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Braconidae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaBraconidae

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Subordem: Apocrita
Superfamília: Ichneumonoidea
Família: Braconidae
Latrelle, 1829
Subfamílias
47, ver texto

Braconidae é uma grande família de vespas parasitas, ou seja, de insetos voadores da ordem Hymenoptera, pertencente à superfamília Ichneumonoidea. São normalmente pequenas vespas que podem ser encontradas em quase qualquer ambiente natural fora dos polos gelados, geralmente mais vistas pousadas sobre a vegetação, na busca por seus hospedeiros. Apresentam grande diversidade de cores (normalmente pretas, marrons ou amarelo-alaranjadas) e de hábitos de vida, refletidos por sua grande diversidade de espécies e de hospedeiros.[1]

Morfologia e taxonomia

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Caracterizam-se pelo seguinte conjunto de caracteres morfológicos:

Na cabeça: mandíbulas geralmente bem desenvolvidas com dois dentes , raramente unidentadas ou com 3 a 7 dentes (exodontes); antenas normalmente com mais de 15 segmentos. Nas asas: asas anteriores sem a veia 2m-cu, mas com a veia Rs+M presente, de modo que as células 1M e 1R1 estão quase sempre separadas; asas posteriores com a veia 1r-m embaixo da bifurcação entre as veias R1 e Rs. No abdômen: tergitos metassomais 2 e 3 fusionados, de modo a aparecerem dois espiráculos no segundo tergito do metassoma.

Algumas poucas espécies apresentam asas curtas ou ausentes. Algumas linhagens deste grupo têm sido estudadas pela morfologia larval[2], principalmente do primeiro ínstar[3]

Esta família de vespas é uma das mais diversas conhecidas na Natureza, contando formalmente com cerca de 17 mil espécies conhecidas, além de muitas milhares estimadas (pelo menos umas 40 mil) ainda por serem descritas.[4] As espécies estão agrupadas em 47 subfamílias, e mais de mil géneros.[5] Existem estimativas de existam entre 30 e 50 mil espécies viventes, significando que ainda há muito o que ser descoberto neste táxon.[4] No Brasil, estão atualmente catalogadas cerca de 1060 espécies, pertencentes a 231 gêneros[6].

A estabilidade taxonômica das subfamílias oscila a cada revisão dos grupos, e mesmo algumas já foram movidas de outras linhas como Ichneumonidae e mesmo Gasteruptiidae, e vice versa, ao longo das décadas passadas. A maioria dos autores consideram a existência de 30 subfamílias em Braconidae.

São vespas de porte relativamente pequeno a médio (medindo de 1 a 30 mm, excluindo-se o ovipositor), com grande diversidade de formas, cores e tamanhos, refletido no número de espécies e da diversidade dos seus hábitos de vida[7]. A grande maioria destas vespas são parasitoides que alimentam-se enquanto larvas dos estágios imaturos de outros insetos, mas algumas linhagens desenvolveram hábitos fitófagos de forma independente. Alguns destes grupos parasitoides atacam outras vespas ancestrais (do agrupamento "Symphyta"); muitas destas linhagens são de desenvolvimento "gregário", significando que os hospedeiros recebem muitos embriões parasitas dando origem a diversas vespas adultas. Hiperparasitismo é raro neste grupo. Geralmente, o desenvolvimento larval passa por 4 mudas de "pele", dando em cinco ínstares larvais até finalmente a pupação, ainda associada ou dentro do hospedeiro.[8]

Por conta de seus hábitos de desenvolvimento parasíticos, discutidos mais a fundo na próxima sessão, muitas espécies são estudadas como agentes de Controle Biológico de espécies de outros insetos que são consideradas como pragas agrícolas[9]. Também por conta de densidade e diversidade suas íntimas associações com invertebrados de diferentes nichos ecológicos, existem estudos acerca da sua utilização como indicadores ambientais de riqueza e saúde dos ecossistemas.

A maioria dos Braconidae são parasitoides internos ou externos em outros insetos, especialmente das fases larvais de Coleoptera, Diptera[10] e Lepidoptera[11][12]. Algumas espécies podem também parasitar ordens de insetos hemimetábolos, como pulgões[13], percevejos (Heteroptera)[14] , vespas serra ( agrupamento "Symphyta") ou Embiidina[15]. O parasitismo de insetos adultos (em especial, Hemiptera e Coleoptera) é mais observado na subfamilia Euphorinae.

As espécies endoparasitoides muitas vezes apresentam elaboradas adaptações fisiológicas para favorecer a sobrevivência e desenvolvimento de suas larvas nos hospedeiros, tais como a incorporação hereditária de vírus endossimbiontes que, ao serem injetados com toxinas de veneno, atingem as defesas imunitárias de seu hospedeiro[16]. Estes vírus suprimem o sistema imunológico e permitem que o parasitoide cresça dentro do hospedeiro.

Por conta de seus hábitos de vida parasitas de outros insetos, muitas espécies de Braconidae são estudadas ou aplicadas como agentes de Controle Biológico.[17] Por exemplo, a vespa braconídea Cotesia glomerata é amplamente utilizada no controle de lagartas em plantações[18], sendo seu uso no Brasil no controle da broca da cana considerado como atualmente o maior programa de Controle Biológico do mundo. Outras espécies largamente estudadas incluem Cotesia flavipes,[19] Diachasmimorpha longicaudata (no controle de moscas das frutas) e Bracon hebetor (no controle de traças de grãos armazenados)[20].

Alguns membros de duas outras subfamílias (Mesostoinae e Doryctinae) são conhecidos por formar galhas em plantas.[21][22][23]

Referências
  1. Gadelha, Sian de Souza; Penteado-Dias, Angelica Maria; Silva, Alexandre de Almeida e (dezembro de 2012). «Diversity of Braconidae (Insecta, Hymenoptera) of the Parque Natural Municipal de Porto Velho, Rondonia, Brazil». Revista Brasileira de Entomologia (em inglês): 468–472. ISSN 1806-9665. doi:10.1590/S0085-56262012000400011. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  2. Pinheiro, Daniela O.; Rossi, Guilherme D.; Cônsoli, Fernando L. (2010). «External morphology of Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) during larval development». Zoologia (Curitiba) (em inglês): 986–992. ISSN 1984-4670. doi:10.1590/S1984-46702010000600022. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  3. O'Donnell, D. J. (abril de 1989). «A morphological and taxonomic study of first instar larvae of Aphidiinae (Hymenoptera: Braconidae)». Systematic Entomology (em inglês) (2): 197–219. ISSN 0307-6970. doi:10.1111/j.1365-3113.1989.tb00277.x. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  4. a b Jones, O. R., et al. (2009). Using taxonomic revision data to estimate the geographic and taxonomic distribution of undescribed species richness in the Braconidae (Hymenoptera: Ichneumonoidea). Insect Conservation and Diversity 2(3), 204-12.
  5. Beyarslan, A. and M. Aydogdu. (2013). Additions to the rare species of Braconidae fauna (Hymenoptera: Braconidae) from Turkey. Mun Ent Zool 8(1) 369-74.
  6. «Lista do Brasil». fauna.jbrj.gov.br. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  7. Cauich-Kumul, Roger; Delfín-González, Hugo; Martín-Park, Abdiel; Manrique-Saide, Pablo; López-Martínez, Víctor (31 de dezembro de 2018). «Beta diversity of four braconid subfamilies (Braconidae, Agathidinae, Braconinae, Doryctinae and Macrocentrinae) of the Ria Lagartos Biosphere reserve in Yucatan, Mexico, with some considerations on biological habits». Journal of Hymenoptera Research (em inglês): 63–83. ISSN 1314-2607. doi:10.3897/jhr.67.28982. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  8. Muratori, Frédéric; Lannic, Jo Le; Nénon, Jean-Pierre; Hance, Thierry (abril de 2004). «Larval morphology and development of». The Canadian Entomologist (em inglês) (2): 169–180. ISSN 1918-3240. doi:10.4039/n03-057. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  9. Paranhos, Beatriz Jordão; Nava, Dori Edson; Malavasi, Aldo (2019). «Biological control of fruit flies in Brazil». Pesquisa Agropecuária Brasileira. ISSN 1678-3921. doi:10.1590/s1678-3921.pab2019.v54.26037. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  10. «Doryctobracon areolatus (Hymenoptera: Braconidae) associado a Anastrepha coronilli (Diptera: Tephritidae) em goiaba-de-antavermelha (Bellucia imperialis, Melastomataceae) no estado do Amapá, Brasil. - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  11. Pezzini, Cleder; Zilch, Kássia Cristina Freire; Jahnke, Simone Mundstock; Köhler, Andreas (13 de fevereiro de 2023). «Effect of Habrobracon hebetor (Hymenoptera: Braconidae) Release on Moth Infestation in Stored Tobacco». Brazilian Archives of Biology and Technology (em inglês): e23220278. ISSN 1516-8913. doi:10.1590/1678-4324-2023220278. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  12. Wharton, R A (janeiro de 1993). «Bionomics of the Braconidae». Annual Review of Entomology (em inglês) (1): 121–143. ISSN 0066-4170. doi:10.1146/annurev.en.38.010193.001005. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  13. «Vespa, Aphidius spp. (Hymenoptera: Braconidae) — Panorama Fitossanitário». panorama.cnpms.embrapa.br. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  14. Lim, K. P.; Stewart, R. K. (agosto de 1976). «LABORATORY STUDIES ON». The Canadian Entomologist (em inglês) (8): 815–821. ISSN 1918-3240. doi:10.4039/Ent108815-8. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  15. Cauich-Kumul, Roger; Delfín-González, Hugo; Martín-Park, Abdiel; Manrique-Saide, Pablo; López-Martínez, Víctor (31 de dezembro de 2018). «Beta diversity of four braconid subfamilies (Braconidae, Agathidinae, Braconinae, Doryctinae and Macrocentrinae) of the Ria Lagartos Biosphere reserve in Yucatan, Mexico, with some considerations on biological habits». Journal of Hymenoptera Research (em inglês): 63–83. ISSN 1314-2607. doi:10.3897/jhr.67.28982. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  16. Suzuki, M.; Tanaka, T. (junho de 2006). «Virus-like particles in venom of Meteorus pulchricornis induce host hemocyte apoptosis». Journal of Insect Physiology (6): 602–613. ISSN 0022-1910. PMID 16712867. doi:10.1016/j.jinsphys.2006.02.009. Consultado em 12 de agosto de 2023 
  17. Domingues, Ricardo Ferreira (22 de agosto de 2022). «Temperatura no potencial de Aphidius platensis (Brèthes) (Hymenoptera: Braconidae, Aphidiinae) para o controle biológico de Melanaphis sorghi (Theobald) (Hemiptera: Aphididae)». doi:10.14393/ufu.di.2022.488. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  18. Pizzatto, Mariana; Pietrowski, Vanda; Alves, Luis Francisco Angeli; Rheinheimer, Ana Raquel (2016). «Adequação do hospedeiro e parâmetros relacionados à aptidão de Cotesia glomerata L. (Hymenoptera: Braconidae) em diferentes ínstares de Ascia monuste orseis Godart (Lepidoptera: Pieridae)». Arquivos do Instituto Biológico (0). ISSN 1808-1657. doi:10.1590/1808-1657001232013. Consultado em 13 de agosto de 2023 
  19. «Liberação do parasitoide Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) em Diatraea saccharalis (Lepidoptera: Crambidae) na cana-de-açúcar. - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 13 de agosto de 2023 
  20. Magro, Sandra Regina; Parra, José Roberto Postali (dezembro de 2001). «Biologia do ectoparasitóide Bracon hebetor Say, 1857 (Hymenoptera: Braconidae) em sete espécies de lepidópteros». Scientia Agricola: 693–698. ISSN 1678-992X. doi:10.1590/S0103-90162001000400007. Consultado em 13 de agosto de 2023 
  21. Martinez, Juan J.; Zaldivar‐Riverón, Alejandro; Sáez, Alberto G. (1 de novembro de 2008). «Reclassification of Bracon mendocinus , a gall‐associated doryctine wasp, and description of a new closely related species of Allorhogas (Hymenoptera: Braconidae)». Journal of Natural History (em inglês) (41-42): 2689–2701. ISSN 0022-2933. doi:10.1080/00222930802354134. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  22. Zaldivar-Riverón, Alejandro; Belokobylskij, Sergey A.; León-Regagnon, Virginia; Martínez, Juan José; Briceño, Rosa; Quicke, Donald L. J. (1 de setembro de 2007). «A single origin of gall association in a group of parasitic wasps with disparate morphologies». Molecular Phylogenetics and Evolution (3): 981–992. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2007.05.016. Consultado em 22 de novembro de 2024 
  23. Ronquist, Fredrik; Nieves-Aldrey, José-Luis; Buffington, Matthew L.; Liu, Zhiwei; Liljeblad, Johan; Nylander, Johan A. A. (20 de mai. de 2015). «Phylogeny, Evolution and Classification of Gall Wasps: The Plot Thickens». PLOS ONE (em inglês) (5): e0123301. ISSN 1932-6203. PMC PMC4439057Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 25993346. doi:10.1371/journal.pone.0123301. Consultado em 22 de novembro de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)

Ligações externas

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