Fenomenologia (psicologia)
Fenomenologia é o estudo da experiência subjetiva de consciência, que tem suas raízes na obra filosófica de Edmund Husserl. Fenomenólogos pioneiros, como Husserl, Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty conduziram suas próprias investigações psicológicas no início do século XX. O trabalho destes fenomenólogos mais tarde influenciou pelo menos dois campos principais da psicologia contemporânea: uma abordagem psicológica fenomenológica da "Escola de Duquesne" , Amedeo Giorgi, Jonathan Smith, Frederick Wertz, Steinar Kvale, Wolfgang Köhler e outros (Análise Fenomenológica Interpretativa), e as abordagens experimentais associadas com Francisco Varela, Gallagher, Thompson, e outros (tese da mente incorporada). Psicólogos fenomenológicos também figuraram com destaque na história do movimento da psicologia humanista.
O sujeito da experiência pode ser considerada como a pessoa ou o eu-próprio, para fins de conveniência. Na filosofia fenomenológica (e em particular na obra de Husserl, Heidegger e Merleau-Ponty), "experiência" é um conceito muito mais complexo do que geralmente utilizado diariamente. Em vez disso, a experiência (ou o ser, ou a própria existência) é um fenômeno em-relação-a-algo e é definida pelas qualidades de direcionamento, mundanismo concretização, e, que são evocados pelo termo "ser-no-mundo ".
A qualidade ou a natureza de uma dada experiência é muitas vezes referida pelo termo qualia, cujo arquétipo exemplar é a vermelhidão. Por exemplo, poderíamos perguntar: "Será que minha experiência de vermelhidão é a mesma que a sua?" Conquanto seja difícil responder a essa pergunta de qualquer maneira concreta, o conceito de intersubjetividade é frequentemente utilizado como um mecanismo para entender como é que os seres humanos são capazes de sentir empatia com experiências uns dos outros, e de fato se engajar em comunicação significativa sobre elas. A formulação fenomenológica do Ser-no-mundo, onde a pessoa e o mundo são mutuamente constitutivas, é central aqui.
Dificuldades em considerar fenômenos subjetivos
[editar | editar código-fonte]A filosofia psicológica predominante antes do final do século XIX confiava muito na introspecção. As especulações sobre a mente com base para essas observações foram criticadas pelos pioneiros defensores de uma abordagem mais científica da psicologia, como William James e os behavioristas Edward Thorndike, Clark Hull, John B. Watson, and B. F. Skinner. No entanto, nem todos concordam que a introspecção é intrinsecamente problemática, como é o caso de Francisco Varela, que treinou participantes experimentais na estruturada "introspecção" da redução fenomenológica.[1]
No início dos anos 1970, Amedeo Giorgi aplicou a teoria fenomenológica ao desenvolvimento do seu Método Fenomenológico Descritivo em Psicologia, a fim de superar certos problemas que ele percebeu, a partir de seu trabalho em psicofísica, abordando fenômenos subjetivos do quadro hipotético-dedutivo tradicional das ciências naturais. Giorgi esperava usar o que aprendera com sua formação em ciências naturais para desenvolver um método rigoroso de pesquisa qualitativa. Giorgi descreveu assim todo o seu projeto: "[A psicologia fenomenológica] não se parece com as ciências naturais... porque ela [sic] [lida com] experiências humanas e fenômenos humanos. [No entanto] quero ter certeza de que nosso critério é esse: que todo cientista natural terá que respeitar o nosso método. Eu não estou apenas tentando satisfazer os clínicos, ou terapeutas, ou humanistas, estou tentando satisfazer o critério mais severo - cientistas naturais... porque eu antecipo que alguns dia, quando a pesquisa qualitativa se desenvolver e ficar forte, as pessoas das ciências naturais vão criticá-la. E eu quero ser capaz de levantar e dizer: 'Vá em frente, critique - mas você não encontrará nenhuma falha aqui'."[2]
Os filósofos há muito tempo enfrentam o problema da "qualia". Poucos filósofos acreditam que é possível ter certeza de que a experiência de uma pessoa com a "vermelhidão" de um objeto é a mesma que a de outra pessoa, mesmo se ambas as pessoas tivessem histórias genéticas e experienciais idênticas. A princípio, a mesma dificuldade surge nos sentimentos (a experiência subjetiva da emoção), na experiência do esforço, e especialmente no "significado" dos conceitos. Como resultado, muitos psicólogos qualitativos têm reivindicado que a pesquisa fenomenológica é essencialmente uma questão de "construção de significado" e, portanto, uma questão a ser inquirido por abordagens interpretativas.[3][4]
- ↑ Varela, F.J. (1996). Neurophenomenology: a methodological remedy to the hard problem. Journal of Consciousness Studies, 3330-350.
- ↑ «Amedeo Giorgi: A Life in Phenomenology - PhenomenologyBlog». phenomenologyblog.com. Consultado em 24 de abril de 2018. Cópia arquivada em 23 de outubro de 2017
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
<ref>
inválida; não foi fornecido texto para as refs de nomeLangdridge, D. 2006
- ↑ Seidner, Stanley S. (1989). "Köhler's Dilemma", In Issues of Language Assessment. vol 3. Ed., Stanley S.Seidner. Springfield, Il.: State Board of Education. pp. 5–6.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Fluxo de consciência (psicologia)
- Alteridade
- Associacionismo
- Associação de Idéias
- Ideologia, Preconceito
- Combs, Arthur W. and Snygg, Donald (1949), Individual Behavior: A New Frame of Reference for Psychology. New York, Harper & Brothers.