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Edward Osborne Wilson

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Edward Osborne Wilson
Edward Osborne Wilson
Wilson em 2007
Conhecido(a) por
Nascimento 10 de junho de 1929
Birmingham, Alabama, Estados Unidos
Morte 26 de dezembro de 2021 (92 anos)
Burlington, Massachusetts, Estados Unidos
Nacionalidade norte-americano
Cônjuge Irene Kelley
Alma mater
Prêmios
Orientador(es)(as) Frank M. Carpenter
Instituições
Campo(s) Entomologia e biologia
Tese A Monographic Revision of the Ant Genus Lasius (1955)[1]

Edward O. Wilson (Birgmingham, 10 de junho de 1929Burlington, 26 de dezembro de 2021[2]) foi um renomado entomólogo e biólogo norte-americano conhecido por seu trabalho com ecologia, evolução e sociobiologia.

Considerado como o "novo Charles Darwin",[3] o "Darwin do século XXI"[4] ou o "herdeiro de Darwin",[5][6] Wilson era especialista em mirmecologia, a área da biologia que estuda as formigas e onde Wilson era um dos grandes especialistas.[7] Tal especialidade o levou a ser chamado de "homem formiga".[8]

Wilson é considerado o pai da sociobiologia e da biodiversidade[9] por seu trabalho com a proteção do meio ambiente e por suas ideias deístas e humanista-seculares a respeito de assuntos éticos e religiosos. Entre suas grandes contribuições para a teoria ecológica está a teoria da biogeografia insular, desenvolvida junto do ecólogo matemático Robert MacArthur. Tal teoria foi a base para a criação de áreas de conservação, bem como para a teoria neutra de biodiversidade unificada de Stephen P. Hubbell, que visa explicar a diversidade e abundância relativa de espécies em comunidades ecológicas.[10][11]

Wilson era professor emérito da Universidade Harvard em entomologia no Departamento de Teoria Evolutiva, professor visitante da Universidade Duke e membro do Comitê para a Investigação Cética.[12] A Academia Real das Ciências da Suécia lhe concedeu o Prêmio Crafoord, que cobre áreas não premiadas pelo Nobel como biologia, oceanografia, matemática, astronomia, entre outras.[13]

Wilson foi também duas vezes ganhador do Prêmio Pulitzer: Não-Ficção de 1979 por seu livro On Human Nature e em 1991 por The Ants. Com seus livros The Social Conquest of Earth, Letters to a Young Scientist e The Meaning of Human Existence, Wilson chegou ao topo da lista de mais vendidos do New York Times.[14][15]

Ganhador de mais de 150 prêmios e medalhas de instituições pelo mundo, bem como mais de 40 doutorados honorários,[16] Wilson era membro honorário de mais de 30 organizações, academias, universidades e instituições.[17] Deu palestras em mais de 100 universidades. Duas espécies animais foram cientificamente nomeadas em sua homenagem.[18][19]

Em 1995, Wilson foi eleito pela revista Time uma das 25 personalidades mais influentes nos Estados Unidos e em 1996 uma pesquisa internacional o elegeu um dos 100 cientistas mais influentes da história. Em 2000, as revistas Time e Audubon o elegeu um dos 100 maiores ambientalistas do século. Em 2005, a revista Foreign Policy o indicou como um dos 100 mais importantes intelectuais do mundo. Em 2008, a Encyclopædia Britannica o elegeu um dos 100 mais importantes cientistas da história.[20]

Wilson nasceu em 10 de junho de 1929, em Birmingham, no Alabama. Era filho de Inez Linnette Freeman e Edward Osborne Wilson.[21] Cresceu em várias cidades do sul dos Estados Unidos, como Mobile e Pensacola. Seus pais se divorciaram quando Wilson tinha sete anos.[22]

No mesmo ano em que seus pais se divorciaram, Wilson ficou cego de um olho devido a um acidente de pescaria. Mesmo com dor, ele continuou pescando e não reclamou porque ficava muito ansioso ao estar em ambientes externos. Ele não procurou atendimento médico e meses depois sua pupila direita embranqueceu devido à catarata. Admitido no Hospital de Pensacola, ele precisou passar por cirurgia ocular, procedimento ainda arcaico na época. Ainda que a visão do olho direito estivesse prejudicada, a visão do olho esquerdo estava perfeita. Embora tivesse perdido sua visão estereoscópica, Wilson ainda podia ver as letras pequenas e os pelos do corpo de pequenos insetos. Sua reduzida capacidade de observar mamíferos e pássaros o levou a se concentrar em insetos.[22]

Aos nove anos, Wilson realizou suas primeiras expedições no Rock Creek Park em Washington, DC, onde começou a coletar insetos e se apaixonou por borboletas. Ele os capturaria usando redes feitas com vassouras, cabides e bolsas de gaze. Ele os capturava usando redes feitas com vassouras, cabides e bolsas de gaze. Nestas expedições ele começou a observar o comportamento das formigas. Wilson foi escoteiro da Boy Scouts of America, onde foi diretor do acampamento de verão.[22]

Aos 18 anos, Wilson tinha a intenção de se tornar entomólogo e começou a coletar e colecionar moscas, mas a falta de alfinetes para insetos devido à Segunda Guerra Mundial o levou a se interessar por formigas, que ele poderia guardar em frascos. Encorajado por Marion R. Smith, especialista em formigas do Museu Nacional de História Natural em Washington, Wilson começou a estudar as formigas do Alabama. Esse estudo o levou a relatar a primeira colônia de formiga-de-fogo dos Estados Unidos, perto do porto de Mobile.[22]

Preocupado com a possibilidade de não conseguir frequentar uma universidade, Wilson tentou se alistar no Exército dos Estados Unidos. Assim ele conseguiria uma bolsa militar para estudar, mas Wilson não passou no exame médico de admissão devido a seus problemas de visão. Wilson acabou ingressando na Universidade do Alabama, onde obteve um bacharelado e um mestrado em biologia em 1950. Em 1951, se transferiu para a Universidade Harvard.[22]

Indicado para a Harvard Society of Fellows, ele pode fazer viagens de campo para coletar espécimens em Cuba e no México, além de viajar para o sul do Pacífico como Austrália, Nova Guiné, Fiji, Nova Caledônia e Sri Lanka. Em 1955, ele obteve o doutorado e se casou com sua namorada, Irene Kelley.[23]

De 1956 a 1996, Wilson foi docente da Universidade Harvard. Começou a trabalhar como taxonomista especialista em formigas, cujo trabalho o levou a entender sua microevolução, como elas se desenvolveram em novas espécies, escapando de desvantagens ambientais e se mudando para novos habitats. A partir de tais estudos, ele desenvolveu sua teoria sobre o ciclo de táxons.[23]

Junto do matemático William H. Bossert, Wilson desenvolveu um método de classificação de feromônios baseado nos padrões de comunicação dos insetos.[24] Em 1960, junto do ecologista e matemático Robert MacArthur, ele desenvolveu a teoria sobre o equilíbrio das espécies. Na década de 1970, Wilson e Daniel S. Simberloff testaram a teoria nas pequenas ilhas de um manguezal em Florida Keys. Eles erradicaram todas as espécies de insetos e observaram a repopulação por novas espécies. O livro sobre biogeografia insular resultante de tal trabalho tornou-se um texto padrão na área da ecologia.[23][25]

Em 1971, Wilson publicou The Insect Societies, que estuda o comportamento dos insetos e de outros animais influenciados por pressões evolutivas semelhantes.[26] Em 1973, Wilson foi indicado a curador da coleção de insetos do Museu de Zoologia Comparada. Em 1975, publicou o livro Sociobiology: The New Synthesis, onde Wilson aplicou suas teorias sobre o comportamento dos insetos aos vertebrados e, no último capítulo, aos humanos. Ele especulou que tendências evoluídas e herdadas eram responsáveis pela organização social hierárquica entre os humanos. Em 1978, foi publicado seu livro On Human Nature, que tratou do papel da biologia na evolução da cultura humana e ganhou o Prêmio Pulitzer de Não Ficção.[23]

Em 1981, após trabalhar com Charles Lumsden, Wilson publicou Genes, Mind and Culture, uma teoria da coevolução entre genes e cultura. Em 1990, foi publicado The Ants, co-escrito com Bert Hölldobler, seu segundo Prêmio Pulitzer de Não Ficção.[23]

Aposentadoria

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Em 1996, Wilson se aposentou da Universidade Harvard, onde continuou como professor emérito e curador honorário de entomologia. Fundou a E.O. Wilson Biodiversity Foundation, que financia o Prêmio PEN/E. O. Wilson de Literatura Científica e também a fundação Nicholas School of the Environment, da Universidade Duke. Wilson tornou-se professor palestrante da Duke como parte do acordo para a fundação.[27]

Wilson e sua esposa, Irene, que faleceu em abril de 2021,[28] moravam em Lexington, em Massachusetts.[23]

Wilson morreu em 26 de dezembro de 2021, aos 92 anos, em Burlington.[29] A causa da morte não foi informada.[21][30][31] Deixou a filha, Catherine.[32]

Principais trabalhos

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Referências
  1. E.O. Wilson (ed.). «A Monographic Revision of the Ant Genus Lasius» (PDF). Harvard College. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  2. «Edward O. Wilson, Harvard naturalist often cited as heir to Darwin, dies at 92». Washington Post. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  3. «EO Wilson has been described as the "world's most evolved biologist" and even as "the heir to Darwin"». BBC. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  4. «E.O. Wilson on Darwin and Evolution». www.wbur.org (em inglês). Consultado em 27 de dezembro de 2020 
  5. «Darwin's natural heir». The Guardian. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  6. «Book Talk: E. O. Wilson's Bold Vision for Saving the World». National Geographic News. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  7. «A conversation with the world's leading expert on ants, Dr. E. O. Wilson». World Wildlife Fund. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  8. «Edward O. Wilson, biologist known as 'ant man,' dead at 92». ABC News. 27 de dezembro de 2021. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  9. Michael Becker, ed. (9 de abril de 2009). «MSU presents Presidential Medal to famed scientist Edward O. Wilson». MSU News. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  10. «Unified neutral theory of biodiversity and biogeography». Scholarpedia. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  11. Steven Mithen (ed.). «How Fit Is E.O. Wilson's Evolution?». New York Review of Books. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  12. «E.O. Wilson advocates biodiversity preservation». Duke Chronicle. 12 de fevereiro de 2014. Consultado em 27 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 25 de julho de 2015 
  13. «E. O. Wilson biography». Alabama Literary Map. Consultado em 27 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2010 
  14. Gregory Cowles (ed.). «Print & E-Books». The New York Times. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  15. Jascha Hoffman (ed.). «Advice to Researchers and Reanimating Dead Mice». The New York Times. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  16. «Professor Edward O. Wilson». King Faisal Prize. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  17. «Curriculm Vitae» (PDF). Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  18. «New antbird named after E.O. Wilson». BirdWatching. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  19. «Mozambique: New bat species discovered in Gorongosa National Park». Macau Business. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  20. Inc, Encyclopædia Britannica (2008). Britannica Guide to 100 Most Influential Scientists: The Most Important Scientists from Ancient Greece to the Present Day. Londres: Encyclopædia Britannica, Inc. ISBN 978-1-59339-846-0 
  21. a b Carl Zimmer, ed. (27 de dezembro de 2021). «E.O. Wilson, a Pioneer of Evolutionary Biology, Dies at 92». The New York Times. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  22. a b c d e Wilson, Edward O. (2006). Naturalist. Washington, D.C.: [s.n.] ISBN 1-59726-088-6 
  23. a b c d e f «Edward O. Wilson Biography and Interview». American Academy of Achievement. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  24. Vandenbergh, John (1983). Pheromones and Reproduction in Mammals. [S.l.]: Elsevier. p. 254. ISBN 978-0-323-15651-6. doi:10.1016/B978-0-12-710780-6.X5001-8 
  25. Millar, Ian (1989). Chambers Concise Dictionary of Scientists. [S.l.]: Chambers. pp. 405–406. ISBN 1-85296-354-9 
  26. Muir, Hazel (1994). Larousse Dictionary of Scientists. [S.l.]: Larousse. p. 555. ISBN 0-7523-0002-4 
  27. «'Father of sociobiology' to teach at Nicholas School». Duke University. Dezembro de 2013. Consultado em 27 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 25 de julho de 2015 
  28. «Irene K. Wilson». Douglass Funeral Home. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  29. «Edward O. Wilson, pioneiro da biologia evolutiva, morre aos 92». UOL. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  30. «Morreu Edward O. Wilson, o cientista pioneiro da biologia evolutiva». Publico.pt. 27 de dezembro de 2021. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  31. Bill Trott, ed. (27 de dezembro de 2021). «E.O. Wilson, naturalist dubbed a modern-day Darwin, dies at 92». Reuters. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  32. «E.O. Wilson's lifetime of scientific discovery led to 'Half-Earth'». E.O. Wilson Foundation. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  33. Wilson, Edward O.; Ottaviani, Jim (10 de novembro de 2020). Naturalist: A Graphic Adaptation. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1610919586 

Ligações externas

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