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Estradiol

composto químico
Estrutura química de Estradiol
Estradiol
Aviso médico
Nome IUPAC (sistemática)
(8R,9S,13S,14S,17S)-13-methyl-
6,7,8,9,11,12,14,15,16,17-decahydro
cyclopenta[a]phenanthrene-3,17-diol
Identificadores
CAS 50-28-2
ATC G03CA03
PubChem 5757
ChemSpider 5554
Informação química
Fórmula molecular C18H24O2 
Massa molar 272.39
SMILES Oc1ccc2c(CC[C@@H]3[C@@H]2CC[C@]2(C)[C@@H](O)CC[C@@H]32)c1
Farmacocinética
Biodisponibilidade 97-99%
Metabolismo Fígado
Meia-vida ~ 13 horas
Excreção Urina
Considerações terapêuticas
Administração Oral, transdérmico
DL50 ?

Estradiol ou 17β-estradiol é um hormônio sexual e esteroide, o principal hormônio sexual feminino. É importante na regulação do ciclo estral e do ciclo menstrual. O estradiol é essencial para o desenvolvimento e manutenção dos tecidos reprodutivos femininos[1] mas também tem efeitos importantes em muitos outros tecidos, incluindo o ósseo. Enquanto os níveis de estrogênio nos homens são mais baixos em comparação com as mulheres, estrógenos têm funções essenciais em homens também. O estradiol é encontrado na maioria dos vertebrados, bem como muitos crustáceos, insetos, peixes e outras espécies animais.[2][3] O estradiol também apresenta importantes efeitos comportamentais.[4]

Efeitos

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Estradiol e Gravidez

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No momento que a mulher engravida, seu corpo passa por inúmeras alterações hormonais.

Hormônios que antes não eram produzidos passam a ser pelo organismo com o objetivo de oferecer as condições favoráveis para desenvolvimento do bebê no útero.

Algumas outras substâncias que já eram produzidas antes da gestação, passam a existir em maior quantidade no corpo. Dentre os hormônios que são importantes para conseguir engravidar, o estradiol é um dos principais.[5]

Reprodução masculina

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O efeito do estradiol (e estrógenos) sobre a reprodução masculina é complexo. O estradiol é produzido por ação da aromatase, principalmente nas células de Leydig dos testículos dos mamíferos, mas também por algumas células germinativas e células de Sertoli de mamíferos imaturos.[4] Sua função (in vitro) mostrou ser impedir a apoptose das células do sêmen.[6]

Vários estudos têm observado que a contagem de espermatozoides têm diminuído em muitas partes do mundo e a exposição ao estrogênio no meio ambiente tem sido postulada como sendo a causa.[7] A supressão da produção de estradiol em uma subpopulação de homens subférteis mostrou melhorar a análise do sêmen.[8]

Homens com condições genéticas de cromossomos sexuais, como a síndrome de Klinefelter, têm um maior nível de estradiol.[9]

O estradiol tem um efeito profundo sobre os ossos. Indivíduos sem ele (ou outros estrogênios) se tornam altos e eunucoides, já que o fechamento epifisário está atrasado ou inexiste. A estrutura óssea é também afetada, o que resulta em osteoporose e osteopenia precoce.[10] Além disso, mulheres que passaram da menopausa têm uma perda acelerada da massa óssea devido a relativa deficiência de estrogénio.[11]

O papel do estradiol no cancro

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Em termos gerais a relação entre o estradiol e o desenvolvimento de cancro ainda não é um dado adquirido, pois embora muitos estudos venham a ser desenvolvidos ao longo dos anos as conclusões a que chegam não são de forma alguma uniformes, com exceção de alguns tipos de cancro.

Existem estudos que mostram que poderá ter efeitos benéficos[12][13][14] e outros deduzem exatamente o contrário.[15][16][17][18]

Uma explicação para este facto poderá ser os efeitos muito variados que o estradiol poderá provocar, que em uns casos pode ser benéfico e noutros nem tanto. Num estudo acerca do efeito do estradiol em carcinomas da pele foi concluído que que o efeito era positivo devido à prevenção da proliferação e migração obtida nas linhas celulares GLL19 e A375, que são linhas celulares de melanomas, e também foi observado uma redução do nível de MDM2, um conhecido regulador negativo da p53 (proteína supressora de tumores).[19]

O estradiol é um fator importante a ter em conta em cancro do endométrio e ovário, onde 5% das mulheres com menos de 40 anos que desenvolvem este tipo de cancro apresentam tumores dependentes de estrogénio bem diferenciados.[20]

Já quanto aos cancros testiculares e da próstata, mais uma vez os estudos não são conclusivos, com alguns a mostrarem uma associação entre os dois[21][22] e outros sem associação.[23][24]

Embora ainda não completamente comprovado a exposição a estrogénios parece aumentar a predisposição para o desenvolvimento de cancro da próstata. Os elevados níveis de estrogénios em casos de cancro da próstata, alterações nos recetores de estrogénio nas fases mais avançadas deste tipo de neoplasias e estudos que mostram a indução de cancro da próstata em células humanas tratadas com estrogénios e testosterona, são evidências que apoiam a possibilidade dos estrogénios estarem envolvidos no desenvolvimento de cancro.[25]

No que concerne ao cancro da mama as evidências são mais consistentes e apontam o estradiol como um carcinogéneo, no entanto os mecanismos que explicam isso são complexos.

Os metabolitos genotóxicos do estradiol e a sinalização genómica e não genómica mediada pelos recetores de estrogénio afetam a proliferação celular e a apoptose. A extensão pela qual estes dois processos afetam o processo carcinogénico, bem como de que forma os polimorfismos genéticos e fatores ambientais afetam ambos processos ainda necessita de uma maior investigação.[26]

Paradoxalmente o estradiol pode ser usado para tratamento em certos casos, como por exemplo nos casos de cancro da mama metastáticos positivos para o recetor de estrogénio, onde devido a invariavelmente surgirem resistências ao tratamento de bloqueio da ação dos recetores de estrogénio (seja por redução do substrato ou inibição direta) o estradiol é usado em elevadas doses para induzir apoptose pela via extrínseca por aumento do ligando Fas e seu recetor.[27]

O metabolismo oxidativo do estradiol poderá ter uma influência muito marcada no desenvolvimento de cancros devido à possível formação de quinonas que irão interagir com o DNA, formando aductos que por sua vez podem levar à depurinação do DNA.[28] A atividade da enzima catecol-O-metiltransferase (COMT) será muito importante na prevenção destes danos, uma vez que metila os catecóis que são formados através da reação de metabolismo de fase I do estradiol, formando metoxi-catecóis que não são nocivos para o DNA. Sendo assim, indivíduos que expressem variantes da COMT com baixas atividades terão um risco superior de desenvolvimento de cancro, cujas probabilidades podem variar entre 1,7 e 3,0 vezes.[29]

Um fator potencialmente fulcral para explicar o papel do estradiol no desenvolvimento de cancro da mama poderá ser a elevada presença de catecolaminas como epinefrina ou dopamina que também são metiladas pela COMT, podendo levar um excesso de substratos para esta enzima. Devido a este aumento de substratos, pode ocorrer em maior quantidade a formação de quinonas, sendo assim nocivo para o DNA.[30] A relação do estradiol no cancro da mama já está devidamente estabelecida, fruto de todas as evidências já referidas. O mesmo não acontece com os outros tipos de cancro, uma vez que há informações discordantes e menos estudos sobre os mesmos.

Referências
  1. Ryan KJ (agosto de 1982). «Biochemistry of aromatase: significance to female reproductive physiology». Cancer Res. 42 (8 Suppl). pp. 3342s–3344s. PMID 7083198 
  2. Mechoulam R, Brueggemeier RW, Denlinger DL. «Estrogens in insects» (PDF). Cellular and Molecular Life Sciences. 40 (9). pp. 942–944. doi:10.1007/BF01946450 
  3. David R. Idler (1972). Steroids In Nonmammalian Vertebrates. Elsevier. p. 393. ISBN 978-0-323-14098-0.
  4. a b Carreau S, Lambard S, Delalande C, Denis-Galeraud I, Bilinska B, Bourguiba S (2003). «Aromatase expression and role of estrogens in male gonad : a review». Reproductive Biology and Endocrinology. 1. 35 páginas. PMC 155680Acessível livremente . PMID 12747806. doi:10.1186/1477-7827-1-35 
  5. Estradiol - Universo do Bebê
  6. Pentikäinen V, Erkkilä K, Suomalainen L, Parvinen M, Dunkel L (2000). «Estradiol acts as a germ cell survival factor in the human testis in vitro». The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 85 (5). pp. 2057–67. PMID 10843196. doi:10.1210/jc.85.5.2057 
  7. Sharpe RM, Skakkebaek NE (1993). «Are oestrogens involved in falling sperm counts and disorders of the male reproductive tract?». Lancet. 341 (8857). pp. 1392–5. PMID 8098802. doi:10.1016/0140-6736(93)90953-E 
  8. Raman JD, Schlegel PN (2002). «Aromatase inhibitors for male infertility». The Journal of Urology. 167 (2 Pt 1). pp. 624–9. PMID 11792932. doi:10.1016/S0022-5347(01)69099-2 
  9. Visootsak J, Graham JM (2006). «Klinefelter syndrome and other sex chromosomal anueploidies». Orphanet Journal of Rare Diseases. 1 (42). p. 42. PMC 1634840Acessível livremente . PMID 17062147. doi:10.1186/1750-1172-1-42. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  10. Carani C, Qin K, Simoni M, Faustini-Fustini M, Serpente S, Boyd J, Korach KS, Simpson ER (1997). «Effect of testosterone and estradiol in a man with aromatase deficiency». The New England Journal of Medicine. 337 (2). pp. 91–5. PMID 9211678. doi:10.1056/NEJM199707103370204 
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  16. Hackenberg, Reinhard; Turgetto, Inga; Filmer, Angelika; Schulz, Klaus-Dieter (novembro de 1993). «Estrogen and androgen receptor mediated stimulation and inhibition of proliferation by androst-5-ene-3β,17β-diol in human mammary cancer cells». The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology. 46 (5): 597–603. ISSN 0960-0760. doi:10.1016/0960-0760(93)90187-2 
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  18. Pequeux, C.; Raymond-Letron, I.; Blacher, S.; Boudou, F.; Adlanmerini, M.; Fouque, M.-J.; Rochaix, P.; Noel, A.; Foidart, J.-M. (20 de abril de 2012). «Stromal Estrogen Receptor-  Promotes Tumor Growth by Normalizing an Increased Angiogenesis». Cancer Research. 72 (12): 3010–3019. ISSN 0008-5472. doi:10.1158/0008-5472.can-11-3768 
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  20. Kumar, Anita; Banerjee, Antara; Singh, Dipty; Thakur, Gargi; Kasarpalkar, Nandini; Gavali, Shubhangi; Gadkar, Sushama; Madan, Taruna; Mahale, Smita (22 de março de 2018). «Estradiol: A Steroid with Multiple Facets». Hormone and Metabolic Research. 50 (05): 359–374. ISSN 0018-5043. doi:10.1055/s-0044-100920 
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