Digitalis purpurea
A Digitalis purpurea L., comummente chamada dedaleira[1], pelo formato de suas flores que lembram dedais, é uma erva lenhosa ou semilenhosa da família Scrophulariaceae, nativa da Europa.
Dedaleira | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Digitalis purpurea L. | |||||||||||||||
Subespécies e variedades | |||||||||||||||
D. purpurea subsp. purpurea
D. p. subsp. purpurea var. nevadensis D. p. subsp. purpurea var. toletana |
É usada como planta ornamental, com inúmeras variedades hortícolas de flores róseas ou brancas. É excelente para bordaduras e maciços, jardineiras ou vasos. Se impedida de terminar o ciclo através do corte de uma inflorescência murcha, a dedaleira torna a florescer.
Nomes comuns
editarDá ainda pelos seguintes nomes comuns: abeloira[2] (também grafado abeloura[3] e beloura[4]); caçapeiro[5]; digital[6]; erva-dedal[7]; luvas-de-nossa-senhora[8] (não confundir com a Aquilegia vulgaris, que com ela partilha este nome); luvas-de-santa-maria[9], nenas[10], teijeira[11], tróculos[12] (também grafado troques[13]) e caralhotas[14].
Os nomes «troques» e «tróculos» têm origem onomatopaica e são alusivos à prática popular de fazer as flores desta planta estoirarem, fechando-lhes o bocal com os dedos e esmagando o resto da flor com a outra mão, por molde a produzir um baque sonoro.[13]
Uso medicinal
editarA Digoxina é uma potente droga extraída das folhas secas das plantas do gênero Digitalis, comumente das espécies Digitalis purpurea e Digitalis lanata, é um glicosídeo capaz de atuar em diversos problemas do coração, como insuficiência cardíaca congestiva, fibrilação arterial e em alguns casos, arritmia cardíaca.[15] Tradicionalmente foi para o tratamento de ulceras, queimaduras, dores de cabeça e paralisia, foi mencionada em 1250 nas escrituras de médicos galeses, porém somente após os trabalhos de William Withering em 1785 e John Ferriar em 1799 passou a ser utilizada como um medicamento cardíaco.[16] Ainda hoje a Digoxina é utilizada para este fim, sendo considerado um dos fármacos cardíacos mais antigos. No entanto, a janela farmacológica é muito pequena, a dose terapêutica é muito baixa e doses levemente acima podem ser letais, portanto é necessário cautela e conhecimento para seu uso.[17]
A Digoxina, em sua forma pura, é um pó branco e cristalino e pouco solúvel em água, quando ingerido por via oral cerca de 70% é absorvido pelo trato gastrointestinal, após atingir a corrente sanguínea, estima-se que 25% se liga à sero albumina, uma das principais proteínas componentes do plasma sanguíneo, assim é capaz de penetrar diversos tecidos, incluindo as meninges cerebrais e espinhais, atingindo o líquor e também penetra através das barreiras placentárias. Porém é no tecido muscular cardíaco que ocorre a maioria dos seus efeitos, ao atingir o coração a Digoxina se liga a proteínas da bomba de sódio e potássio, que se localizam na membrana das células, desativando-as. Assim ocorre o aumento da concentração de sódio dentro das células, estimulando a liberação de cálcio e assim promovendo a contração das miofibrilhas. O principal efeito desse mecanismo é a diminuição da frequência cardíaca e aumento da força de contração, melhorando a circulação do sangue. Após cerca de 2 a 6 horas ocorre o pico de resposta e depois de 24 horas ocorre a sua total excreção[15]. Em casos de ingestão de doses acima da dose segura alguns dos principais sintomas são náuseas, dor abdominal, diarreia, hipotensão, acidez metabólica.[18]
Genética
editarAs cores das pétalas da Digitalis purpurea são determinadas por pelo menos três genes, que interagem uns com os outros..[19]
O gene dominante M determina a produção de um pigmento roxo, um tipo de antocianina. O gene recessivo m não produz esse pigmento. O gene dominante D é um acentuassomo, que estimula a super expressão do gene M, fazendo com que seja produzida uma grande quantidade de pigmento. O gene recessivo d não estimula essa super produção, fazendo com que apenas uma pequena quantidade de pigmento seja produzida. Por último, o gene W faz com que o pigmento seja depositado apenas em alguns pontos no interior da pétala, enquanto que o gene w permite que a cor apareça por toda a pétala.
Essa combinação leva a uma grande quantidade de possíveis genótipos, mas como há interação gênica, apenas quatro fenótipos são observados:
- M/_; W/_; _/_ = flor branca com pontos roxos;
- m/m; _/_; _/_ = flor branca com pontos amarelados;
- M/_; w/w; d/d = flor roxa clara;
- M/_; w/w; D/_ = flor roxa escura.
- ↑ Infopédia. «dedaleira | Definição ou significado de dedaleira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «abeloira | Definição ou significado de abeloira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «abeloura | Definição ou significado de abeloura no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «beloura | Definição ou significado de beloura no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «caçapeiro | Definição ou significado de caçapeiro no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «digital | Definição ou significado de digital no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «erva-dedal | Definição ou significado de erva-dedal no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «luvas-de-nossa-senhora | Definição ou significado de luvas-de-nossa-senhora no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «luvas-de-santa-maria | Definição ou significado de luvas-de-santa-maria no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «nenas | Definição ou significado de nenas no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «teijeira | Definição ou significado de teijeira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «tróculos | Definição ou significado de tróculos no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ a b Infopédia. «troques | Definição ou significado de troques no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ Infopédia. «caralhota | Definição ou significado de caralhota no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ a b Patocka, Jiri; Nepovimova, Eugenie; Wu, Wenda; Kuca, Kamil (1 de outubro de 2020). «Digoxin: Pharmacology and toxicology—A review». Environmental Toxicology and Pharmacology (em inglês). 103400 páginas. ISSN 1382-6689. doi:10.1016/j.etap.2020.103400. Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑ Goodman & Gilman (1983). The Pharmacological Basis of Therapeutics. 866 Third Avenue, New York, N.Y 1022: McGraw-Hill. p. 637 e 638
- ↑ Advances in Agriculture For Doubling Farmers’ Income. [S.l.]: BFC Publications Pvt. Ltd. 2022. p. Chapter 17. ISBN 978-93-5509-366-0
|nome1=
sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - ↑ Singh, Manjeet; Routledge, Philip A. (março de 2020). «Poisoning by toxic plants and fungi». Medicine (3): 218–219. ISSN 1357-3039. doi:10.1016/j.mpmed.2019.12.020. Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑ Griffiths AJF, Miller JH, Suzuki DT, et al. An Introduction to Genetic Analysis. 7th edition. New York: W. H. Freeman; 2000. Gene interaction in petal color of foxgloves.