento que afirmava que os assassinos geralmente são homens fracassados e frustrados profissionalmente, pois 71% deles estavam empregados, com profissões que variavam de cirurgião a carteiro, policial a motorista. O estudo apontou que existem quatro tipos de aniquiladores familiares: o hipócrita, o frustrado, o paranoico e o egoísta.[2][3][4]

  • O Hipócrita: o assassino busca culpabilizar esposa pelo crime. Ele a considera responsável pela separação da família. Para esses homens, o status de provedor é muito importante para seu conceito de família ideal.
  • O Egoísta: o pai vê sua família como a consequência de seu sucesso financeiro, e é através dela que ele mostra suas conquistas e realizações. No entanto, se o pai se torna um fracasso econômico, a família não serve mais essa função.
  • O Frustrado: esse assassino acredita que sua família o desapontou, ou agiu de uma forma que prejudicou, difamou ou destruiu sua imagem de vida familiar ideal. Um exemplo pode ser a decepção que eles sentem quando as crianças não estão seguindo os costumes religiosos ou culturais tradicionais do pai.
  • O Paranoico: é aquele que percebe uma ameaça externa à família. Ele teme que os serviços sociais ou o sistema legal venham a ficar contra ele e retirar a guarda de seus filhos. Aqui, o crime é originado por um desejo deturpado de proteger a família.

De acordo com David Wilson, da Universidade da Cidade Birmingham, na Grã-Betanha, e um dos autores do estudo, a razão para o aumento deste tipo de crime poderia ser “o sentimento que homens têm em exercer poder e controle” sobre suas famílias. O pesquisador explicou à BBC que “normalmente são os homens que investiram mais em um conceito estereotipado do que significa ser um marido e um pai dentro dessa instituição chamada família. A imagem que eles têm de família é muito simplificada, e não reflete o crescimento do papel dinâmico que a mulher pode exercer na economia e na instituição familiar.”[4] Wilson disse também que o que mais o surpreendeu foram “as ideias extraordinárias que os homens têm quando eles pensam em matar seus filhos. Eles pulam de pontes com seus filhos no colo, e entram com o carro em rios com seus filhos no banco de trás. Essas são maneiras dramáticas e controladoras de cometer um crime” afirmou.[4] “Esse é um grupo de homens desconhecido para o sistema de justiça criminal. É um perfil muito diferente dos assassinos normalmente encontrados em investigações criminais”, concluiu Wilson.[4]

Arquivos de jornais foram usados como instrumento de observação e possibilitaram uma classificação de dados como idade e motivação dos assassinos. De todos os 71 casos, apenas 12 foram cmetidos por mulheres.[2][3][4]

Referências
  1. Wilson, M., Daly, M. & Daniele, A. (1995). «Familicide: The Killing of Spouse and Children» (PDF). Aggressive Behavior. 21: 275–291. doi:10.1002/1098-2337(1995)21:4<275::aid-ab2480210404>3.0.co;2-s. Arquivado do original (PDF) em 26 de setembro de 2007 
  2. a b c d e «Estudo analisa familicídio dos últimos 30 anos e traça perfil dos crimes». RedeTV!. 25 Setembro 2013. Consultado em 11 Fevereiro 2020. Cópia arquivada em 11 Fevereiro 2020 
  3. a b c d e Cláudia Collucci (25 Setembro 2013). «Estudo britânico analisa casos e faz perfil de autores de familicídio». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 Fevereiro 2020. Cópia arquivada em 11 Fevereiro 2020 
  4. a b c d e f g «Estudo britânico identifica tipos de assassinos da própria família». iG. 15 Agosto 2013. Consultado em 11 Fevereiro 2020. Cópia arquivada em 11 Fevereiro 2020 
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