Livres
Livres é um movimento político-social brasileiro que defende o liberalismo econômico e social[1], e que afirma ser o "único movimento político brasileiro que defende a liberdade por inteiro"[2][3]. Apoia, entre outras pautas, as liberdades individuais, como a legalização da cannabis, a liberdade artística e de expressão e a união homoafetiva; propostas pró-mercado, como mercado livre, desregulamentação e privatização; além de pautas de inclusão social, como vouchers e escolas autônomas. O grupo apoia ainda o federalismo[4], a democracia representativa e entende que os direitos humanos são uma bandeira histórica do liberalismo[5].
Tipo | Movimento político e social |
Fundação | 2016 |
Estado legal | Ativo |
Propósito | Defesa de ideias liberais na política |
Sede | Casa Livres, Rua Herculano de Freiras, 273, Bela Vista, São Paulo, SP |
Membros | Aprox. 5000 |
Diretor-Executivo | Magno Karl |
Fundadores | Mano Ferreira Fábio Ostermann Karla Falcão]] |
Sítio oficial | www |
Entre seus associados, o movimento tem treze vereadores, seis deputados estaduais, uma deputada distrital, seis deputados federais e um prefeito[6]. Reúne ainda diversas lideranças políticas e intelectuais[7].
Inicialmente uma tendência interna do Partido Social Liberal (PSL), o grupo forma uma associação independente, tendo deixado o PSL após a filiação do então deputado federal Jair Bolsonaro ao partido,[8] cujos princípios o grupo classifica como sendo incompatíveis com os seus.[9]
O cientista político e comentarista da CNN Brasil Magno Karl é o atual diretor-executivo do Livres, substituindo Paulo Gontijo Ramos a partir de 2020.[10]
Posições
editarO Livres afirma defender a "liberdade por inteiro: na economia e nos costumes".[11] Enquanto associação civil, o grupo tem 10 compromissos institucionais que alinham as posições no debate público. Fundadores e lideranças destacaram em entrevistas para a imprensa que entendem a dicotomia esquerda e direita como algo ultrapassado, classificando o mundo como "não-binário" e portanto mais complexo que soluções calcadas em preconceitos e simplificação.[11] A questão do aborto é abordada nos 10 compromissos institucionais, havendo diversidade de opiniões sobre o assunto dentro do movimento. A respeito de políticas sobre drogas, o Livres se coloca a favor da descriminalização do uso, comércio e produção.[11] Para seus integrantes, "aquilo que verdadeiramente distingue liberais de não-liberais é o compromisso em defender a liberdade do outro – mesmo quando a escolha do outro contraria a nossa própria vontade".[11]
No campo econômico, o Livres defende medidas baseadas nos estudos do Conselho Acadêmico, integrado por intelectuais como Pérsio Arida e Ricardo Paes de Barros. A "sensibilidade social com responsabilidade fiscal" é um dos pilares de atuação, defendida publicamente também por parceiros acadêmicos, como Aod Cunha em artigo para Infomoney. Em relação a [1] privatizações, o grupo defende-as e afirma que "isso não significa que qualquer modelo de privatização seja positivo: não apoiamos simples transferências de monopólios, mas processos verdadeiros de abertura de mercado, com competição e dinamismo"[11]. O Livres ainda quer a redução do tamanho do Estado, alegando que este deve prover primariamente os serviços de segurança e justiça, além de promover a emancipação de seus cidadãos facilitando o acesso dos mais pobres a serviços de educação, saúde e previdência.[11]
História
editarO grupo foi criado como uma tendência liberal dentro do PSL no final de 2015. O objetivo era "refundar" o partido para as eleições de 2018, modernizando as diretrizes e exigindo coerência ideológica de seus filiados. A reformulação do partido contava com a colaboração de liberais brasileiros famosos, como a economista Elena Landau e o cientista político Fábio Ostermann. Em 2 anos de atuação no PSL, o Livres assumiu o controle da comunicação do partido[12], lançou programa partidário na TV, reformulou a fundação de pesquisas ligada ao partido e ocupou a presidência de 12 diretórios estaduais[5].
Segundo Alfredo Kaefer, deputado pelo PSL que se identifica como liberal na economia, mas conservador nos costumes, o grupo estaria "sequestrando" o partido e confundiria "liberdade com libertinagem".[12][13] Kaefer fez tais acusações após ter sido expulso do partido por votar a favor de uma emenda que afetaria negativamente os aplicativos de transporte como Uber e Cabify, ao enquadrá-los como transporte público. Antes da votação, o Livres havia fechado questão contra a emenda por considerar que a regulamentação restringiria o mercado.[14]
Em janeiro de 2018, com o anúncio da filiação do deputado federal Jair Bolsonaro, feito por Luciano Bivar, então presidente do PSL, o Livres anunciou que iria se desvincular do partido, alegando incompatibilidade ideológica com o deputado federal.[15] Em nota oficial, o grupo afirmou que a filiação de Bolsonaro era "inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa".[9]
Com a saída do PSL, o Livres anunciou que se tornaria uma associação suprapartidária,[8] cujos associados teriam liberdade para se filiar aos partidos de sua preferência, desde que suas ações políticas resguardassem os 10 compromissos que todos os associados ao grupo devem assumir. Dos 43 membros do Livres que pretendiam disputar eleições em 2018, 13 foram para o NOVO, 8 para o PPS, 7 para o PODE, 7 para o PMN, 3 para a REDE, 2 para o DEM, 2 para o PV e 1 para o Solidariedade.[16]
Conselho Acadêmico
editarEm maio de 2018 o Livres anunciou a criação de um Conselho Acadêmico composto por Elena Landau, Leandro Piquet, Persio Arida, Ricardo Paes de Barros, Samuel Pessoa e Sandra Polônia Rios [17][18]. O grupo é responsável por coordenar a formulação de políticas públicas para o movimento.
Participação nas eleições de 2018 e ingressantes após 2019
editarEnquanto Associação civil, o Livres tem inserção nos turnos eleitorais em duas frentes: formação de associados para o ciclo eleitoral e publicação de conteúdo útil para o clima de ideias em políticas públicas.
Projeto Nabuco
O Projeto Nabuco, nomeado em homenagem ao intelectual e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, é um ciclo de formação para associados engajados em levar os princípios da liberdade por inteiro à política partidária, com suporte do Conselho Acadêmico e das Coordenações de Ação Política e Políticas Públicas do Livres.[19] O projeto, iniciado em 2018, já tem duas edições e tem previsão de um novo ciclo de aulas para outubro de 2023.
Eleições
Nas eleições gerais de 2018, o Livres teve diversos associados eleitos, entre eles um senador, dois deputados federais e quatro deputados estaduais.[20] Nas eleições gerais de 2022, associados Livres foram eleitos para cargos no executivo em todo o Brasil, como foi o caso da vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause.[21] Diversos associados passaram a exercer cargos em secretarias executivas, como o ex-deputado Marcelo Calero, que assumiu a pasta de Cultura no Rio de Janeiro (RJ) em 2023.[22]
Eleito | Cargo | Partido | UF |
---|---|---|---|
Rodrigo Cunha | Senador | PSDB | AL |
Tiago Mitraud | Deputado federal | NOVO | MG |
Marcelo Calero | Deputado federal | Cidadania | RJ |
Fábio Ostermann | Deputado estadual | NOVO | RS |
Davi Maia | Deputado estadual | DEM | AL |
Guilherme da Cunha | Deputado estadual | NOVO | MG |
Daniel José | Deputado estadual | NOVO | SP |
Eleito | Cargo | Partido | UF |
---|---|---|---|
Daniel Coelho | Deputado federal | Cidadania | PE |
Pedro Cunha Lima | Deputado federal | PSDB | PB |
Franco Cartafina | Deputado federal | PP | MG |
Alex Manente | Deputado federal | Cidadania | SP |
Eduardo Cury | Deputado federal | PSDB | SP |
Vinicius Poit | Deputado federal | NOVO | SP |
Julia Lucy | Deputada estadual | NOVO | DF |
Laura Serrano | Deputado estadual | NOVO | MG |
Chicão Bulhões | Deputado estadual | PSD | RJ |
Giuseppe Riesgo | Deputado estadual | NOVO | RS |
Cibele Moura | Deputada estadual | PSDB | AL |
Eleições de 2022
editarNas eleições de 2022, o movimento apoiou cerca de 60 candidaturas espalhadas por partidos como Novo, Cidadania, PSD e União Brasil. Todos participaram de um projeto de formação oferecido pelo grupo.[23] Em relação à eleição presidencial, membros do grupo divulgaram um manifesto em defesa do voto em Luiz Inácio Lula da Silva por acreditar que o petista "não é um risco para as instituições". Tal manifesto foi endossado por nomes ilustres do movimento, como Elena Landau e Pérsio Arida.[24]
Eleições municipais de 2024
editarPara as eleições municipais de 2024, o Livres divulgou em março um caderno de políticas públicas com 81 propostas, distribuídos em dez estados para pré-candidatos, dirigentes, prefeitos e vereadores.[25]
Ver também
editar- ↑ Marcelo Osakabe (16 de janeiro de 2018). «Após deixar PSL, Livres decide na próxima 2ª por qual partido disputa a eleição». Estadão. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ «'Não basta privatizar para ser liberal; o amor à diversidade é a base', diz Elena Landau, presidente do Livres». Boletim da Liberdade. 25 de novembro de 2018. Consultado em 10 de fevereiro de 2019
- ↑ «"O que a gente oferece é uma coisa diferente", garante o Livres». Mario Vitor Rodrigues. 17 de janeiro de 2019. Consultado em 10 de fevereiro de 2019
- ↑ «Nossas ideias». Livres. Consultado em 18 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2018
- ↑ a b Minas, Estado de; Minas, Estado de (22 de janeiro de 2018). [https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/01/22/interna_politica,932683/lider-do-livres-critica-bolsonaro-e-diz-que-direitos-humanos-e-uma-age.shtml «L�der do Livres critica Bolsonaro e diz que direitos humanos � uma agenda liberal»]. Estado de Minas. Consultado em 10 de fevereiro de 2019 replacement character character in
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at position 2 (ajuda) - ↑ «Bancada da Liberdade • LIVRES». LIVRES. Consultado em 14 de fevereiro de 2021
- ↑ «Lideranças». Livres. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ a b «Depois de sair do PSL, Livres cria associação ainda sem partido». Folha de S.Paulo. 22 de janeiro de 2018
- ↑ a b Matheus Schuch (5 de janeiro de 2018). «Bolsonaro decide concorrer à Presidência pelo PSL». Zero Hora. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ Gobbi, Gustavo. «Magno Karl será o novo diretor executivo do Livres • LIVRES». LIVRES. Consultado em 14 de fevereiro de 2021
- ↑ a b c d e f «FAQ • LIVRES»
- ↑ a b José Fucs (17 de dezembro de 2017). «Livres ganha espaço e pode assumir o comando do PSL». Estadão. Consultado em 18 de janeiro de 2018[ligação inativa]
- ↑ Catarina Scortecci (24 de maio de 2017). «Kaefer diz lamentar "sequestro do PSL": "O Livres mistura liberdade com libertinagem"». Gazeta do Povo. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ Euclides Lucas Garcia (5 de abril de 2017). «Votação sobre o Uber faz deputado federal ser expulso do partido». Gazeta do Povo. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ José Fucs (5 de janeiro de 2018). «Com chegada de Bolsonaro, Livres anuncia saída do PSL». Estadão. Consultado em 18 de janeiro de 2018
- ↑ Lydia Medeiros (17 de Abril de 2018). «Identidade liberal». O Globo
- ↑ Medeiros, Lydia. «Time do Livres». Poder em jogo - O Globo. Consultado em 10 de fevereiro de 2019
- ↑ Em vídeo, Livres apresenta time de acadêmicos, 3 de maio de 2018, consultado em 10 de fevereiro de 2019
- ↑ «Livres lança o curso Projeto Nabuco 2.0 • LIVRES». LIVRES. Consultado em 29 de setembro de 2023
- ↑ «Muito obrigado pelos 2,5 milhões de votos! • LIVRES». LIVRES (em inglês)
- ↑ JC (31 de agosto de 2021). «Priscila Krause se filia ao movimento Livres, que fará ato de rua dia 12 pelo impeachment de Bolsonaro». JC. Consultado em 29 de setembro de 2023
- ↑ «Marcelo Calero assume Secretaria Municipal de Cultura do Rio em fevereiro». G1. 25 de janeiro de 2023. Consultado em 29 de setembro de 2023
- ↑ «Mônica Bergamo: Movimento Livres diz querer 'frear populismo' e amplia apoio a candidaturas liberais em 2022». Folha de S.Paulo. 18 de setembro de 2022. Consultado em 22 de setembro de 2024
- ↑ «Painel: Membros de grupo liberal Livres defendem voto em Lula». Folha de S.Paulo. 18 de outubro de 2022. Consultado em 22 de setembro de 2024
- ↑ «Movimentos de renovação política tomam rumos diferentes após uma década». Folha de S.Paulo. 15 de setembro de 2024. Consultado em 22 de setembro de 2024