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Lipotes vexillifer

Espécie possivelmente extinta de golfinho de água doce
 Nota: "Baiji" redireciona para este artigo. Para a cidade iraquiana, veja Baiji (cidade).

O Baiji (nome científico: Lipotes vexillifer), também conhecido como golfinho-lacustre-chinês, golfinho-branco ou golfinho-do-yang-tsé, é um mamífero de água doce pertencente à ordem Cetacea, encontrado no rio Yang-Tsé na China. Era uma das quatro espécies de golfinhos de água doce restantes no mundo (tal como o Boto, na Amazônia). Enquanto as três espécies viventes estão em sério risco de extinção, o baiji já foi extinto e não existe mais.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaBaiji

Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico, possivelmente extinta (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Família: Lipotidae
Zhou, Qian & Li, 1978
Género: Lipotes
Miller, 1918
Espécie: L. vexillifer
Nome binomial
Lipotes vexillifer
Miller, 1918
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição do Baiji
Mapa de distribuição do Baiji

Características

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O golfinho-lacustre-chinês possui uma coloração que vai do cinza ao azul-pálido no dorso, e uma coloração branca no ventre. Possui uma barbatana dorsal triangular e muito vestigial, as suas barbatanas caudais e peitorais são curtas e arredondadas. Tem olhos pequenos e é praticamente cego. O golfinho-lacustre-chinês tem, em média, 31 a 36 dentes cônicos em cada uma das duas filas de mandíbula. Acredita-se que se acasala na primeira metade do ano, principalmente de fevereiro a abril.[3] Foi observada uma taxa de trinta por cento de gravidez.[4] A gestação dura de dez a onze meses, com o nascimento de um indivíduo por vez. O intervalo entre dois nascimentos é de dois anos. Os filhotes, ao nascer, medem de oitenta a noventa centímetros. Eles são cuidados durante oito a vinte meses.[5] Os machos alcançam a maturidade sexual aos quatro anos de idade, e as fêmeas aos seis.[5] Os machos maduros têm um comprimento de aproximadamente 2,3 metros, as fêmeas 2,5 metros, e o espécime mais longo media 2,7 metros.[5] Pesa de 135 a 230 quilogramas.[5] Vive aproximadamente 24 anos em condições naturais.[6] Possui um bico longo e ligeiramente curvado para cima.

Quando fugindo de alguma ameaça, pode alcançar sessenta quilômetros por hora, mas normalmente nada a uma velocidade de trinta a quarenta quilômetros por hora. Por causa de sua visão deficiente, depende da ecolocalização para navegar.[7] A ecolocalização também é importante na socialização, para evitar predadores, para coordenação grupal e para expressar emoções. A emissão de som é focada e grandemente direcionada pelo formato do crânio e do melão. As frequências de pico da ecolocalização variam de setenta a cem quilohertz.[8]

Distribuição

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Historicamente, o golfinho-do-yang-tsé ocorria ao longo de 1 700 quilômetros do médio e do baixo Yang-tsé, de Yichang no oeste até a foz perto de Xangai, assim como nos lagos de Poyang e Dongting, e no pequeno rio Qiantang no sul. Ao longo do tempo, esse trecho foi reduzido em centenas de quilômetros, passando a abranger apenas o canal principal do Yang-tsé, principalmente entre os dois grandes lagos tributários Poyang e Dongting.[9] Aproximadamente doze por cento da população mundial vive e trabalha na área de captação do Yang-tsé, pressionando o rio.[10] A construção da Hidrelétrica das Três Gargantas, assim como de outras represas menores, também levaram à perda de habitat.

História evolutiva

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Registros fósseis sugerem que o golfinho surgiu há 25 000 000 de anos atrás e migrou do oceano Pacífico para o rio Yang-tsé há 20 000 000 de anos atrás.[11] É uma das quatro espécies de golfinho que vivem apenas em água-doce. Estima-se que existiam 5 000 golfinhos-do-yang-tsé quando eles foram descritos no antigo dicionário Erya por volta do século III a.C.

É amplamente reconhecido que os golfinhos de rio não são um grupo natural. Seu genoma mitocondrial revela uma divisão em duas linhagens separadasː de um lado, Platanista; de outro lado, Lipotes, Inia e Pontoporia. Não há um parentesco entre as duas linhagens. A linhagem de Platanista faz parte do clado Odontoceti, ao invés de ter uma maior afinidade com o clado Mysticeti. A posição de Platanista é mais basal, sugerindo divergência separada desta linhagem bem antes da outra. Lipotes possui uma relação de parentesco com Inia e Pontoporia, e todos eles formam um grupo aparentado a Delphinoidea. Isto apoia fortemente a parafilia dos clássicos golfinhos de rio, sendo que os golfinhos de rio não platanistoides formam um grupo monofilético, com os Lipotidae como táxons irmãos de Iniidae e Pontoporiidae. Isso é congruente com os estudos baseados em elementos repetitivos pequenos intercalados.[12]

Baixos valores de diversidade haplotípica e de diversidade de nucleótidos foram encontrados no golfinho-do-yang-tsé. A análise de variância molecular apoiou um alto nível de estrutura genética média. Os machos têm uma maior diferenciação genética que as fêmeas, o que sugere uma significativa dispersão causada pelas fêmeas.[13]

As adaptações aquáticas do golfinho-do-yang-tsé e de outros cetáceos surgiram lentamente e podem ser ligadas a PSGs e e/ou outras mudanças funcionais. Análises genéticas comparativas mostraram que o golfinho-do-yang-tsé tem um lento relógio molecular e adaptações moleculares para o ambiente aquático. Essa informação levou os cientistas a concluir que um efeito de gargalo deve ter ocorrido perto do fim da última deglaciação, quando houve um rápido decréscimo de temperatura e um aumento do nível médio do mar. Os cientistas também investigaram genes selecionados positivamente no genoma do golfinho-do-yang-tsé que são usados para reparo de DNA e resposta a estímulo de DNA. Estes genes selecionados positivamente não haviam sido encontrados previamente em nenhum outro mamífero. Atalhos usados para reparo de DNA são reconhecidos como importantes na evolução do cérebro e em doenças como microcefalia. A diminuição da taxa de substituição entre os cetáceos pode ter afetado a evolução dos atalhos de dano do DNA. Ao longo do tempo, os golfinhos de rio sofreram uma redução do tamanho dos olhos e da acuidade dos olhos, provavelmente devido à baixa visibilidade dos ambientes fluviais e estuarinos.

Ao analisar o genoma do golfinho-do-yang-tsé, os cientistas encontraram quatro genes que perderam sua função devido a mutação com deslocamento do marco de leitura ou a mutação sem sentido. O golfinho-do-yang-tsé tem a mais baixa frequência de polimorfismo de nucleotídeo único encontrada até agora em mamíferos. Esta baixa frequência pode estar relacionada à relativamente baixa taxa de evolução molecular em cetáceos; entretanto, considerando que o decréscimo na taxa de evolução molecular do golfinho-do-yang-tsé não foi tão grande quanto o decréscimo na taxa de heterozigosidade, é provável que muita da baixa diversidade genética observada tenha sido causada pelo declínio precipitado da população total de golfinho-do-yang-tsé e de seus cruzamentos associados em décadas recentes.[14]

A história demográfica reconstruída dos últimos 100 000 anos apontam uma contínua contração populacional através do último apogeu glacial, um sério gargalo durante a última deglaciação, e contínuo crescimento populacional depois que o nível médio do mar chegou aos níveis atuais. A correlação entre movimento populacional, temperaturas regionais e nível médio do mar sugere um papel dominante das mudanças climáticas locais e globais na antiga demografia populacional do golfinho-do-yang-tsé.[15]

Folclore

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No folclore da China, conta-se que uma linda jovem vivia com seu pai adotivo nos bancos do rio Yang-tsé. Ele era mau e ganancioso. Um dia, ele a colocou num barco com a intenção de vendê-la num mercado. Já no rio, ele ficou seduzido pela beleza da jovem e tentou se aproveitar dela, mas ela saltou do barco ao mesmo tempo em que uma grande tempestade afundava o barco. Depois da tempestade, o povo viu um belo golfinho nadando no rioː era a reencarnação da jovem, que ficou conhecida como "a deusa do Yang-tsé". Na região do rio Yang-tsé, o golfinho é considerado um símbolo de paz e prosperidade.[16]

Conservação

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Na década de 1950, a população de golfinho-do-yang-tsé era estimada em 6 000 animais,[17] mas esta viria a diminuir rapidamente nas cinco décadas seguintes. Por volta de 1970, restavam apenas algumas centenas de animais. Na década de 1980, o número caiu para quatrocentos indivíduos. Em 1997, para treze indivíduos, quando foi efetuada uma ampla pesquisa. Atualmente, é o cetáceo mais ameaçado do mundo segundo o Guinness World Records. Ele foi visto pela última vez em agosto de 2004, embora tenha sido possivelmente avistado em 2007.[18] É listada como espécie ameaçada pelo governo dos Estados Unidos através do Ato das Espécies Ameaçadas.

Causas do declínio

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A União Internacional para a Conservação da Natureza listou como ameaças para a espécieː o período de caça pelo homem durante o Grande Salto Adiante, aprisionamento em rede de pesca, a prática ilegal de pesca elétrica, colisões com barcos, destruição de habitat e poluição. Estudos posteriores apontaram que a falta de informações sobre a distribuição e a ecologia históricas da espécie, o impacto ambiental da construção da Hidrelétrica das Três Gargantas e o fracasso das ações de proteção à espécie também são ameaças à espécie.[19]

Durante o Grande Salto Adiante, a tradicional veneração pelo golfinho-do-yang-tsé foi denunciada, e o golfinho foi caçado pela sua carne e pele, se tornando rapidamente escasso.[20]

Conforme o país se desenvolveu economicamente, a pressão sobre a espécie aumentou. Resíduos industriais e domésticos foram despejados sobre o rio Yang-tsé. O leito do rio foi dragado e reforçado com concreto em muitos pontos. A navegação fluvial aumentou, os barcos aumentaram de tamanho e os pescadores passaram a empregar redes maiores e mais letais. A poluição sonora fez com que o quase cego animal colidisse com as hélices. As presas do golfinho diminuíram drasticamente em número no final do século XXː algumas populações de peixes chegaram a ser um milésimo dos níveis pré-era industrial.[21]

Muitos motivos vinculados à ação humana (colisões com barcos, construção de represas etc.) que também ameaçam cetáceos de água-doce em outros sistemas hídricos estão implicados no declínio do golfinho-do-yang-tsé. Entretanto, o fator primário provavelmente foi a insustentável captura acidental usando artifícios como rede de emalhar, rede de pesca e pesca elétrica, o que também é a principal causa de mortalidade de pequenos cetáceos no mundo inteiro. Embora existam relativamente poucos dados referentes à mortalidade do golfinho-do-yang-tsé, ao menos a metade de todas as mortes registradas da espécie nos anos 1970 e 1980 foi causada por ganchos móveis e outros artefatos de pesca. Nos anos 1990, a pesca elétrica foi responsável por quarenta por cento das mortes. Ao contrário da maioria das extinções de animais de grande porte na era histórica, o golfinho-do-yang-tsé foi vítima não de perseguição ativa mas de mortalidade acidental resultante de impacto ambiental de larga escala causado por seres humanos, principalmente pesca descontrolada.[22]

Sua extinção apenas reflete o último estágio da progressiva deterioração ecológica da região do rio Yang-tsé. Nos anos 1970 e 1980, aproximadamente metade das mortes de golfinho-do-yang-tsé era atribuída ao aprisionamento em artefatos de pesca. No início dos anos 2000, a pesca elétrica foi considerada "a principal ameaça à sobrevivência do golfinho-do-yang-tsé".[23] Embora ilegal, esta modalidade de pesca é largamente praticada no país. A construção da Hidrelétrica das Três Gargantas reduziu ainda mais o habitat da espécie, além de ter facilitado o aumento da navegação no rio.

Alguns cientistas descobriram que a poluição aumentou a incidência de parasitas no golfinho-do-yang-tsé, o que pode resultar em epizootia, a qual vem causando a morte de milhares de mamíferos marinhos no início do século XXI. Também foram capturados indivíduos com verminose, o que levou os cientistas a acreditar que os parasitas podem ser uma das causas da diminuição populacional da espécie.[24]

Foi notado, entretanto, que o declínio da distribuição geográfica da espécie não está ligado à sua diminuição populacional.[25]

Cronologia

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  • circa século III a.C.: população estimada em 5 000 animais
  • anos 1950: população estimada em 6 000 animais
  • 1958–1962: o Grande Salto Adiante denuncia a veneração ao animal
  • 1970: começa o projeto da represa de Gezhouba
  • 1979: o país declara que a espécie está ameaçada
  • 1983: lei nacional declara que a caça da espécie é ilegal
  • 1984: a situação crítica da espécie alcança as manchetes dos jornais do país[26]
  • 1986: População estimada em 300
  • 1989: Represa de Gezhouba concluída
  • 1990: População estimada em 200
  • 1994: Começa a construção da hidrelétrica de Três Gargantas
  • 1996: a União Internacional para a Conservação da Natureza lista a espécie como espécie em perigo crítico
  • 1997: População estimada em menos de 50 (13 encontrados na pesquisa); um indivíduo foi encontrado morto com 103 feridas abertas[27]
  • 1998: 7 encontrados em pesquisa
  • 2003: a hidrelétrica de Três Gargantas começou a encher seu reservatório de água
  • 2004: o último encontro confirmado
  • 2006: nenhum indivíduo encontrado em pesquisa, declaração de "extinto"
  • 2007: Resultado de pesquisa publicado no jornal Biology Letters.[28]

Pesquisas

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Resultados das pesquisas entre 1979 e 1996 ( * apenas pequeno alcance)[29]
Ano Área da pesquisa Número de quilômetros pesquisados Número de indivíduos avistados Número estimado de indivíduos
1979[30] Wuhan-Chenglingji 230 19
1979[31] Nanjing-Taiyangzhou 170 10
1979–1981[32] Nanjing-Guichi 250 3–6 grupos 400
1978–1985[33] Yichang-Nantong 1600 >20 grupos 156
1985–1986[34] Yichang-Jiangyin 1510 42 grupos 300
1979–1986[35] Fujiangsha-Hukou 630 78–79 100*
1987–1990[36] Yichang-Shanghai 1 669 108 200
1989–1991[37][38] Hukou-Zhenjian 500 29 120
1991–1996[39] Xinchang-Wuhan 413 42 < 10

Esforços de conservação

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Durante os anos 1970, a China reconheceu o estado precário da espécie. O governo, então, tornou ilegal o assassinato deliberado da espécie, restringiu sua pesca e estabeleceu reservas naturais.

Em 1978, a Academia Chinesa de Ciências criou o Centro de Pesquisa do Golfinho de Água-doce, um ramo do Instituto de Hidrobiologia de Wuhan. Nos anos 1980 e 1990, foram feitas várias tentativas para capturar golfinhos e realocá-los em reservas. Um programa de cruzamentos permitiria, então, que a espécie se recuperasse e fosse reintroduzida no rio Yang-tsé depois que as condições deste melhorassem. Entretanto, revelou-se ser difícil capturar a espécie, por esta ser rara e rápida. Poucos cativos sobreviveram mais do que alguns poucos meses.[40]

A primeira organização chinesa de proteção às espécies aquáticas, a Fundação de Conservação do Golfinho Baiji de Wuhan, foi fundada em dezembro de 1996. A organização conseguiu arrecadar 1 383 924,35 iuanes (por volta de 100 000 dólares estadunidenses). Os fundos foram usados para a preservação de células in vitro e para manter as instalações dedicadas à espécie, como o Santuário de Shishou, que foi inundado em 1998.

Desde 1992, cinco áreas protegidas do rio Yang-tsé foram designadas como reservas do golfinho-do-yang-tsé. Quatro foram criadas no canal principal do rio, onde a espécie é ativamente protegida e a pesca é proibida, sendo duas reservas nacionais (Shishou e Xin-Luo) e duas provinciais (Tongling e Zhenjiang). Impor proibição máxima aos métodos de pesca ilegais e dolorosos nas reservas poderia prolongar o processo de extinção desses animais no ambiente selvagem, mas, até agora, as medidas administrativas tomadas nas reservas não impediram a queda acentuada da população da espécie. Enquanto os seres humanos continuam a ocupar o rio e usar os seus recursos naturais, permanece, sem resposta, a questãoː poderia o rio, no futuro, ter condições de voltar a ser o habitat dos golfinhos? Em Shishou, na província de Hubei, e em Tongling, na província de Anhui, as duas reservas seminaturais estabelecidas nessas regiões desejavam criar um ambiente para o golfinho-do-yang-tsé e o boto-do-índico se reproduzirem. Através de manejo cuidadoso, ambas as espécies não apenas sobreviveram, mas também conseguiram se reproduzir, dando alguma esperança de sobrevivência ao golfinho-do-yang-tsé.[41]

A quinta área protegida é um lago em ferradura isolado localizado além do banco norte do rio perto da cidade de Shishouː a Reserva Seminatural da Ferradura Tian-e-Zhou. Combinadas, estas cinco reservas cobrem aproximadamente 350 quilômetros (1/3 da área de ocorrência do golfinho), deixando os restantes 2/3 desprotegidos.[42]

Assim como estas cinco áreas protegidas, também existem cinco "estações de proteção" em Jianli, Chenglingji, Hukou, Wuhu e Zhengjiang. Estas estações consistem em dois observadores e um barco de pesca motorizado com o objetivo de realizar patrulhas diárias, fazer observações e investigar denúncias de pesca ilegal.[42]

Em 2001, o governo chinês aprovou o Plano de Ação de Conservação dos Cetáceos do Rio Yang-tsé. O plano reenfatizava as três medidas identificadas na oficina de 1986 e foi adotada como a política nacional para a conservação da espécie. Apesar de todas as oficinas e convenções, entretanto, pouco dinheiro estava disponível na China para as ações de conservação. Foi estimado que era necessário 1 000 000 de dólares estadunidenses para iniciar o projeto e mantê-lo por três anos.[43]

Esforços para salvar os mamíferos se revelaram pequenos e tardios. August Pfluger, diretor executivo da fundação Baiji.org, disseː "a estratégia do governo chinês era boa, porém não tivemos tempo de pô-la em ação".[44] Além disso, os esforços de conservação foram criticados, pois, mesmo com toda a atenção internacional quanto à conservação do golfinho, o governo chinês não fez nenhum "sério investimento" para proteger a espécie.[45]

Conservação in situ

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A maioria dos cientistas concorda que a melhor linha de ação seria um esforço de conservação ex situ paralelo a um esforço de conservação in situ. A deterioração do rio Yang-tsé teria que ser revertida para poder se preservar o habitat. Projetos ex situ objetivavam fazer crescer uma população que poderia, um dia, ser reintroduzida no rio Yang-tsé.

Conservação ex situ

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Shishou Tian-e-Zhou é um lago em ferradura com 21 quilômetros de comprimento e dois quilômetros de largura localizado perto da cidade de Shishou, na província de Hubei. Ele já foi descrito "como uma miniatura do Yang-tsé... possuindo todos os requerimentos de uma reserva seminatural". Desde a sua designação como reserva nacional em 1992, objetivou-se utilizá-lo para conservação não só do golfinho-do-yang-tsé, mas também do boto-do-índico. Em 1990, os primeiros botos-do-índico foram realocados na reserva. Desde então, estão sobrevivendo e se reproduzindo bem. Em abril de 2005, se sabia que 26 botos-do-índico estavam vivendo na reserva. Um golfinho-do-yang-tsé foi introduzido em dezembro de 1995, mas morreu durante a enchente de 1996. Para lidar com essas enchentes anuais, foi construído um dique entre o rio Yang-tsé e o lago. Desde então, o nível da água é controlado através de uma eclusa no lago. Verificou-se, no entanto, que a qualidade da água do lago piorou com a instalação da eclusa devido à ausência da transferência anual de nutrientes. Aproximadamente 6 700 pessoas vivem na "ilha" formada dentro do lago e, portanto, alguma pesca controlada é permitida.[46]

O sucesso da iniciativa em Shishou com botos-do-índico, aves migratórias e fauna de terras alagadas encorajou a Equipe Local de Manejo de Terras Alagadas a lutar pela inclusão da região na Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional.[47] Também foi observado que a região tem um grande potencial para o ecoturismo, o que poderia gerar a renda necessária para a melhoria da reserva, que, atualmente, não possui a infraestrutura necessária para a atividade.

Espécimes cativos

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Foi construído um delfinário para a conservação do golfinho-do-yang-tsé no Instituto de Hidrobiologia de Wuhan em 1992. Ele foi concebido como um espaço livre de qualquer ameaça, onde o golfinho poderia ser facilmente observado. Ele inclui uma piscina parcialmente coberta e parcialmente ao ar livre, um sistema de filtração de água, espaços para armazenagem e preparo de alimentos, laboratórios de pesquisa e um pequeno museu. A intenção é gerar renda através do turismo, que poderia ser revertida para a conservação do golfinho. As piscinas não são muito grandes (25 metros de arco em forma de rim, 7 metros de largura, 3,5 metros de profundidade. 10 metros de diâmetro, 2 metros de profundidade. 12 metros de diâmetro, 3,5 metros de profundidade) e, portanto, não podem abrigar muitos golfinhos ao mesmo tempo.

Douglas Adams e Mark Carwardine documentaram seus encontros com animais em perigo nas suas viagens de conservação do programa da BBC Last chance to see. Eles viajaram à China, beberam cerveja Baiji e bebida de cola Baiji, se hospedaram no hotel Baiji e usaram papel higiênico Lipotes vexillifer. Eles encontraram balanças Baiji e fertilizantes Baiji. Eles encontraram Qi qi, o deslumbrante golfinho cinza-azulado com bico longo, fino e ligeiramente curvado para cima, barbatana dorsal baixa triangular, nadadeiras largas e pequenos olhos. Qi qi tinha apenas um ano de idade, havia se machucado com anzóis em 1980, havia sido capturado e estava sendo tratado. Nas sete vezes em que Douglas e Mark visitaram o país, eles nunca encontraram um golfinho-do-yang-tsé em ambiente natural.[48] O livro de mesmo nome, publicado em 1990, possuía fotos do macho cativo Qi qi, que viveu no delfinário do Instituto de Hidrobiologia de Wuhan de 1980 a 14 de julho de 2002. Descoberto por um pescador no lago Dongting, ele tornou-se o único residente do delfinário. Uma fêmea sexualmente madura foi capturada no final de 1995, mas morreu após um semestre em 1996, quando a reserva natural Tian-e-Zhou foi inundada.

Detalhes dos baijis cativos[29]
(IHB = Instituto de Hidrobiologia, UNN = Universidade Normal de Nanquim, IPPN = Instituto de Pesquisa de Pesca de Nanquim)
Nome Período de tempo Locação Sexo Condições de criação Tempo de sobrevivência
Qi Qi 12 de janeiro de 1980 – 14 de julho de 2002 IHB M Ao ar livre e coberto, não filtrado 22,5 anos
Rong Rong 22 de abril de 1981 – 3 de fevereiro de 1982 IHB M Outdoor non-filtered 228 dias
Lian Lian 31 de março de 1986 – 14 de junho de 1986 IHB M ao ar livre não filtrado 76 dias
Zhen Zhen 31 de março de 1986 – 27 de setembro de 1988 IHB F ao ar livre, não filtrado 2,5 anos
Su Su 3 de março de 1981 – 20 de março de 1981 UNN F Coberto 17 dias
Jiang Jiang 7 de dezembro de 1981 – 16 de abril de 1982 IPPN M ao ar livre, não filtrado 129 dias

Estado atual

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A agência de notícias Xinhua anunciou, em 4 de dezembro de 2006, que não foi encontrado nenhum golfinho-do-yang-tsé numa busca de seis semanas no rio conduzida por trinta pesquisadores. Isso levantou a suspeita da primeira extinção de um cetáceo por ação humana.[49] Más condições da água e do clima dificultaram a observação,[50] mas os líderes da expedição declararam que a espécie estava "funcionalmente extinta" em 13 de dezembro de 2006, pois a quantidade de indivíduos que estariam vivos seria inferior à necessária para a perpetuação da espécie.[50] Entretanto, foram divulgadas, em agosto de 2007, cenas presumidamente da espécie.[51][2][52][53]

O leão-marinho-japonês e a foca-monge-das-caraíbas desapareceram na década de 1950, tendo sido os últimos mamíferos aquáticos a se extinguirem. Várias espécies e subespécies de mamíferos terrestres desapareceram desde então. Se o golfinho-do-yang-tsé estiver extinto, a vaquita se tornará a espécie mais ameaçada de mamífero marinho.

Alguns cientistas ainda têm esperanças em relação à espécieː

O fato de a expedição não ter visto nenhum golfinho-do-yang-tsé não significa que a espécie está necessariamente extinta ou 'efetivamente extinta', porque a expedição percorreu uma larga extensão em um relativamente curto período de tempo... Entretanto, estamos extremamente preocupados. O rio Yang-tsé está extremamente degradado, e nós localizamos muito menos botos-do-índico do que no passado.
— Wang Limin, diretor do escritório de Wuhan do Fundo Mundial para a Natureza.

Um informe da expedição foi publicado online no jornal Biology Letters em 7 de agosto de 2007. No informe, os autores concluemː "somos forçados a concluir que o golfinho-do-yang-tsé está provavelmente extinto agora, possivelmente em razão da insustentável pesca acidental".[54]

"Testemunha de extinçãoː como falhamos em salvar o golfinho-do-yang-tsé", um registro da pesquisa de 2006 sobre o golfinho, feito por Samuel Turvey, diretor do jornal Biology Letters, foi publicado pela Oxford University Press no outono de 2008. O livro investigou a provável extinção da espécie dentro da perspectiva maior de como e por que os esforços internacionais para salvar a espécie falharam, e se programas de recuperação para outras espécies ameaçadas podem, de modo similar, se deparar com obstáculos administrativos potencialmente desastrosos. Segundo a Sociedade Zoológica de Londres, caso seja confirmada a sua extinção, será o primeiro cetáceo a desaparecer como resultado direto da influência do homem.[53] As causas principais de sua extinção serão a pesca abusiva (uma vez que a região carece de normas que coíbam os abusos da atividade), a navegação excessiva, a poluição e a construção de usinas hidrelétricas (incluindo a Três Gargantas), que afectaram grandemente o seu habitat natural.[2][52][53]

Em 19 agosto de 2007, Zeng Yujiang, um morador de Tongling, filmou, com o seu telemóvel, um grande animal branco nadando no rio Yang-tsé na província de Anhui.[55][2] Em outubro de 2016, várias fontes anunciaram a observação do que pode ter sido um golfinho-do-yang-tsé.[56]

Referências
  1. «Lipotes vexillifer». Lista Vermelha da IUCN. Consultado em 29 de outubro de 2012 
  2. a b c d «Lipotes Vexillifer». Folha de S.Paulo 
  3. Culik, B. (2003). "Lipotes vexillifer, Baiji".
  4. IWC. 2000. Report of the Standing Sub-Committee on Small Cetaceans. IWC/52/4. 52nd Meeting of the International Whaling Commission, Adelaide, Australia.
  5. a b c d Animal info - Baiji. Disponível em https://web.archive.org/web/20061205061354/http://animalinfo.org/species/cetacean/lipovexi.htm. Acesso em 31 de março de 2018.
  6. Nowak, R.M. 1999. Walker's Mammals of the World. 6th Ed. The Johns Hopkins Univ. Press, Baltimore.
  7. Adams, Douglas (1990). Last Chance To See. Harmony Books.
  8. Wei, Chong; Zhang, Yu; Au, Whitlow W. L. (2014-07-01). "Simulation of ultrasound beam formation of baiji (Lipotes vexillifer) with a finite element model". The Journal of the Acoustical Society of America. 136 (1): 423–429.
  9. Reeves, R. R.; Smith, B. D.; Crespo, E. A.; Notarbartolo di Sciara, G., eds. (2003). Dolphins, Whales and Porpoises: 2002–2010 Conservation Action Plan for the World's Cetaceans. IUCN/SSC Cetacean Specialist Group. IUCN, Glad, Switzerland and Cambridge, U.K.
  10. Report of the workshop. Disponível em https://web.archive.org/web/20150402113858/http://www.iucn-csg.org/wp-content/uploads/2010/03/Brauliketal2005.pdf. Acesso em 2 de abril de 2018.
  11. Chinadialogue. Disponível em https://www.chinadialogue.net/article/show/single/en/673-Farewell-to-the-baiji. Acesso em 2 de abril de 2018.
  12. Molecular phylogenetics. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1055790305002083?via%3Dihub. Acesso em 2 de abril de 2018.
  13. Yang, G.; Liu, S.; Ren, W.; Zhou, K.; Wei, F. (2003). "Mitochondrial control region variability of baiji and the Yangtze finless porpoises, two sympatric small cetaceans in the Yangtze river". Acta Therologica. 48 (4): 469–483.
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