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Orelha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Orelha

Orelha humana

Anatomia da orelha humana
Detalhes
Sistema Sistema sensorial
Identificadores
Latim Auricula

A orelha (do latim: auricula) ou órgão vestibulococlear (parte externa) e o ouvido (parte interna), constituem os órgãos do sistema auditivo responsáveis pela audição e equilíbrio.[1][2] Nos mamíferos, as orelhas apresentam-se aos pares localizando-se na cabeça, podendo estar em outras partes do corpo ou mesmo serem ausentes em outros animais. As aranhas possuem pelos nas patas que são responsáveis pela deteção do som. O ouvido dos répteis apresenta apenas um osso, a columela, que é considerado homólogo ao estribo dos mamíferos. O ouvido humano é dividido em três regiões anatômicas: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.[1][3]

Em muitos animais, as orelhas apresentam músculos que as seguram ao crânio capazes de executar movimentos semicirculares, ampliando a área de alcance das orelhas. Os morcegos possuem orelhas excepcionalmente grandes e complexas que operam como receptor de ondas hipersônicas emitidas pelo animal, que refletem sobre qualquer superfície e são interpretadas pelo cérebro como uma imagem, e assim permitem a localização espacial do animal no escuro. Já os elefantes e outros animais de savana apresentam orelhas grandes que possuem outras funções, como radiador por dissipação. Intensamente irrigadas por vasos sanguíneos, as orelhas são abanadas de forma a dissipar o calor em excesso do corpo, equilibrando a sua temperatura interna.

Nos seres humanos, as orelhas possuem arquitetura complexa, mas são relativamente menores que em outros grandes primatas, como o chimpanzé, e raramente possuem capacidade de movimento. Muitas culturas utilizam a orelha como chamariz, prendendo adornos de pedra, metal, ou outros materiais à sua cartilagem. Em algumas comunidades, a laceração do lóbulo da orelha é um símbolo de status, e quanto maior o buraco (aberto e ampliado por objetos como discos, ou pesos), mais alta é a posição do indivíduo na sociedade. De maneira geral, o lóbulo da orelha, bem como sua curva superior, são apontadas como zonas erógenas.

Orelha externa

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Ver artigo principal: Orelha externa

A orelha externa é composta de duas partes: o pavilhão da orelha, também conhecido como pina, e o meato acústico externo.

Pavilhão da orelha

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O pavilhão da orelha humana e seus componentes: 1.hélice; 2.fossa escafoide; 3.fossa triangular; 4.anti-hélice; 5.concha; 6.trago; 7.antítrago; 8.lóbulo

O pavilhão da orelha é o apêndice que se situa lateralmente na cabeça e circunda a abertura do meato acústico externo.[1] Também chamado de pina, é formado por uma lâmina de cartilagem elástica de formato irregular, recoberta por uma fina camada de pele. Possui várias depressões e elevações, sendo a concha a maior depressão.[4] A margem elevada da orelha é chamada de hélice, e, localizada logo abaixo da hélice se encontra a escafa ou fossa escafoide, que é uma longa depressão. Abaixo da escafa, se encontra uma elevação chamada anti-hélice, que termina bifurcada em dois ramos, encontrando-se uma fossa entre eles, chamada de fossa triangular ou navicular. O lóbulo é uma pequena porção de tecido mole que se encontra na região inferior do pavilhão. Localizados superiormente ao lóbulo, encontram-se o trago e o antítrago, o primeiro localizado logo na abertura do meato acústico externo e o segundo, logo acima do lóbulo.

A função principal do pavilhão auditivo é coletar sons, agindo como um funil e direcionando o som para o conduto auditivo.[3] Outra função é a filtração do som, processo este que ajuda a localizar a origem dos sons que chegam ao indivíduo. Além disso, no caso dos humanos, o processo de filtração seleciona sons na faixa de frequência da voz humana facilitando o reconhecimento.

Seio pré-auricular

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Algumas pessoas têm um buraquinho pequeno no topo da hélice da orelha, no lugar que “cola” as orelhas ao rosto. Chamada de seio pré-auricular ou Coloboma auris, assim como as covinhas, trata-se de uma desordem congênita, e alguns cientistas acreditam que esse é um resíduo evolutivo.[5]

Meato acústico externo

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Localização do meato acústico externo (cor) na orelha humana

O meato acústico externo tem a função de transmitir os sons captados pela orelha para o tímpano, além de servir de câmara de ressonância ampliando algumas frequências de sons.

Nos seres humanos, o meato se estende por cerca de 25-30 milímetros de comprimento, desde a concha até a membrana do tímpano,[6] que divide a orelha externa da orelha média.[1] Tem composição cartilaginosa em seu terço lateral, e óssea nos dois terços mediais. É revestido por uma pele fina, sem papilas dérmicas, que se torna mais fina internamente, onde cobre a face externa da membrana do tímpano e se prende firmemente ao periósteo. O tecido subcutâneo da sua porção cartilaginosa apresenta glândulas sebáceas, ceruminosas e folículos pilosos.[7] A presença de glândulas apócrinas tubulares enoveladas que secretam cerume é um elemento característico do revestimento cutâneo do meato acústico externo.[8] Já na porção óssea, pelos e glândulas ocorrem apenas na parede superior.[7]

Orelha média

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Ver artigo principal: Orelha média
Localização da orelha média

A orelha média é um espaço no osso temporal preenchido com ar,[2] situado entre a membrana do tímpano e as estruturas da orelha interna.[8] É composta pelos ossículos martelo, bigorna e estribo, denominados dessa forma por sua semelhança conspícua com esses objectos,[9][3] e pela tuba auditiva ou trompa de Eustáquio.

Os mamíferos são os únicos animais que possuem três ossos no ouvido, ligando o tímpano à orelha interna. Os ossículos são os menores ossos do corpo humano e já estão em seu tamanho completo ao nosso nascimento, menores do que um grão de arroz. Estão localizados na cavidade em forma de ervilha da orelha média, e conectam-se entre si, formando uma ponte entre a membrana timpânica e a janela oval.

A principal função da orelha média é transmitir os sons da membrana do tímpano às estruturas cheias de líquido da orelha interna.[8] As vibrações sonoras são conduzidas pelos ossículos através de um sistema de membranas. Enquanto as ondas sonoras movem a membrana timpânica, esta move os ossículos, por meio de um sistema de alavancas que transfere a energia das ondas sonoras.

Outra parte da orelha média é a tuba auditiva que conecta a cavidade da orelha média com a nasofaringe.[10][9] A extremidade superior é normalmente aberta, pois é rodeada de ossos, enquanto a inferior é normalmente fechada, pois é cercada por um tecido fino. A tuba auditiva ajuda a manter o equilíbrio da pressão do ar entre a cavidade timpânica e o ambiente externo.[11]

A tuba apresenta-se normalmente fechada, mas abre-se durante a mastigação, a deglutição e o bocejo, permitindo uma equalização entre a pressão do ouvido externo e do ouvido médio.[2] Uma sensação de pressão pode ser causada na orelha por este processo de equalização em um avião ou em situações de mudanças de altitude.

Orelha interna

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Ver artigo principal: Orelha interna
Ouvido interno
Componentes do ouvido interno


A orelha interna é composta por uma parte anterior, relacionada com a audição e denominada cóclea ou caracol, e uma parte posterior, relacionada com o equilíbrio, e formada pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares.[3]

O último osso da cadeia ossicular, o estribo, está acoplado a uma fina membrana chamada de janela oval. A janela oval é na realidade uma entrada para a orelha interna, que contém o órgão da audição, a cóclea. Quando o osso estribo move, a janela oval move com ele. No outro lado da janela oval está a cóclea, um canal em forma de caracol preenchido por líquidos e, quando as vibrações chegam à cóclea provenientes da orelha interna, são transformadas em ondas de compressão que por sua vez ativam o órgão de Corti que é responsável pela transformação das ondas de compressão em impulsos nervosos que são enviados ao cérebro para serem interpretados.[9]

O líquido é agitado pelos movimentos da janela oval e, dentro da cóclea, o órgão de Corti é formado por milhares de células ciliadas que são colocadas em movimento toda vez que o líquido é movimentado.

A estimulação destas células, por sua vez, causa impulsos elétricos que são enviados para o cérebro. Os impulsos elétricos representam a quarta mudança na mensagem sonora de uma energia para a outra: da energia acústica das ondas sonoras entrando na orelha, para a energia elétrica dos impulsos que viajam para o cérebro.

O ouvido interno também contém um órgão muito importante que está na verdade conectado com a cóclea, mas que não contribui para o nosso sentido da audição, o sistema vestibular, formado por três pequenos canais semicirculares, que nos ajudam a manter o equilíbrio e auxiliar na visão já que as rotações da mesma precisam ser compensadas para que possamos ter uma visão clara sem ser borrada. É através dele que se pode saber por exemplo quando se está com o corpo inclinado mesmo estando de olhos vendados.

Problemas com os canais semicirculares podem resultar em sintomas como a vertigem. A audição é um factor chave na manutenção de trocas intelectuais, mas possivelmente ainda mais importante, a audição supre o pano de fundo auditivo que dá o sentimento de participação e segurança.

Os acontecimentos que acometem a orelha externa (pavilhão auricular e conduto auditivo externo) podem ser desde malformações congênitas até processos inflamatórios e infecciosos, inclusive metabólicos. O diabetes pode favorecer infecções no aparelho auditivo.

São exemplos de malformações congênitas: a anotia, a microtia, a macrotia e a atresia do conduto auditivo. O tubérculo de Darwin, o Coloboma Auris, e a fístula pré-auricular são tecidos remanescentes de malformações congênitas. A orelha de couve-flor é um problema decorrente de lesão.

Erisipela no pavilhão da orelha.

O pavilhão auricular e o conduto auditivo podem ainda sofrer os mesmos processos que a pele:

Modelo didático de orelha humana.

Desde 1895, especialistas buscam criar uma nomenclatura anatômica padronizada.[12] Em 1935, o Congresso de Anatomia realizado na cidade de Jena, na Alemanha, aprovou uma proposta, chamada Jenaer Nomina Anatomica (JNA), que continha os nomes em latim, facultando a cada país a tradução dos termos nas línguas nacionais. O sistema auditivo era dividido em duas partes, traduzidas como "auris interna" e "auris externa". Posteriormente, a "auris interna" foi subdividida em "auris média" e "auris interna".

Com a Segunda Guerra Mundial, a JNA não foi amplamente adotada, e em 1950, um comitê foi formado para produzir um novo padrão. A primeira versão do documento, que passou a se chamar simplesmente Nomina Anatomica, foi aprovada no Congresso Internacional de Anatomia de 1955, realizado em Paris, e publicada em 1956. A Sociedade Brasileira de Anatomia cogitava publicar uma nomenclatura em língua portuguesa, possivelmente com apoio de Portugal e formou uma comissão para elaborar proposta, discutir com as universidades e apresentar em seus congressos. Em 1958, surgia a primeira nomenclatura anatômica brasileira oficial, na qual o órgão da audição passava a ser denominado "orelha", dividido em "orelha interna", "orelha média" e "orelha externa".[12]

Segundo a tradução da última edição da Nomina Anatomica (que mudou de nome, passando a chamar-se Terminologia Anatomica) para a língua portuguesa, publicada pela Sociedade Brasileira de Anatomia em 2001, usa-se orelha para designar tanto o órgão da audição em sua totalidade, como a parte visível e externa que corresponde ao pavilhão auricular. Em Portugal mantém-se a denominação de ouvido em lugar de orelha para o órgão da audição.

Referências
  1. a b c d Thibodeau 2002, p. 213.
  2. a b c Ganong 1968, p. 151.
  3. a b c d Borges, Antonio. «Noções da anatomia da orelha» (PDF). Inclusão e Tecnologias Assistivas. Consultado em 28 de dezembro de 2012 
  4. Zorzetto 2006, p. 24-25.
  5. veja.abril.com.br/ Por que algumas pessoas tem esse buraquinho extra na orelha?
  6. Zorzetto 2006, p. 25-26.
  7. a b Zorzetto 2006, p. 26.
  8. a b c Kierszenbaum 2012, p. 284.
  9. a b c Thibodeau 2002, p. 214.
  10. Kierszenbaum 2012, p. 285.
  11. Kierszenbaum 2012, p. 286.
  12. a b MANGABEIRA-ALBERNAZ, Paulo (janeiro de 1959). «A nomenclatura anatômica oficial brasileira e a otorrinolaringologia» 1 ed. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. ISSN 1806-9312. Consultado em 28 de dezembro de 2012 [ligação inativa]

Ligações externas

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