Dukkha
Dukkha (/ˈduːkə/) (Sânscrito: दुःख; Pali: dukkha),"sofrimento", "dor", "desconforto", insatisfação", "descontentamento" ; lê-se /dúk-kha/, com o h aspirado, como no inglês) é o contrário de sukkha ("bem-aventurança", "prazer", "conforto", "satisfação", "contentamento") é um dos princípios fundamentais do Budismo, Jainismo e Hinduísmo.
É parte da primeira das Quatro Nobres Verdades e uma das Três Marcas da Existência sendo causado pelas nossas emoções perturbadoras, ou nossos estados mentais patológicos, que nos levam a gerar ações negativas e que levam ao sofrimento (Klesha, Três Venenos)[1], e pode referir-se mais especificamente à "insatisfação" ou "desconforto" da existência transitória, que ansiamos ou buscamos quando ignoramos essa transitoriedade. A transitoriedade e insubstancialidade de todos os fenômenos é um fato que pode ou não causar sofrimento, de acordo com essa visão.
Embora o termo dukkha tenha sido frequentemente derivado do prefixo du- ("ruim" ou "difícil") e da raiz kha ("vazio", "buraco"), significando um buraco de eixo mal ajustado de uma carroça ou carruagem que dá " uma jornada muito acidentada", pode na verdade ser derivado de duḥ-stha, um "dis-/mal- + fica/suporta/aguenta-", isto é, "ficar mal, instável", "desequilibrado". [2][3][4]
Descrição
editarA primeira Nobre Verdade proferida por Buda Shakyamuni após sua iluminação é normalmente descrita como "a vida (como experienciamos) é sofrimento", ou "existe sofrimento".
Este sofrimento abarca dos níveis mais sutis aos mais grosseiros de não satisfatoriedade, atrito e desconforto. É uma constatação da angústia humana, que é tomada como base para depois desenvolver o caminho para o fim deste sofrimento.[5]
O Buddha definiu sofrimento como:
Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento. [6]
É preciso ressaltar que a tradução de dukkha simplesmente como 'sofrimento' é considerada incompleta, muitos autores propõem outras traduções alternativas como: insatisfatoriedade, alegria e sofrimento juntos, "estresse" e "o que é difícil de suportar".[7]
Dukkha refere-se a toda experiência condicionada no samsara, sejam nossos momentos infelizes ou até felizes. A razão dos momentos felizes também serem consideradas dukkha é que com a separação daquilo que nos faz felizes também estamos condicionados a sofrer. O Buddha não nega a felicidade desses momentos, mas aponta para uma felicidade maior, que não depende das condições externas e portanto não é frágil como a felicidade mundana.[8]
É necessário enfatizar que todos os vários aspectos de dukkha de fato tem sua origem em causas, o que assim possibilita sua investigação e, portanto, seu término. Ao encontrar as causas-raiz de dukkha e destruí-las, a vida humana pode se tornar feliz e próspera.[9]
Os três tipos de dukkha
editarHá três tipos básicos de dukkha[10] [11]:
- Dukka Dukkata, o dukkha comum da dor, os Devas não experienciam este dukkha.
- Viparinama Dukkata, o dukkha da mudança, se afastar do belo ou se aproximar do feio.
- Sanskara Dukkata, o dukkha intelectual, a tentativa existencial e angustiante de procurar filosofias, ideias, padrões, códigos, regras, dogmas, postulados ou teorias verdadeiras, estéticas, estáveis, eternas, universais, concisas e gerais.
Os seis tipos de dukkha
editarTodos os seres dos seis reinos do samsara passam pelos seis tipos de dukkha que são as consequências de uma mente não iluminada[12]:
- O dukkha das dúvidas e incertezas
- O dukkha de não se conseguir obter tudo o que é desejado
- O dukkha de ter que continuamente mudar de corpo
- O dukkha do nascimento
- O dukkha de subir e descer, melhorar e piorar, alegrar-se e entristecer
- O dukkha da morte
- ↑ HAHN, Thich Nhat (1999). The Heart of the Buddha's Teaching. New York: Broadway books. p. 22
- ↑ MONIER-WILLIANS, Monier (1899). A Sanskrit-English Dictionary (PDF). Londres: Oxford University Press
- ↑ GOLDSTEIN, Joseph (2013). [Goldstein, Joseph (2013), Mindfulness: A Practical Guide to Awakening, Sounds True, Kindle Edition Mindfulness: A Practical Guide to Awakening] Verifique valor
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(ajuda). [S.l.]: Sounds True. ISBN 1622030656, 9781622030651 Verifique|isbn=
(ajuda) - ↑ Analayo, Satipatthana (2003). The Direct Path to Realization. [S.l.]: Windhorse. ISBN 1899579540, 9781899579549 Verifique
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(ajuda) - ↑ http://www.acessoaoinsight.net/caminho_liberdade/dukkha.php
- ↑ http://acessoaoinsight.net/sutta/SNLVI.11.php Dhammacakkapavattana Sutta, primeiro discurso do Buddha após iluminação
- ↑ http://www.accesstoinsight.org/lib/authors/thanissaro/mountains.html
- ↑ http://www.acessoaoinsight.net/caminho_liberdade/nibbana.php descrição da felicidade de Nibbana
- ↑ GYATZO, Tenzim. O Despertar da Visão da Sabedoria. Brasília: Ed Teosófica, 1999.
- ↑ The Great Treatise on the Stages of the Path to Enlightenment: The Lam Rim Chen Mo by Tsong Khapa. Translated by the Lamrim Chenmo Translation Committee. Snow Lion/Shambhala Publications.
- ↑ http://acessoaoinsight.net/sutta/SNLVI.11.php
- ↑ Liberation in the Palm of Your Hand: A Concise Discourse on the Path to Enlightenment by Pabongka Rinpoche / Trijang Rinpoche. Translated by Michael Richards. Wisdom Publications. Click here to download a PDF of 100 pages of excerpts, including the multiple introductions and appendixes, extensive Lamrim outline, and first chapter “Introductory Discourse on the Lamrim”; courtesy of Wisdom Publications. - The official website of the Jangchup Lamrim Teachings by His Holiness the 14th Dalai Lama of Tibet