Steve Bannon
Stephen Kevin "Steve" Bannon (Norfolk, 27 de novembro de 1953) é um assessor político estadunidense que serviu como assistente do presidente e estrategista-chefe da Casa Branca no governo Trump.[1] Como tal, participou regularmente do Comitê de Diretores do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, entre 28 de janeiro[2] e 5 de abril de 2017, quando foi demitido.[3][4] Antes de assumir tal posição da Casa Branca, Bannon foi diretor-executivo da campanha presidencial de Donald Trump, em 2016.[5][6]
Steve Bannon | |
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Nascimento | 27 de novembro de 1953 Norfolk |
Cidadania | Estados Unidos |
Cônjuge | Cathleen Houff, Mary Piccard, Diane Clohesy |
Alma mater |
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Ocupação | produtor cinematográfico, diretor de cinema, publicista, assessor político, strategist, político, roteirista, banqueiro, cientista político, banqueiro de investimento, locutor de rádio, assessor, empreendedor |
Empregador(a) | Marinha dos Estados Unidos, Goldman Sachs, campanha presidencial de Donald Trump em 2016, Breitbart News, Bannon & Co., We Build The Wall |
Carreira
editarAnteriormente à campanha, Bannon atuou como banqueiro, produtor de filmes e executivo de mídia, tendo estado à frente do Breitbart News, um site de notícias, opinião e comentários de extrema-direita,[7][8][9] o qual ele descreveu, em 2016, como "a plataforma da alt-right (direita alternativa)".[10] Desde março de 2012, após a morte do fundador do site, Andrew Breitbart, Bannon tornara-se diretor-executivo da Breitbart News LLC, empresa proprietária do site homônimo.[11][12][13] Sob sua liderança, o site adotou uma abordagem mais nacionalista e mais inclinada à direita alternativa.[14] Em 2016, Bannon declarou que o website era "a plataforma da alt-right ".[10] Sobre o seu papel no Breitbart, declarou: "Nós nos vemos como virulentamente anti-establishment, particularmente 'anti-' uma classe política permanente."[15] Segundo Bannon, a ideologia do Breitbart era uma mistura que incorporava libertarianos, sionistas, membros conservadores da comunidade gay, opositores do casamento entre pessoas do mesmo sexo, partidários do nacionalismo econômico, populistas de direita e partidários da alt-right, sendo que estes últimos que representavam apenas uma pequena parcela do total. Embora admitisse que o ideário da alt-right apresentava "conotações raciais e antissemitas", Bannon afirmava ter tolerância zero a tais ideias.[16]
Mas, na visão de Philip Elliott e Zeke J. Miller, da revista Time, o Breitbart News "instilava material racista, sexista, xenofóbico e antissemita na veia da direita alternativa".[17]
Bannon licenciou-se do Breitbart para trabalhar na campanha presidencial de Trump,[18] sendo que, em 18 de agosto de 2017, a Breitbart anunciou que Bannon voltaria à diretoria executiva depois que deixasse suas funções de estrategista da Casa Branca.[19] Todavia, após a eleição de Trump, Bannon anunciou que deixaria definitivamente o Breitbart,[20] o que afinal ocorreu em 9 de janeiro de 2018.[21]
Em 20 de agosto de 2020, Steve Bannon foi preso e acusado de cometer fraude financeira através de desvio de recursos. Após pagar fiança, Bannon foi liberado e responde ao processo em liberdade.[22][23][24]
Em 21 de outubro de 2022, Bannon foi condenado a quatro meses de prisão por não colaborar na investigação sobre a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021.[25] Em 29 de outubro de 2024, ele foi solto da prisão a uma semana da eleição nos Estados Unidos.[26]
Tradicionalismo esotérico
editarEm um discurso de 2014 em uma conferência no Vaticano, Bannon fez uma referência a Julius Evola, um esotérico italiano ligado ao fascismo de Benito Mussolini.[27] O interesse de Bannon pelas ideias daquilo que se convencionou chamar de “Escola Perenialista” foi impulsionado pelo livro de Evola, “Revolta Contra o Mundo Moderno”, e os livros de René Guénon. Em março de 2016, Bannon declarou que aprecia “qualquer coisa que mencione Evola.”[28] Ao se referir aos pontos de vista associados de Vladimir Putin, influenciado pelo seguidor de Evola, Aleksandr Dugin.[29][30][31][32]
Outras influências
editarO autor libanês-americano Nassim Nicholas Taleb, o blogueiro neorreacionário Curtis Yarvin e o intelectual conservador Michael Anton foram apontados como três das principais influências no pensamento político de Steve Bannon.[33][34] O filósofo francês Charles Maurras também foi descrito como uma grande influência na perspectiva ideológica de Bannon.[35][36]
Política europeia
editarEm meados de 2018, Bannon anunciou que planeja passar a metade do seu tempo na Europa, a fim de organizar uma nova operação política, capaz de unir os partidos populistas do continente europeu, antes das Eleições Parlamentares Europeias de 2019.[37] Ele criou "O Movimento", uma organização que visa justamente promover grupos políticos nacionalistas e populistas de direita na Europa,[38][39] contando, a princípio, com o apoio de políticos italianos (Matteo Salvini), belgas, húngaros (Viktor Orbán) e britânicos (UKIP), além da perspectiva de adesão de neerlandeses (Partido pela Liberdade e Fórum pela Democracia).
Eleições brasileiras
editarEm agosto de 2018 ocorreu um encontro entre Bannon e Eduardo Bolsonaro, filho do então candidato Jair Bolsonaro, atuando com um conselheiro informal da campanha presidencial de Jair Bolsonaro para as eleições de outubro de 2018.[40] Na ocasião, Eduardo Bolsonaro afirmou que Bannon se colocou à disposição para ajudar nas atividades de inteligência da campanha, ações na internet e análise de dados, sem incluir qualquer auxílio financeiro.[41][42]
Ver também
editar- ↑ Scofield, Laura; Rudnitzki, Ethel (16 de novembro de 2020). «Página do Exército e sites governamentais ajudam desempenho de portais bolsonaristas no Google». Agência Pública. Consultado em 4 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 19 de novembro de 2020
- ↑ Caldwell, Christopher (25 de fevereiro de 2017). «What Does Steve Bannon Want?». New York Times. Consultado em 26 de fevereiro de 2017
- ↑ Diamond, Jeremy (5 de abril de 2017). «Bannon bumped from National Security Council». CNN. Consultado em 5 de abril de 2017
- ↑ «Steve Bannon removed from National Security Council in reorganization». CNBC. 5 de abril de 2017
- ↑ «Trump picks Priebus as White House chief of staff, Bannon as top adviser». CNN
- ↑ «Steve Bannon and the alt-right: a primer». CBS News
- ↑ Usborne, David (16 de novembro de 2016). «Plans by far-right news website to launch in France thrills nationalist party of Le Pen». The Independent
- ↑ Jamieson, Amber (23 de novembro de 2016). «Trump disavows the white nationalist 'alt-right' but defends Steve Bannon hire». The Guardian
- ↑ Ferreira, Yuri (25 de maio de 2020). «Sleeping Giants: a luta contra as fake news que tira o sono de políticos no Brasil e no Mundo». Hypeness (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2021
- ↑ a b Posner, Sarah (22 de agosto de 2016). «How Donald Trump's New Campaign Chief Created an Online Haven for White Nationalists». Mother Jones. Consultado em 20 de novembro de 2016.
'We're [i.e., Breitbart News is] the platform for the alt-right,' Bannon told me proudly when I interviewed him at the Republican National Convention (RNC) in July.
- ↑ Costa, Robert; DelReal, Jose A.; Johnson, Jenna (17 de agosto de 2016). «Trump shakes up campaign, demotes top adviser». Washington Post
- ↑ Hagey, Keach (19 de março de 2012). «Breitbart to announce new management». Politico
- ↑ Bobic, Igor (18 de agosto de 2016). «Trump Campaign CEO Steve Bannon Failed to Properly Pay Taxes For Several Years». The Huffington Post. HuffPost
- ↑ Colvin, Jill & Hennessey, Kathleen (13 de novembro de 2016). «Trump puts flame-throwing outsider on the inside». The Associated Press
- ↑ Farhi, Paul (27 de janeiro de 2016). «How Breitbart has become a dominant voice in conservative media». The Washington Post
- ↑ «Steve Bannon: 'Zero Tolerance' for Anti-Semitic, Racist Elements of the Alt-Right». Breitbart. 19 de novembro de 2016
- ↑ Elliott, Philip; Miller, Zeke (18 de novembro de 2016). «Inside Donald Trump's Chaotic Transition». Time
- ↑ Willis, Jay. «Sleeping Giants: How an Activist Group Used Gamergate Tactics to Hit Breitbart Where It Hurts». GQ (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2021
- ↑ Horsley, Scott; Parks, Miles (18 de agosto de 2017). «Steve Bannon, Out As Chief White House Strategist, Heads Back To Breitbart». NPR
- ↑ Bauder, David (14 de novembro de 2016). «Editor: Breitbart plans to be 'best place for news on Trump'». Associated Press. Consultado em 20 de novembro de 2016
- ↑ «Stephen K. Bannon Steps Down from Breitbart News Network». Breitbart (em inglês). 9 de janeiro de 2018
- ↑ «Steve Bannon, ex-estrategista-chefe de Trump, é preso sob acusação de fraude». G1. Consultado em 6 de novembro de 2020
- ↑ «Steve Bannon, preso hoje por fraude nos EUA, é conselheiro da família Bolsonaro». Época. 20 de agosto de 2020. Consultado em 6 de novembro de 2020
- ↑ Redmond, Mike (20 de agosto de 2020). «People Love That Steve Bannon Got Arrested By The Postal Service». UPROXX (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2021
- ↑ «Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, é condenado a 4 meses de prisão por não colaborar na investigação sobre a invasão ao Capitólio». G1. 21 de outubro de 2022. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ «Steve Bannon, aliado e ex-estrategista de Trump, é libertado da prisão». G1. 29 de outubro de 2024. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ Green, Joshua (2018). Devil's bargain: Steve Bannon, Donald Trump, and the nationalist uprising (em inglês). Nova Iorque: Penguin Books. p. 206. ISBN 9780735225046
- ↑ Here's How Breitbart And Milo Smuggled White Nationalism Into The Mainstream
- ↑ Steve Bannon Cited Italian Thinker Who Inspired Fascists
- ↑ «The rise of the traditionalists: how a mystical doctrine is reshaping the right». New Statesman Magazine (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2021
- ↑ Campos Mello, Patrícia (30 de abril de 2020). «Filosofia obscura une Olavo de Carvalho, Bannon e Dugin, conselheiro de Putin». Folha de S.Paulo. Consultado em 2 de janeiro de 2021
- ↑ Teitelbaum, Benjamin. «The rise of the traditionalists: how a mystical doctrine is reshaping the right Steve Bannon, Russia's Alexander Dugin and Brazil's Olavo de Carvalho are united by their affinity with a spiritual movement that fundamentally rejects modernity.». The New Statesman Magazine (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2021 line feed character character in
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- ↑ Nast, Condé (17 de julho de 2017). «Inside the Secret, Strange Origins of Steve Bannon's Nationalist Fantasia». Vanity Fair (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2023
- ↑ Levy, Pema. «Stephen Bannon's a fan of a radical philosopher sentenced to prison for his Nazi sympathies». Mother Jones (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2023
- ↑ Mathis-Lilley, Ben (16 de março de 2017). «Another Day, Another Report About Steve Bannon's Affection for Nazism». Slate (em inglês). ISSN 1091-2339. Consultado em 26 de dezembro de 2023
- ↑ Hines, Nico (20 de julho de 2018). «Inside Bannon's Plan to Hijack Europe for the Far-Right». Daily Beast
- ↑ «Italy's Matteo Salvini links with Bannon's far-right 'Movement' ahead of EU vote». Deutsche Welle. 9 de setembro de 2018
- ↑ Embury-Dennis, Tom (4 de abril de 2019). «Steve Bannon caught admitting Breitbart lost 90% of advertising revenue due to boycott». The Independent (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2021
- ↑ Caetano, Maria Joao (9 de outubro de 2018). «Depois de Trump, Bannon ajuda na campanha de Bolsonaro». Diario de Noticias
- ↑ Bresciani, Eduardo (9 de agosto de 2018). «Filho de Bolsonaro diz que marqueteiro de Trump vai ajudar seu pai». Época. Consultado em 29 de abril de 2020
- ↑ Pires, Breiller (20 de agosto de 2020). «Os laços do clã Bolsonaro com Steve Bannon». El País Brasil. El País. Consultado em 2 de janeiro de 2021
Bibliografia
editar- Balleck, Barry J. (2018). «Bannon, Steve». Modern American Extremism and Domestic Terrorism: An Encyclopedia of Extremists and Extremist Groups (em inglês). Santa Barbara: ABC-CLIO. pp. 27–29. ISBN 9781440852756
- Benjamin R. Teitelbaum - War for Eternity_ Inside Bannon's Far-Right Circle of Global Power Brokers (2020, Dey Street Books) (em inglês). [S.l.: s.n.]
Ligações externas
editar- Steve Bannon. no IMDb.
- Media relacionados com Steve Bannon no Wikimedia Commons