Nazifascismo
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Nazifascismo é um termo de conjunção entre o fascismo italiano, doutrina totalitária desenvolvida por Benito Mussolini a partir do final da primeira guerra mundial em 1919 e tendo se mobilizado politicamente em 1917[1] associado ao nazismo alemão, em muitos aspectos emulando a primeira, que, embora tendo nascido em 1920, é amplamente utilizado na Alemanha Nazi apenas uma década mais tarde sob regime de Adolf Hitler e do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Fascismo e nazismo
[editar | editar código-fonte]O nazismo é geralmente considerado como uma forma de fascismo, mas o nazismo, em contraste viu o objetivo do estado no serviço de um ideal daquilo que o estado supostamente deveria ser: as suas pessoas, raças, e a engenharia social destes aspectos da cultura com o fim último de uma maior prosperidade possível para eles às custas de todos os outros (ver: Economia do fascismo). O nazi-fascismo também se caracteriza pelo seu virulento anticomunismo[2] e a ênfase na privatização.[3][4][5]
O fascismo de Benito Mussolini continuou fiel à ideologia de que todos estes fatores existiam para servir o estado e que não era necessariamente no interesse do Estado servir ou manipular algumas daquelas características. O único objectivo do governo sob o fascismo era autovalorizar como a maior prioridade da sua cultura, simplesmente sendo o Estado em si, quanto maior a sua dimensão, melhor, pelo que se pode dizer que se tratou de uma Estadolatria (idolatria do estado) governamental. A característica importante do fascismo é o nacionalismo
Enquanto o nazismo era uma ideologia metapolítica, vendo a si mesmo apenas como uma utilidade pela qual uma condição alegórica do seu povo era o seu objectivo, o fascismo era uma forma sinceramente antissocialista de estatismo que existiu por virtude de com fins em si mesmo. O movimento nazista falou da sociedade baseada em classes como o seu inimigo e pretendia unificar o elemento racial acima de classes estabelecidas (ver: Nazismo e raça), enquanto que o movimento fascista tentou preservar o sistema de classes e sustentou-o como a fundação de cultura estabelecida e progressiva (ver: Colaboração de classes).
Este teorema subjacente fez os fascistas e nazistas de então verem-se como parcialmente exclusivos entre si. Hoje, no entanto, esta diferença não é patente na terminologia, mesmo quando usada num contexto histórico.[carece de fontes]
Características do fascismo italiano
[editar | editar código-fonte]Segundo a forma contextualizada de Umberto Eco
[editar | editar código-fonte]Assim Umberto Eco descreve o fascismo italiano:[6]
- O culto da tradição. "Basta olhar para o programa de cada movimento fascista para encontrar os principais pensadores tradicionalistas. A gnose nazista foi nutrida por elementos tradicionalistas, sincretistas [7] e ocultistas."
- A rejeição do modernismo. "O iluminismo, a Era da Razão, é visto como o início da depravação moderna. Nesse sentido, Ur-Fascismo pode ser definido como irracionalismo."
- O culto da ação pela ação. "A ação, sendo bonita em si, deve ser tomada antes, ou sem, qualquer reflexão anterior. Pensar é uma forma de emasculação."
- Desacordo é traição. "O espírito crítico faz distinções, e distinguir é um sinal do modernismo. Na cultura moderna, a comunidade científica elogia o desacordo como uma forma de melhorar o conhecimento".
- Medo da diferença. "O primeiro apelo de um movimento fascista ou prematuramente fascista é um apelo contra os intrusos. Assim, Ur-Fascismo é racista por definição".
- Apelo à frustração social. "Uma das características mais típicas do fascismo histórico foi o apelo a uma classe média frustrada, uma classe que sofre de uma crise econômica ou sentimentos de humilhação política e assustada pela pressão dos grupos sociais mais baixos".
- A obsessão com um enredo. "Os seguidores devem se sentir sitiados. A maneira mais fácil de resolver o enredo é o apelo à xenofobia."
- O inimigo é forte e fraco. "Por uma mudança contínua do foco retórico, os inimigos são ao mesmo tempo demasiado forte e demasiado fraco."
- O pacifismo está trabalhando com o inimigo. "Para um Ur-Fascista não há luta pela vida, mas a vida é vivida pela luta".
- Desprezo pelos fracos. "O elitismo é um aspecto típico de qualquer ideologia reacionária".
- Todo mundo é educado para se tornar um herói. "Na ideologia Ur-Fascista, o heroísmo é a norma. Esse culto ao heroísmo está estritamente ligado ao culto da morte".
- Machismo e armamento. "O machismo implica desdém para as mulheres e intolerância e condenação de hábitos sexuais não padronizados, da castidade à homossexualidade".
- Populismo seletivo. "Há no nosso futuro um populismo de TV ou Internet, no qual a resposta emocional de um grupo selecionado de cidadãos pode ser apresentada e aceita como a Voz do Povo".
- Ur-Fascismo é simplista e proselitista. "Todos os livros didáticos nazistas ou fascistas usavam um vocabulário empobrecido e uma sintaxe elementar, a fim de limitar os instrumentos para o raciocínio complexo e crítico".
Segundo Naomi Wolf
[editar | editar código-fonte]Naomi Wolf descreve o fascismo em sociedades ocidentais inicialmente democráticas:[8]
- Invocar um terrível inimigo interno e externo
- Criar um gulag
- Desenvolver uma casta de bandidos
- Criar um sistema de vigilância interna
- Acossar grupos de cidadãos
- Envolver-se em detenção e liberação arbitrárias
- Criar bodes expiatórios
- Controlar imprensa
- Fazer equivalência entre dissidência e traição
- Colocar as garantias legais em suspenso
Segundo o consenso acadêmico geral
[editar | editar código-fonte]São estes 14 aspectos que gestaram uma influência mais ampla do fascismo italiano no mundo:[9]
- Uso amplo do discurso nacionalista
- Desprezo pelos direitos humanos
- Uso de bodes expiatórios como causas únicas de problemas
- Supremacia do militarismo
- Sexismo exacerbado
- Mídia de massa controlada
- Obsessão com a segurança nacional
- Ligação entre Estado e religião
- Propriedades privadas das grandes empresas protegidas
- Associação de trabalhadores suprimida
- Supressão da intelectualidade e das artes
- Obsessão por crime e castigo
- Corrupção exacerbada
- Eleições fraudulentas
Diferenças entre fascismo e nazismo
[editar | editar código-fonte]Segundo interpretação de Sahid Maluf, em sua obra Teoria Geral do Estado, baseando-se em Pedro Calmon, as diferenças entre o movimento italiano e o alemão seriam:[10]
Fator | Fascismo | Nazismo |
---|---|---|
Moral | clássica: "sonhava com o Império Romano" | romântica: "reaviva as origens germânicas" |
Raça | comunidade de sentimentos | laço de sangue |
Império | tendência política: "fim dominador do Estado" | predominância racial: "destino superior dos arianos" |
Conquista/incorporação (objetivo/explicação) | civilizador-colonial | unitarista da raça germânica |
Essência do movimento | românica | consanguínea |
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ Recruited by MI5: the name's Mussolini. Benito Mussolini
- ↑ Mein Kampf (My Struggle), Traduzido do alemão para o inglês por James Murphy e Abbots Langley (Fredonia Classics, 2003), p. 21
- ↑ Germà Bel (13 de novembro de 2004). «Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany» (PDF). Universidade de Barcelona (em inglês). IREA. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ Germà Bel. «THE FIRST PRIVATIZATION: SELLING SOEs AND PRIVATIZING PUBLIC MONOPOLIES IN FASCIST ITALY (1922-1925)» (PDF). Universitat de Barcelona (GiM-IREA) & Barcelona Graduate School of Economics (em inglês). CAMBRIDGE ECONOMIC JOURNAL. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ GERMÀ BEL (13 de novembro de 2004). «FROM PUBLIC TO PRIVATE: PRIVATIZATION IN 1920'S FASCIST ITALY» (PDF). ROBERT SCHUMAN CENTRE FOR ADVANCED STUDIES (em inglês). European University Institute. Consultado em 30 de março de 2014
- ↑ Umberto Eco Makes a List of the 14 Common Features of Fascism
- ↑ Emilio Gentile, estudioso do fascismo, define-o como um sincretismo ideológico.
1: - Freeden, Tower Sargent, Marc Stears, Michael, Lyman, Marc (2013). The Oxford Handbook of Political Ideologies. [S.l.]: Oxford University Press, pág. 475 (em inglês) ISBN 9780199585977
2: - Bar-On, Tamir (2007). Where Have All the Fascists Gone?. [S.l.]: Ashgate Publishing, pág. 99 (em inglês) ISBN 9780754671541
Adicionado em 8 de julho de 2019. - ↑ Fascist America, in 10 easy steps
- ↑ Facism Anyone?
- ↑ MALUF, Sahif (1999). NETO, Miguel Alfredo Malufe, ed. Teoria Geral do Estado 25 ed. São Paulo: Saraiva. p. 147
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- THE RISE AND FALL OF THE THIRD REICHWilliam L. Shirer
- PAXTON, Robert O. A ANATOMIA DO FASCISMO. São Paulo: Paz e Terra, 2007, 420 p. 1 Tradução de Patrícia Zimbes e Paula Zimbes.