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Mercury-Atlas 10

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mercury-Atlas 10
Informações da missão
Sinal de chamada Freedom 7 II
Operadora NASA
Foguete Atlas LV-3B 144-D
Espaçonave Mercury No.15B
Astronautas Alan Shepard
Base de lançamento Complexo 14,
Estação da Força Aérea
de Cabo Canaveral
Início 1963 (cancelada)
Cabo Canaveral, Flórida,
 Estados Unidos
Duração 3 dias
Imagem da tripulação
Shepard
Shepard

A Mercury-Atlas 10 (MA-10) foi um voo espacial tripulado cancelado que seria a sétima e última missão do Projeto Mercury. Ela foi originalmente planejada para ser lançada em 1963, com o astronauta Alan Shepard passando três dias no espaço a bordo da espaçonave que ele nomeou de Freedom 7 II. Entretanto, esta missão foi cancelada depois do sucesso da Mercury-Atlas 9 em maio de 1963 a fim de permitir que a NASA focasse seus esforços no Projeto Gemini.

O planejamento da Mercury-Atlas 10 (MA-10) começou em meados de 1961, antes mesmo dos Estados Unidos terem realizado um único voo orbital. Originalmente seria uma missão de um dia de duração, lançada pelo foguete Atlas LV-3B 144-D e usando a espaçonave Mercury No.15.[1] A espaçonave foi depois modificada e redesignada 15A, sendo entregue em Cabo Canaveral no dia 16 de novembro de 1962;[2] foi redesignada 15B em janeiro de 1963 e preparada como reserva da Mercury-Atlas 9 (MA-9).[3] Nesse momento a NASA não estava se comprometendo se realmente haveria um voo orbital depois da MA-9.[4]

Começou-se a especular depois da Mercury-Atlas 8 em outubro de 1962 sobre a possibilidade da MA-10 voar como uma "missão dual". Nesta, a MA-10 e uma outra missão nova seriam lançadas em datas próximas e voariam em proximidade de forma coordenada, semelhante às missões Vostok 3 e Vostok 4 feitas pela União Soviética em agosto de 1962.[5]

A missão continuou a ser planejada com uma duração de um dia até pelo menos o final de 1962,[6] com o plano sendo modificado no início do ano seguinte para um voo de aproximadamente três dias.[7] A missão seria voada pelo astronauta Alan Shepard, o reserva da MA-9 e que anteriormente tinha sido o piloto da missão sub-orbital Mercury-Redstone 3 (MR-3) em maio de 1961. Shepard havia nomeado sua espaçonave da MR-3 como Freedom 7, assim resolveu nomear a nave em que voaria a MA-10 de Freedom 7 II, tendo chegado inclusive a pintar o nome na lateral da capsula espacial.[8]

Dentre os experimentos que seriam colocados na MA-10 estava um de comunicação na reentrada, que envolveria jogar água na bainha de plasma ao redor da espaçonave durante a reentrada na atmosfera, na esperança de que isso poderia romper a bainha e assim permitir comunicações de rádio com o solo. Este experimento depois foi realizado na Gemini III.[9]

A Freedom 7 II em exibição no Centro Steven F. Udvar-Hazy

A NASA começou em meados de abril de 1962 a se referir a MA-9 como a "culminação" do Projeto Mercury,[10] com a agência declarando publicamente em 11 de maio que seria "absolutamente fora de questão" o voo da MA-10 caso a MA-9 fosse bem sucedida.[7] Robert Seamans, Administrador Adjunto da NASA, foi perguntado em 19 de maio na conferência de imprensa pós-voo da MA-9 sobre a possibilidade de uma quinta missão orbital do Projeto Mercury e a descreveu como "altamente improvável". Três dias depois o presidente John F. Kennedy foi perguntado algo semelhante, porém afirmou que era uma decisão a ser tomada apenas pela NASA.[11]

Reuniões feitas nos dias 6 e 7 de junho debateram a possibilidade da realização da MA-10. O principal argumento a favor era que a missão adquiriria informações e dados úteis para o Projeto Gemini e Programa Apollo sem a necessidade de grande investimento, pois a espaçonave e foguete estavam disponíveis e quase aptos para voar.[12] Pressão a favor da missão também veio de oficiais da NASA e dos próprios astronautas.[7] Os trabalhos na capsula espacial 15B continuaram até 8 de junho, porém quatro dias depois James Webb, o Administrador da NASA, afirmou publicamente diante do Comitê Espacial do Senado que não haveriam outros voos Mercury. Todos os trabalhos cessaram e pessoal e recursos foram transferidos para Gemini e Apollo.[13] A Freedom 7 II foi deixada em um armazém e depois colocada em exibição no Centro de Pesquisa Ames até ser transferida para o Centro Steven F. Udvar-Hazy.[14]

Referências
  1. Grimwood 1963, p. 146
  2. Grimwood 1963, p. 177
  3. Grimwood 1963, p. 180
  4. Grimwood 1963, p. 181
  5. «U.S. Now Has Capability for Twin Space Shot». The Science News-Letter. 82 (16): 254. 20 de outubro de 1962. JSTOR 3944968 
  6. «Mercury Spacecraft No. 15A Configuration Specification (Mercury-Atlas No. 10)». St. Louis: McDonnell Aircraft Corporation. 26 de novembro de 1962. 6603-15A 
  7. a b c Swenson, Grimwood & Alexander 1966, p. 492
  8. Gray, Tara (1998). «Alan B. Shepard, Jr.». NASA. Consultado em 8 de março de 2019. Arquivado do original em 3 de novembro de 2004 
  9. Hacker & Grimwood 1977, p. 231
  10. Grimwood 1963, p. 188
  11. Grimwood 1963, p. 194
  12. Grimwood 1963, pp. 195–196
  13. Grimwood 1963, p. 196
  14. «Mercury Capsule 15B, Freedom 7 II». Centro Steven F. Udvar-Hazy. Consultado em 25 de dezembro de 2019 
  • Grimwood, James M. (1963). Project Mercury: A Chronology. Houston: NASA. SP-4001 
  • Hacker, Barton C.; Grimwood, James M. (1977). On the Shoulders of Titans: A History of Project Gemini. Col: The NASA History Series. Washington, D.C.: NASA Public Affairs Office. OCLC 44375394. SP-4203 
  • Swenson, Loyd S., Jr.; Grimwood, James M.; Alexander, Charles C. (1966). This New Ocean: A History of Project Mercury. Col: The NASA History Series. Washington, D.C.: NASA. OCLC 569889 
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