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Formiga-lava-pés

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Nome popular usado para a espécie mais comum, veja Solenopsis saevissima.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaFormiga-lava-pés
Rainhas de Solenopsis sp.
Rainhas de Solenopsis sp.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Família: Formicidae
Género: Solenopsis
Westwood, 1840
Espécies
280 espécies

O nome popular formigas-lava-pés (ou "lavapés"), também conhecidas como formigas-de-fogo,[1] é usado no Brasil para denominar um grupo distinto de cerca de 20 espécies de formigas pertencentes ao gênero Solenopsis.[2] No Brasil, a espécie Solenopsis saevissima é a mais comum[3] As formigas-lava-pés diferem das demais do gênero por serem maiores, mais ágeis e capazes de ferroar animais vertebrados.[4]

Também são conhecidas pelos nomes caga-fogo, formiga-brasa, formiga-de-cemitério, formiga-de-defunto, formiga-quente, formiga-malagueta, formiga-ruiva, itaciba, jequitaia, jiquitaia, lava-pé, mordedeira, mossoró, queima-queima, pititinga, pixixica, taciba, taçuíra, taviriri, taçuva e uaiatu.[5]

São assim conhecidas por causa dos seus hábitos agressivos e pela ferroada dolorida.[6] Estas formigas tipicamente constroem formigueiros expostos feitos de terra, e reagem de forma agressiva e em grandes números quando são perturbadas. São comuns acidentes envolvendo pessoas e animais domésticos, dado o hábito de algumas espécies de formigas-lava-pés de fazerem seus ninhos em gramados e beiras de estrada próximos a construções humanas.[7] Isto se dá por serem formigas onívoras, podendo se alimentar de muitos tipos de plantas, animais ou alimentos domésticos.[8] É comum encontrar agrupamentos desta formigas depois de grandes chuvas, pois por flutuarem na água elas agarram-se uma nas outras em casos de inundações atingirem seus ninhos.[9][10]

Seus hábitos prejudicam tanto animais como plantas, e são considerados organismos ecologicamente dominantes.[11] Têm importância econômica principalmente pelos danos que ocasionam na agricultura. Os prejuízos podem ser ocasionados pela destruição de sementes germinadas, plantas em viveiros, ou em desenvolvimento vegetativo avançado

Geralmente as operárias destas formigas são polimórficas, de coloração variando de tons amarelados, avermelhados e marrons. São formigas de pequeno porte, onde as maiores alcançam de 3,5 a 5,0 mm de comprimento.[8] Essas formigas constroem grandes formigueiros normalmente em locais abertos, que se caracterizam pelo amontoado de partículas finas de terra na entrada.

As ferroadas das formigas-lava-pés ardem por causa da presença de uma mistura complexa de alcalóides piperidínicos tóxicos e insolúveis em água.[12] O veneno destas formigas é mais de 95% feito destes alcalóides,[13] chamados de "solenopsinas". Ao serem injetados na pele, estes alcalóides geram uma resposta inflamatória local, geralmente seguida da formação de uma pústula purulenta no local da ferroada.[12] Em virtude da irritação e coceira local, estas pústulas podem se romper com o atrito com as unhas, abrindo espaço para possíveis infecções secundárias.[14] Algumas pessoas podem desenvolver alergia a ferroadas de formigas-lava-pés.[15] Exatamente qual a fração da população brasileira que é atingida por este problema ainda não foi determinado, mas estimativas apontam que cerca de 30% dos acidentes com ferroadas de insetos que são registrados em hospitais sejam causados por formigas-lava-pés.[16] A reação alérgica é diretamente causada por proteinas tóxicas no veneno,[15] que representam cerca de 1/1000 do total em peso.[17] As proteínas de veneno da formiga lava-pés Solenopsis invicta somente foram estudadas a fundo somente mais recentemente,[18] devido a dificuldades práticas anteriores de se obter veneno em quantidade suficiente para análise.[17]

Como em quase todas espécies de formigas, o indivíduos responsáveis pela reprodução são fêmeas e machos alados que tem órgãos sexuais desenvolvidos. Fêmeas estéreis e sem asas são operárias, responsáveis por diversas funções na colônia.[19] Depois de um voo nupcial, as fêmeas aladas copuladas buscam um local abrigado para fundarem seus formigueiros, ou podem ser adotadas por um formigueiro receptivo a diversas rainhas. Enquanto estas jovens rainhas carecem de soldados para defende-la, elas utilizam seu veneno como um inseticida para afastar espécies competidoras.[20] Operárias de formigas-lava-pés não possuem ovários.

Como todas as formigas, as lava-pés se desenvolvem por metamorfose completa, ou seja, elas nascem como larvas e precisam passar um um estágio de pupa para emergirem como insetos adultos definitivos. Todas as formigas-lava-pés passam por três mudas enquanto larvas, resultando na existência de quatro instares larvais. As larvas destas formigas possuem pelos e mandibulas e formatos de corpo diferentes a cada instar larval, que caracterizam cada estádio de desenvolvimento.[21]

O controle pode ser através da realização de pulverizações de inseticidas específicos, registrados para as culturas.[22]

Por causa do alastramento de três espécies invasoras (S. geminata, S. invicta, S. richteri) em escala global, as formigas lava-pés são hoje em dia insetos intensamente estudados. Dentre estas, a espécie mais agressiva S. invicta tornou um dos insetos mais estudados da atualidade.[8]

Referências
  1. Infopédia. «formiga-de-fogo | Definição ou significado de formiga-de-fogo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 24 de junho de 2021 
  2. Pitts, James P.; Camacho, Gabriela P.; Gotzek, Dietrich; Mchugh, Joseph V.; Ross, Kenneth G. (abril de 2018). «Revision of the Fire Ants of the Solenopsis saevissima Species-Group (Hymenoptera: Formicidae)». Proceedings of the Entomological Society of Washington (em inglês). 120 (2): 308–411. ISSN 0013-8797. doi:10.4289/0013-8797.120.2.308 
  3. Ross, Kenneth G.; Gotzek, Dietrich; Ascunce, Marina S.; Shoemaker, D. DeWayne (14 de dezembro de 2009). «Species Delimitation: A Case Study in a Problematic Ant Taxon». Systematic Biology (em inglês). 59 (2): 162–184. ISSN 1076-836X. doi:10.1093/sysbio/syp089 
  4. Trager, J. C. 1991. A revision of the fire ants, Solenopsis geminata group (Hymenoptera: Formicidae: Myrmicinae). Journal of the New York Entomological Society 99: 141–198.
  5. LENKO, Karol (1979). Insetos no Folclore. São Paulo: Conselho Estadual de Artes e Ciêncais Humanas. pp. 518 pp. 
  6. «ANIMAIS PEÇONHENTOS». www.saude.sp.gov.br. Consultado em 16 de novembro de 2018 
  7. FERNANDES, Elisa Furtado; SANTOS-PREZOTO, Helba Helena; PREZOTO, Fábio. FORMIGAS LAVA-PÉS EM AMBIENTES URBANOS: BIOECOLOGIA E RISCO DE ACIDENTES. CES Revista, [S.l.], v. 30, n. 1, p. 25-42, jun. 2016. ISSN 1983-1625. Disponível em:<https://seer.cesjf.br/index.php/cesRevista/article/view/807>. Acesso em: 15 nov. 2018.
  8. a b c 1940-, Tschinkel, Walter R. (Walter Reinhart),. The fire ants First Harvard University Press paperback edition ed. Cambridge, Massachusetts: [s.n.] ISBN 9780674072404. OCLC 858577601 
  9. Haight, K. L. (fevereiro de 2006). «Defensiveness of the fire ant, Solenopsis invicta, is increased during colony rafting». Insectes Sociaux (em inglês). 53 (1): 32–36. ISSN 0020-1812. doi:10.1007/s00040-005-0832-y 
  10. «Formigas lava-pes são mais um- risco nas ruas inundadas de Houston - As formigas são naturais da América do Sul». www1.folha.uol.com.br  Jornal Folha de S. Paulo
  11. Feener, Donald H.; Orr, Matthew R.; Wackford, Kirt M.; Longo, Jose M.; Benson, Woodruff W.; Gilbert, Lawrence E. (julho de 2008). «GEOGRAPHIC VARIATION IN RESOURCE DOMINANCE–DISCOVERY IN BRAZILIAN ANT COMMUNITIES». Ecology (em inglês). 89 (7): 1824–1836. ISSN 0012-9658. doi:10.1890/07-0659.1 
  12. a b Gopalakrishnakone, P.,; Calvete, Juan J.,. Venom genomics and proteomics Living Reference Work ed. Dordrecht: [s.n.] ISBN 9789400766495. OCLC 968345667 
  13. Baer, Harold; Liu, T.-Y.; Anderson, Martha C.; Blum, Murray; Schmid, William H.; James, Frank J. (janeiro de 1979). «Protein components of fire ant venom (Solenopsis invicta)». Toxicon. 17 (4): 397–405. ISSN 0041-0101. doi:10.1016/0041-0101(79)90267-8 
  14. Vogt, James T.; Kozlovac, Joseph P. (junho de 2006). «Safety Considerations for Handling Imported Fire Ants (Solenopsis Spp.) in the Laboratory and Field». Applied Biosafety (em inglês). 11 (2): 88–97. ISSN 1535-6760. doi:10.1177/153567600601100205 
  15. a b Zamith-Miranda, Daniel; Fox, Eduardo G. P.; Monteiro, Ana Paula; Gama, Diogo; Poublan, Luiz E.; de Araujo, Almair Ferreira; Araujo, Maria F. C.; Atella, Georgia C.; Machado, Ednildo A. (26 de setembro de 2018). «The allergic response mediated by fire ant venom proteins». Scientific Reports (em inglês). 8 (1). ISSN 2045-2322. PMC 6158280Acessível livremente. PMID 30258210. doi:10.1038/s41598-018-32327-z 
  16. Castro, F.F.M., Palma, M.S. Alergia a venenos de insetos. Barueri: Manole; 2009. 228 pp.
  17. a b Gonçalves Paterson Fox, Eduardo; Russ Solis, Daniel; Delazari dos Santos, Lucilene; Aparecido dos Santos Pinto, Jose Roberto; Ribeiro da Silva Menegasso, Anally; Cardoso Maciel Costa Silva, Rafael; Sergio Palma, Mario; Correa Bueno, Odair; de Alcântara Machado, Ednildo (abril de 2013). «A simple, rapid method for the extraction of whole fire ant venom (Insecta: Formicidae: Solenopsis)». Toxicon. 65: 5–8. ISSN 0041-0101. doi:10.1016/j.toxicon.2012.12.009 
  18. dos Santos Pinto, José R. A.; Fox, Eduardo G. P.; Saidemberg, Daniel M.; Santos, Lucilene D.; da Silva Menegasso, Anally R.; Costa-Manso, Eliúde; Machado, Ednildo A.; Bueno, Odair C.; Palma, Mario S. (22 de agosto de 2012). «Proteomic View of the Venom from the Fire Ant Solenopsis invicta Buren». Journal of Proteome Research (em inglês). 11 (9): 4643–4653. ISSN 1535-3893. doi:10.1021/pr300451g 
  19. «controle de formiga lava pés» 
  20. «Queen Venom Isosolenopsin A Delivers Rapid Incapacitation of Fire Ant Competitors». Toxicon (em inglês). 4 de dezembro de 2018. ISSN 0041-0101. doi:10.1016/j.toxicon.2018.11.428 
  21. Bueno, Odair Correa; Souza, De; Fernando, Rodrigo; Delabie, Jacques Hubert Charles; Rossi, Mônica Lanzoni; Solis, Daniel Russ; Fox, Eduardo Gonçalves Paterson (2012). «Comparative Immature Morphology of Brazilian Fire Ants (Hymenoptera: Formicidae: Solenopsis)». Psyche: A Journal of Entomology (em inglês). doi:10.1155/2012/183284. Consultado em 5 de dezembro de 2018 
  22. «formiga lava pé» 

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