Pedro Amigo de Sevilha
Pedro Amigo de Sevilha | |
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Nascimento | século XIII Betanços |
Morte | século XIV |
Cidadania | Espanha |
Ocupação | trovador |
Pedro Amigo de Sevilha (ou Pedr'Amigo) foi um jogral galego, ativo na segunda metade do século XIII na corte do rei castelhano Afonso, o Sábio, em Sevilha.
Julga-se que fosse natural de Betanzos, estando referenciado como cónego das Sés de Oviedo e de Salamanca. O último documento onde surge referenciado é de 1308, pelo que se presume ter falecido após essa data.
Compôs trinta e seis cantigas que figuram nos Cancioneiros da Ajuda, Biblioteca Nacional e da Vaticana, a saber, quatro cantigas de amor, dez de amigo[1], dezoito cantigas de escarnho e maldizer, três tenções e ainda uma pastorela.
Uma das suas cantigas mais famosas é o diálogo entre mãe e filha sobre um pretedente desta, provavelmente um trovador:
- – Dizede, madre, por que me metestes
- en tal prison e por que mi tolhestes
- que non possa meu amigo veer?
- - Porque, filha, des que o vós conhocestes
- nunca punhou ergu’en mi vos tolher.
- E sei, filha, que vos trag’enganada
- con seus cantares, que non valen nada,
- que lhi podia quen quer desfazer.
- - Non dizen, madr’, ess’en cada pousada,
- os que trobar saben ben entender.
- Sacade-me, madre, d’estas paredes
- e veerei meu amigu’e veredes
- que logo me met’en vosso poder.
- - Non vos sacarei d’aquestas paredes,
- nen m’ar venhades tal preito mover,
- ca sei eu ben qual preito vos el trage
- e sodes vós, filha, de tal linhage
- que devía vosso servo seer.
- - Coidades vós, madre, que é tan sage
- que podess’el comigu’esso poer?
- Sacade-me, madre, destas prijões,
- ca non avedes de que vos temer.
- - Filha, ben sei eu vossos corações,
- ca non queren gran pesar atender.[2]
Outra cantiga de amigo bastante conhecida sua é:
- Moiro, amiga, desejando
- meu amigo, e vós no vosso
- mi falades, e non posso
- estar sempre en esto falando.
- Mais queredes falar migo?
- Falemos do meu amigo.
- Queredes que todavia
- eno vosso amigo fale
- vosco e, se non, que me cale,
- e non posso eu cada dia.
- Mais queredes falar migo?
- Falemos do meu amigo.
- Amiga, sempre queredes
- que fale vosco, e falades
- no vosso amigo e cuidades
- que posso eu; non o cuidedes.
- Mais queredes falar migo?
- Falemos do meu amigo.
- Non avedes d'al cuidado
- sol que eu vosco ben diga
- do vosso amigo; e, amiga,
- non posso eu, nem é guisado.
- Mais queredes falar migo?
- Falemos do meu amigo.
Referências
[editar | editar código-fonte]<references>
- Vicente Beltrán, «Pedr'Amigo de Sevilha», ''Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa''. Org. e coord. de Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani, 2.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 2000, pp. 519-520.
- In SPINA, Segismundo. 'A lírica trovadoresca'. São Paulo: EDUSP, 1996, p. 341.
Ver também
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