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Rui Enes Ulrich

político português da 2.ª república

Rui Ennes Ulrich GCCGCSE (Lisboa, Mártires, 20 de Abril de 1883 - Lisboa, Santa Isabel, 20 de Junho de 1966) foi um professor universitário, académico, administrador de empresas, empresário e embaixador português e figura proeminente da sociedade novecentista.[1][2]

Rui Ennes Ulrich
Rui Enes Ulrich
Nascimento 20 de abril de 1883
Lisboa
Morte 20 de junho de 1966 (83 anos)
Santa Isabel, Lisboa
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Genoveva de Lima Mayer
Ocupação Professor universitário, académico, empresário e embaixador

Família

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Filho de João Henrique Ulrich, Jr. e de sua mulher Maria Cristina d'Orta Ennes, filha de Guilherme José Ennes, negociante matriculado na Praça de Lisboa, director do Banco de Portugal, Comendador da Ordem de Cristo, e de sua mulher Joana da Cruz de Orta, filha do 1.º Visconde de Orta.[3][4]

Rui Ennes Ulrich provinha duma família ligada ao comércio bancário e à arquitectura, os Ulrich, família do Norte de Hamburgo, que se tinham estabelecido em Portugal em meados do século XVIII. Após o terramoto de 1755, a família cooperou activamente na reconstrução de Lisboa, a convite do Marquês de Pombal, prosseguindo os seus negócios no ramo financeiro.[5] Os Ennes, com origem em Areosa (Viana do Castelo), e estabelecidos em Lisboa desde meados do século XVIII, eram uma família ligada ao comércio e à indústria, tendo inclusivamente o irmão mais velho do avô de Ruy Ennes Ulrich sido presidente da Associação Comercial de Lisboa e fundador e presidente da Associação Industrial Portuguesa.

Biografia

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Universidade de Coimbra em 1899.

Carreira universitária

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Matriculado no ano lectivo de 1899-1900, Licenciado em 1904[1] e Doutorado em 1906[1] em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde estudou[1] e que cursou distintamente, sendo nomeado de seguida Lente ou Professor Catedrático na mesma Faculdade de Direito[1][2] entre 1906 ou 1907[1] e 1910, lugar que desempenhou com o maior brilho, como se comprova pelas lições publicadas, mas de que pediu a sua exoneração em fins de 1910, demitindo-se após a Proclamação da Implantação da República Portuguesa, tendo sido também, mais tarde, em 1936, Professor Catedrático e Diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da qual foi Director desde 1937.[1][6][7][4]

Foi Sócio da Academia das Ciências de Lisboa, do Instituto Colonial Internacional e da Academia Diplomática Internacional, Vice-Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa,[1] e pertenceu a diversas outras Academias e Sociedades Científicas Nacionais e estrangeiras, etc.[8][4][7]

Obra publicada

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Dos seus trabalhos universitários estão publicados os seguintes:[9]

  • Da bolsa e suas operações, Coimbra, 1900, (Dissertação inaugural);
  • Estudos de economia social: Vol. I – Crises económicas portuguesas, Coimbra, 1902;[1]
  • Estudo sobre a condição legal das ordens e congregações religiosas em Portugal, Coimbra, 1905 (Dissertação para a 13.ª cadeira);
  • Do reporte no direito comercial português, Coimbra 1906, (Dissertação de concurso);
  • Estudos de economia social: Vol. II - Legislação operaria portugueza, Coimbra, 1906, (Dissertação para a licenciatura);[1]
  • Theses ex universo jure, Coimbra, 1906;
  • Ciência e administração colonial, vol. I – Introdução, Coimbra, 1908, (Lições em 1907 1908);
  • Política colonial, Coimbra, 1909. (Lições em 1908-1909);[1]
  • Economia Colonial, lições feitas ao curso do 4.° ano jurídico no ano de 1909-1910, vol. I, Coimbra, 1910;[1]
  • História da Administração Colonial[1]

Etc.[1]

No Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa publicou na 29.ª série - 1911 - um importante trabalho intitulado Regime monetário colonial. No pouco tempo em que permaneceu na Junta do Crédito Público redigiu várias Consultas, achando-se publicadas duas das mais importantes: Consulta de 30 de Dezembro de 1911 sobre Dotação da Divida Interna e Consulta de 6 de Janeiro de 1912 sobre a Divida Inscrita, Lisboa, 1913.[6]

 
Embaixada de Portugal em Londres.

Carreira empresarial e diplomática

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A 21 de Agosto de 1911 foi eleito pelos Juristas Primeiro Vogal Substituto para a Junta do Crédito Público,[1] no triénio de 1911-1914, sendo chamado a substituir um Vogal Efectivo da mesma Junta a 7 de Setembro, servindo até 5 de Novembro seguinte. Chamado novamente, a 25 do mesmo mês, ficou até 6 de Janeiro de 1912. Foi Diretor do Banco de Portugal[2] entre 1914 e 1927[1] e Delegado de Portugal à Conferência de Reparações em Haia entre 1929 e 1930.[1] Foi Administrador da Companhia de Moçambique de 1920 a 1933,[1] Administrador e Presidente do Conselho de Administração da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses[2] de 1922 a 1933[1] e Presidente da Companhia Nacional de Navegação[2] desde 1936,[1] em 1936, Professor Catedrático e Diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da qual foi Director desde 1937, Administrador das Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade, da Companhia dos Caminhos de Ferro de Benguela e da Companhia de Seguros Ultramarina, Embaixador de Portugal em Londres[2] de 1933 a 1935[1] e novamente de 1950 a 1953,[2] Vogal da Junta Nacional da Marinha Mercante em 1940,[1] Presidente do Centro de Estudos Económicos desde 1944,[1] Membro do Conselho dos Suplentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)[2] e da Delegação Portuguesa às Reuniões do Conselho da O.T.A.N. em Londres, Bruxelas, Otava, Roma e Lisboa, etc.[6][7][4]

Carreira política

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Foi Procurador à Câmara Corporativa[2] por designação do Conselho Corporativo durante a I Legislatura, entre 1935 e 1938,[1] na qual fez parte da 12.ª Secção - Crédito e Seguros, tendo subscrito ou relatado um total de treze pareceres: 95/I – Importação de azeite, 96/I – Condicionamento industrial, como Relator, 97/I – Organização corporativa da agricultura, 98/I – Remodelação dos serviços dos correios, telégrafos e telefones, 106/I – Autorização de receitas e despesas para 1938, 108/I – Autorização ao Governo para contrair um empréstimo interno amortizável de 3 1/2 por cento, como Relator, 110/I – Tarifas ferroviárias, como Relator, 114/I – Cadastro geométrico da propriedade rústica, 115/I – Povoamento florestal, 119/I – Estudos e obras de hidráulica agrícola, 121/I – Estatuto Jurídico dos Caminhos de Ferro, como Relator, 122/I – Plano de Fomento da Colónia de Angola e 123/I - Colonização interna; durante a II Legislatura, entre 1938 e 1942,[1] na qual fez parte da 11.ª Secção - Transportes e Turismo como Assessor e da 25.ª Secção - Finanças e Economia Geral também como Assessor, tendo subscrito ou relatado um total de doze pareceres: 1/II – Autorização de receitas e despesas para o ano de 1939, 5/II – Electrificação rural do País, 7/II – Rectificações dos mapas do plano do povoamento florestal, 8/II – Exploração de pedreiras, como Relator, 10/II – Fomento mineiro, 11/II – Navegação para as colónias, 12/II – Autorização de receitas e despesas para 1940, 20/II – Autorização de receitas e despesas para 1941, 24/II – Autorização de receitas e despesas para 1942, 25/II – Autorização ao Governo para emitir um empréstimo consolidado de 3 1/2 por cento, como Relator, 26/II – Autorização ao Governo para criar um imposto sobre os lucros extraordinários de guerra e 30/II - Indústrias derivadas da produção agrícola; durante a III Legislatura, entre 1942 e 1945, na qual fez parte da 24.ª Secção - Finanças e Economia Geral como Assessor, tendo subscrito ou relatado um total de trêss pareceres: 20/III – Autorização de receitas e despesas para 1945, 22/III – Suplemento eventual de vencimentos dos funcionários e mais servidores do Estado e 23/III - Coordenação de transportes terrestres, como Relator; durante a IV Legislatura, de 1945 a 1949, na qual fez parte do Conselho da Presidência e da 24.ª Secção - Finanças e Economia Geral como Assessor, tendo subscrito ou relatado um total de quinze pareceres: 3/IV – Melhoramentos agrícolas, 4/IV – Acordos entre os Governos de Portugal e da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte sobre serviços aéreos entre os territórios português e britânico e através deles, como Relator, 6/IV – Foros, 10/IV – Estabelecimentos fabris do Ministério, 12/IV – Melhoramentos no porto de Lisboa, 14/IV – Autorização de receitas de despesas para 1947, 16/IV – Inquilinato, 17/IV – Reorganização do parcelamento da serra de Mértola, 19/IV – Restrição do plantio da vinha, 20/IV – Imposto sobre sucessões e doações, como Relator, 21/IV – Carta dos solos de Portugal, 24/IV – Receitas e despesas para 1948, 27/IV – Guarda rural e fomento de caça e pesca desportivas, 29/IV – Questões conexas com o problema da habitação e 39/IV - Tratado do Atlântico Norte, como Relator; durante a V Legislatura, entre 1949 e 1953, na qual fez parte do Conselho da Presidência e da 24.ª Secção - Finanças e Economia Geral como Assessor, não tendo subscrito ou relatado nenhum parecer, e durante a VIII Legislatura, entre 1961 e 1965, na qual fez parte do Conselho da Presidência e da 10.ª Secção - Crédito e Seguros, 1.ª Subsecção - Crédito e 2.ª Subsecção - Seguros, tendo subscrito ou relatado um total de quatro pareceres: 7/VIII – Junta de Planeamento Económico Regional, 9/VIII – Revisão da Lei n.º 2066 de 27 de Junho de 1953 (Lei Orgânica do Ultramar Português), 18/VIII – Projecto de Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 (Continente e ilhas) e 21/VIII - Regime jurídico dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais.[4][7]

Condecorações

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A 19 de Outubro de 1929 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo[1] de Portugal a 25 de Março de 1935 foi agraciado com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico[1] de Portugal.[10] Grã-Cruz da Ordem da Coroa da Roménia,[1] etc.[4]

Casamento e descendência

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Casou em Lisboa, Santos-o-Velho, a 22 de Abril de 1907 com Genoveva de Lima Mayer[1] (Lisboa, Lapa, 3 de Setembro de 1886 - Lisboa, Santa Isabel, 8 de Julho de 1963), Poetisa e Escritora com o nome literário de Veva de Lima,[11][12] filha de Carlos Félix de Lima Mayer e de sua mulher Amélia da Veiga de Araújo, sobrinha paterna do 1.º Visconde dos Olivais,[8][4] da qual teve uma filha e um filho:

Referências
  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac Quem é Alguém. Lisboa: Portugália Editora, L.da. 1947. 623 
  2. a b c d e f g h i Maria Filomena Mónica (coordenadora) (2006). Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa: Assembleia da República (ISBN 972-671-167-3). pp. Vol. III. 930 
  3. "Raízes e Memórias", Associação Portuguesa de Genealogia, Lisboa, N.º 10, pp. 179 e 189
  4. a b c d e f g "Livro de Família", Filipe de Lima Mayer, Edição do Autor, 1.ª Edição, Lisboa, 1969, Volume I, p. 61
  5. «Fernando Ulrich banqueiro por tradição familiar». Jornal Económico. 14 de Junho de 2006. Arquivado do original em 19 de Outubro de 2013 
  6. a b c «Ulrich (Rui Enes)». Portugal - Dicionário Histórico. Consultado em 18 de abril de 2013 
  7. a b c d «Rui Enes Ulrich» (PDF). Assembleia da República. Consultado em 26 de Janeiro de 2018 
  8. a b "Raízes e Memórias", Associação Portuguesa de Genealogia, Lisboa, N.º 10, p. 189
  9. «Ulrich (João Henrique)». Portugal - Dicionário Histórico. Consultado em 20 de março de 2013 
  10. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Rui Ennes Ulrich". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de fevereiro de 2013 
  11. CASTRO, Pedro Jorge (10 de Setembro de 2011). «Os anos mais loucos da alta sociedade em Portugal». Sábado. Edirevistas, S.A. Arquivado do original em 24 de Junho de 2013 
  12. «Veva de Lima (casa)». Revelar LX. 2005. Consultado em 26 de Janeiro de 2018 
  13. Tenacitas http://www.tenacitas.pt/m_catalog_a_detalhe186 [ligação inativa]  Em falta ou vazio |título= (ajuda)[ligação inativa]